Entre conteúdos originais e reaproveitados (ou mesmo ressuscitados), a Netflix está sempre a testar a nossa resistência ao chamamento do binge watching. Títulos como Gambito de Dama, Ozark, Stranger Things ou The Crown são um espelho do melhor que a plataforma consegue produzir. Outros, como Breaking Bad e Arrested Development, são óptimos exemplos de como levar audiência ao seu moinho (o streaming) por meios comprovados. A apontar-lhe alguma coisa, será a oscilação de conteúdos: estamos sempre na vertigem de ver a nossa série favorita desaparecer do catálogo. Por isso, não perca tempo: prepare-se para uma maratona e siga estas sugestões das melhores séries para ver na Netflix.
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Nos anos 70, enquanto mantinha uma fachada de negociante de pedras preciosas, o burlão, ladrão e serial killer Charles Sobhraj, ajudado pelo seu cúmplice, Ajay Chowdhury, e com a conivência da namorada, Marie-Andrée Leclerc, mataram pelo menos 12 pessoas na Tailândia e no Nepal, todos incautos viajantes hippies ocidentais, cuja fé no poder do amor e das flores não lhes serviu de nada contra a crueldade gélida do criminoso (alguns foram queimados ainda com vida).
Sobhraj já foi tema de livros, telefilmes e filmes, e manifesta-se de novo em The Serpent (Netflix), uma produção da BBC. Além da superior execução narrativa, dramatúrgica, do suspense e da recriação de época – vejam como o argumento anda numa constante jiga-joga entre presente e passado, e nunca nos baralhamos nem a legibilidade do enredo sai prejudicada –, The Serpent tem uma poderosíssima interpretação de Tahar Rahim no insinuante, reptilíneo e impassível Sobhraj. Causando calafrios só com o olhar, Rahim transmite o profundo ressentimento da condição de mestiço que era o combustível do insondável ódio que Sobhraj tinha pelo semelhante, bem como a sua espessa sociopatia, que o tornava completamente insensível às suas vítimas e ao seu sofrimento. The Serpent é o retrato do mal puro com rosto humano.