Entre conteúdos originais e reaproveitados (ou mesmo ressuscitados), a Netflix está sempre a testar a nossa resistência ao chamamento do binge watching. Títulos como Gambito de Dama, Ozark, Stranger Things ou The Crown são um espelho do melhor que a plataforma consegue produzir. Outros, como Breaking Bad e Arrested Development, são óptimos exemplos de como levar audiência ao seu moinho (o streaming) por meios comprovados. A apontar-lhe alguma coisa, será a oscilação de conteúdos: estamos sempre na vertigem de ver a nossa série favorita desaparecer do catálogo. Por isso, não perca tempo: prepare-se para uma maratona e siga estas sugestões das melhores séries para ver na Netflix.
★★☆☆☆
Publicado em 1932, o romance Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, passa-se numa distopia de segurança e felicidade, uma sociedade totalitária tecnológica e cientificamente avançada, baseada na manipulação genética e rigidamente estratificada, onde as liberdades individuais e os conflitos e tensões sociais foram eliminados, tal como a família, o casamento, a privacidade e a monogamia. Com este livro, Huxley avisava contra o comunismo e o seu controlo férreo e repressivo do todo social pelo Estado, e contra os excessos das sociedades abertas e de massas, em acelerada evolução económica e tecnológica.
A nova adaptação de Admirável Mundo Novo (HBO) é a terceira para televisão e, apesar de respeitar algumas das principais características do mundo futuro criado por Huxley, sacrifica bastante na fidelidade à história (por exemplo, as Terras Selvagens e os acontecimentos que se dão nelas estão radicalmente alterados para que haja sequências de acção), e modifica ou elimina personagens, acabando por a descaracterizar. Os actores, na sua maioria insonsos, também não ajudam. Quem nunca leu o livro de Huxley poderá gostar. Quem o conhece, preferirá a versão de 1980, que não tinha efeitos digitais mas era-lhe muito mais fiel. E tinha actores como Bud Cort e Keir Dullea.