Mesa de frades
Fotografia: Ana Luzia
Fotografia: Ana Luzia

Doze casas de fado em Lisboa

Com mais ou menos turistas, o fado nunca morre. Do Bairro Alto a Alfama, passando pela Graça e por Chelas, eis 12 casas de fado para diferentes gostos e bolsos.

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Vão mais de dez anos desde que o fado foi declarado Património Cultural Imaterial da Humanidade. O título chegou em 2011, já o género tinha enchido, décadas antes, salas e pavilhões por todo o mundo, com Amália como astro maior e Marceneiro ou Severa segurando os alicerces do canto vadio. Entretanto, o fado ganhou novas vidas e misturas, mas nunca perdeu a faculdade de se fazer ouvir em tascas, restaurantes e casas que são também escolas mais ou menos informais de música. Ao mesmo tempo, as casas de fado tornaram-se paradeiro obrigatório de turistas, mas ainda há algumas que escapam ao roteiro mais mainstream. Nesta lista, partilhamos lugares onde é obrigatório fazer silêncio e espantar males, enquanto se canta e toca o fado.

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As melhores casas de fado em Lisboa

Fica nas traseiras de um edifício de Chelas, junto a um stand de automóveis. O panorama, à partida, em nada faz antever um momento solene de fado. Mas não se deve julgar um livro pela capa. No Clube Lisboa Amigos do Fado, que é escola e casa de fados (querendo, é reservar mesa para o domingo, entre as 16.00 e as 20.00), já se formaram centenas de fadistas, que começam desde a adolescência (ou mesmo antes) a treinar o timbre para a canção. Aqui também já cantaram Amália Rodrigues, Alfredo Marceneiro, Mariza ou Sara Correia, essa mesma, filha de Chelas. Para acompanhar, há petiscos como caldo verde ou chouriço assado.

  • Bairro Alto

"Quem vier visitar o Bairro Alto/ P'ra ouvir esta canção sempre sincera/ Não poderá passar sem dar um salto/ Ao Restaurante Típico A Severa". Assim diz a marcha sobre a casa que abriu portas em 1955, pelas mãos de Júlio e Maria José de Barros Evangelista. A quarta geração da família continua ao leme do negócio, por onde têm passado nomes como Lina Santos, Natalino de Jesus ou Nadine. Além do fado, o restaurante A Severa aposta em gastronomia tradicional, à luz das velas. E é lá jantando que se pode ouvir os artistas. 

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  • Bairro Alto

Fundado em 1947, pela fadista Lucília do Carmo (a mãe de Carlos do Carmo), o Faia é uma casa de fado histórica do Bairro Alto, por onde passaram grandes nomes da canção de Lisboa – de Alfredo Marceneiro a Camané. Hoje, Lenita Gentil é a estrela de um plantel onde alinham também António Rocha, Sara Correia, Maura Airez e Beatriz Felício.

Chico, isto é, Francisco Gonçalves, é presença assídua nesta tasca que, ao mesmo tempo que é meca do fado vadio, se transformou em pouso de figuras da cultura internacional, de Marisa ao falecido Bourdain. Inaugurada em 1996 num antigo armazém de azeitonas e enchidos, a tasca foi-se afirmando como lugar de amantes e amadores do fado, mas também ponto de encontro de músicos profissionais, nas horas pós-concerto. As noites costumam acabar tarde, mas bem. Entretanto, Chico também abriu uma tasca em Alfama, na Rua dos Remédios.

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  • São Vicente 

Os fins-de-semana são de casa cheia na Tasca do Jaime, onde reina o fado vadio, mas também os habitués do bairro, os pastéis de bacalhau e as taças de vinho tinto. Quando começa a cantoria, pelas 16.00, os preços das bebidas sobem, mas é por uma boa razão: para pagar aos artistas. Nesta tasca da Graça (também há Jaime em Alfama), não vai ouvir famosos, mas vai perceber o que é o fado. A cada semana, voltam os religiosos para cantá-lo, até que a voz lhes doa.

Já se chamou Bela – Vinhos e Petiscos, quando abriu na Rua dos Remédios, em Alfama, trazendo consigo noites longas de vinho, fado, poesia e tertúlia, e se afirmou como um ponto de encontro da malta que ali parava, de diferentes gerações. Os tempos mudaram e Bela adaptou o negócio, transformando-o numa Casa de Fados, exclusivamente. Quem quer ouvir fado, pode chegar, de quarta a domingo, para jantar bacalhau ou, a partir das 22.30, comer umas pataniscas ou uns peixinhos da horta. Só é preciso fazer silêncio e acompanhar a pedalada.

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  • Alfama

É a casa de Argentina Santos, uma veterana do fado castiço, que por lá está desde a década de 50 e onde chegou a ser cozinheira. Na carta encontra-se, como não podia deixar de ser, comida portuguesa – bifes, algum marisco, pratos de bacalhau, etc. – e nas cantorias destacam-se Maria Amélia Proença e Maria de Fátima.

  • São Vicente 

Não sabe o que perde se ainda não visitou a famosa capelinha do fado de Alfama e os seus belíssimos azulejos. A Mesa de Frades é habitual cenário de actuação de Rodrigo Rebelo de Andrade, Ana Sofia Varela, Teresinha Landeiro ou João Braga, que são sempre bem acompanhados pela gastronomia nacional.

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  • Santa Maria Maior

Neste Clube de Fado, que em tempos foi um estábulo e armazém de azeite, o leque de artistas é clássico e composto por nomes como Cristina Madeira, Carlos Leitão ou Maria Ana Bobone, noite após noite. Já a ementa recheia-se de bacalhau, bifes, polvo à lagareiro e outras iguarias portuguesas. 

  • Estrela/Lapa/Santos

O projecto de Maria da Fé, de portas abertas desde 1975, é pretexto para uma visita à Lapa. Sabe quando procura um serviço de cozinha aberto até à meia-noite e meia e tem dificuldades em encontrá-lo? No Senhor Vinho, não é um problema. Há boa comida portuguesa e um elenco de luxo que inclui nomes como Aldina Duarte ou Francisco Salvação Barreto. Para jantar, são 65 euros por pessoa.

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  • Bairro Alto

É na Adega Machado que se pode cruzar com as vozes de Pedro Moutinho ou Marco Rodrigues. A casa remonta a 1937 e em 2012 beneficiou de uma reinvenção. O belo trabalho da fachada, da autoria de Thomaz de Mello, merece ser apreciado antes de entrar no mundo da fadistagem.

  • Bairro Alto

Dos mesmos donos da Adega Machado, o Café Luso está aberto desde 1927 onde antes funcionavam as adegas e cavalariças do Palácio Brito Freire. Hoje, serve comida portuguesa, como amêijoas à Bulhão Pato, arroz de polvo ou o clássico bitoque, mas também a mestria de Elsa Laboreiro, Yola Dinis, Catarina Rosa, Filipe Acácio e Cristiano de Sousa.

Mais que comer

Já foi mais fácil encontrar restaurantes em Lisboa até dez euros e a culpa não é só do turismo ou dos tempos difíceis que o sector atravessa depois de dois anos intermitentes. Na maior parte das vezes, a qualidade paga-se, mas felizmente ainda há excepções. Comer fora não tem de ser caro e na cidade existem verdadeiros achados. Pense num prato rico, em comida saborosa e atendimento simpático às vezes até familiar. Para encher a barriga sem esvaziar a carteira, este barato não lhe vai sair caro. Corremos a cidade em busca de pechinchas gastronómicas e reunimos aqui 21 restaurantes onde poderá ser feliz.

As novidades na restauração multiplicam-se de tal forma que, à medida que damos conta dos restaurantes que abriram nos últimos meses, novas mesas já nos esperam. Felizmente, os projectos que tinham ficado em suspenso dão-se agora a conhecer. Há restaurantes de alta-cozinha, comida democrática e street food, refeições para qualquer hora, pratos daqui e do mundo. Fazemos-lhe um guia com os melhores novos restaurantes em Lisboa, abertos nos últimos meses. Não se deixe sentir desactualizado e marque já uma mesa – é só escolher o que mais lhe apetece hoje.

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Comer de forma saudável não é equivalente a passar fome. E, em Lisboa, há cada vez mais restaurantes com opções leves, mas muito saborosas, perfeitas para desintoxicar o organismo depois de alguns excessos. E não. Não falamos só de saladas e de comidas de passarinho. Falamos de alimentos nutritivos, saciantes e bem apetitosos. Assim, se segue ou quer seguir um estilo de vida mais saudável, vai querer experimentar alguns destes espaços na cidade, que se adaptam a todos os gostos e também às mais variadas restrições e preferências alimentares. Bom apetite e muita saudinha.

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