Entre conteúdos originais e reaproveitados (ou mesmo ressuscitados), a Netflix está sempre a testar a nossa resistência ao chamamento do binge watching. Títulos como Gambito de Dama, Ozark, Stranger Things ou The Crown são um espelho do melhor que a plataforma consegue produzir. Outros, como Breaking Bad e Arrested Development, são óptimos exemplos de como levar audiência ao seu moinho (o streaming) por meios comprovados. A apontar-lhe alguma coisa, será a oscilação de conteúdos: estamos sempre na vertigem de ver a nossa série favorita desaparecer do catálogo. Por isso, não perca tempo: prepare-se para uma maratona e siga estas sugestões das melhores séries para ver na Netflix.
★★★☆☆
A primeira coisa que nos vem à cabeça quando vemos Yellowjackets (HBO) é O Deus das Moscas, de William Golding (que teve duas adaptações ao cinema, uma muito boa, em 1963, outra fracota, em 1990). A segunda é que esta série, escrita por Bart Nickerson e Ashley Lyle (Narcos, Dispatches from Elsewhere) estica até ao limite a corda da sua premissa: será que acreditamos mesmo que as sobreviventes de um avião que levava uma equipa de futebol feminino de um liceu americano e caiu numa floresta em 1996, só foram resgatadas ano e meio depois?
Cedo percebemos que Yellowjackets não é uma versão feminina de O Deus das Moscas, já que contempla duas linhas temporais (passado, na floresta, e presente, com as sobreviventes já adultas) em constante jigajoga e é um exemplo de ficção mash-up, amalgamando filme de sobrevivência, terror sobrenatural pagão (com algum gore e canibalismo à mistura) psicodrama adolescente, drama familiar e thriller com um cheirinho de Dan Brown. Ao fim de dez episódios, fica tudo por resolver para a segunda temporada, em que perceberemos se Yellowjackets irá abusar da nossa indulgência. E ser (ou não) uma decepção na linha de Lost. Para já, Christina Ricci leva a palma da interpretação como Misty, a azougada e arrepiante enfermeira psicopata.