Entre conteúdos originais e reaproveitados (ou mesmo ressuscitados), a Netflix está sempre a testar a nossa resistência ao chamamento do binge watching. Títulos como Gambito de Dama, Ozark, Stranger Things ou The Crown são um espelho do melhor que a plataforma consegue produzir. Outros, como Breaking Bad e Arrested Development, são óptimos exemplos de como levar audiência ao seu moinho (o streaming) por meios comprovados. A apontar-lhe alguma coisa, será a oscilação de conteúdos: estamos sempre na vertigem de ver a nossa série favorita desaparecer do catálogo. Por isso, não perca tempo: prepare-se para uma maratona e siga estas sugestões das melhores séries para ver na Netflix.
★★★★☆
Paul Finchley (Robbie Coltrane) é um cómico inglês com décadas de trabalho e uma das metades de um bem-amado duo, um “tesouro nacional” vivo. E está semi-reformado quando várias mulheres o vêm acusar de violação nos anos 90. Paul é um sátiro. Sempre enganou a mulher, Marie (Julie Walters), embora o casal tenha um pacto e ela lhe perdoe as infidelidades. Mas nega, chocado e com veemência, ser um violador. Paul e Marie têm só uma filha, a perturbada Dee (Andrea Riseborough), cuja toxicodependência lhe arruinou o casamento e que está em reabilitação.
Apesar da actualidade do tema, National Treasure (Filmin) é tratado pelo argumentista Jack Thorne e pelo realizador Marc Munden como um policial de suspense cruzado de drama de tribunal, em vez de um panfleto simplista. A série recusa o preto e branco moral e de enredo, e move-se por zonas cinzentas. Será Paul, apesar dos seus defeitos confessos, uma vítima? Ou um monstro dissimulado? Poderá ele ter molestado a filha e ser culpado pela situação desta? E Marie e Dee acreditam na sua inocência? Coltrane e Walters deslumbram com o seu underacting nesta série que mostra como a ficção televisiva pode dar a melhor, mais densa e crispada expressão dramática a um tema delicado e que apelava ao sensacionalismo grosseiro.