Entre conteúdos originais e reaproveitados (ou mesmo ressuscitados), a Netflix está sempre a testar a nossa resistência ao chamamento do binge watching. Títulos como Gambito de Dama, Ozark, Stranger Things ou The Crown são um espelho do melhor que a plataforma consegue produzir. Outros, como Breaking Bad e Arrested Development, são óptimos exemplos de como levar audiência ao seu moinho (o streaming) por meios comprovados. A apontar-lhe alguma coisa, será a oscilação de conteúdos: estamos sempre na vertigem de ver a nossa série favorita desaparecer do catálogo. Por isso, não perca tempo: prepare-se para uma maratona e siga estas sugestões das melhores séries para ver na Netflix.
★★★★☆
Depois da minissérie sobre o escândalo com o político bissexual Jeremy Thorpe, que tentou mandar matar o amante em 1975, eis agora Argyll Contra Argyll (HBO), de Sarah Phelps, o segundo segmento de A Very British Scandal. É o caso que envolveu, em 1963, o duque e a duquesa de Argyll (Claire Foy e Paul Bettany), que se separaram dos respectivos consortes após se apaixonarem e depois protagonizaram um divórcio litigioso que fez as delícias dos tablóides por causa dos detalhes sórdidos. Nomeadamente, uma fotografia da duquesa a fazer sexo oral a um homem não identificado.
Tanto ela, nascida Margaret Whigham, filha mimada e promíscua de um milionário, como ele, o alcoólico e oportunista capitão Ian Campbell, herdeiro do ducado de Argyll, eram egocêntricos crónicos, e Phelps não cai na facilidade de transformar a duquesa – que tinha uma personalidade forte e nunca se fez de vítima, e pensava única e exclusivamente nos seus interesses –, num ícone protofeminista ou numa mártir da “sociedade paternalista”. Foy e Bettany são magníficos neste casal privilegiado e desassossegado, que passou a combater-se com a mesma intensidade com que se amou no início, e Phelps mostra a hipocrisia cúmplice e camuflada que se vivia então no estanque meio da aristocracia inglesa.