A autorreferência é um mecanismo relativamente banal na arte. Por exemplo, poemas que se queixam de como as palavras não lhes bastam para dizerem tudo o que precisam dizer, é mato. Nos textos cantados é especialmente frequente encontrar esse tipo de truque estilístico, em particular em canções que se põem a falar sobre canções de amor para, de forma mais ou menos discreta, fingirem que não são elas próprias canções de amor, bajoujas e piegas como todas as canções de amor devem ser.
“Eu fui a um festival, comi tão pouco que fiquei mal”, começavam por cantar as Pega Monstro em “Paredes de Coura”, a evocativa canção que as apresentou aos mais atentos em 2011. “Quem nunca”, pensou quem as ouviu na altura. E mesmo assim continuamos a ir a festivais. Uns porque querem mesmo ver aquela artista ao vivo; outros porque gostam de experimentar coisas novas e ouvir um bocado de tudo, como quem vai a um buffet; muitos apenas pelo ambiente e a sede da festa. Independentemente da razão, a maioria acaba sempre por ir a algum. Até ao fim deste Verão, estão aqui os melhores argumentos para montar a tenda.
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