Tem montra no Largo Barão de Quintela desde 1916, mas o centro nevrálgico deste maduro negócio mora na Ajuda. Aí, a cada passo que damos, numa das mais antigas fábricas de azulejos e faianças artesanais da Europa, encontramos uma história aos quadrados que está longe de ser banda desenhada. Inaugurada em 1741 na Rua de Sant’Anna à Lapa, mudou-se para a Junqueira quando a Avenida Infante Santo rasgou a fábrica ao meio. Nos anos de 1930 instalou-se na Ajuda, onde ainda funciona hoje, também como loja (além da do Barão de Quintela, com entrada pela Rua do Alecrim, e de onde estiveram quase para ser despejados, em 2015). Aqui tudo se cria através do uso de técnicas ancestrais e processos artesanais, da modelação à cozedura. Tanto pode encomendar um azulejo com padrões do século XVI, painéis de azulejos e faiança, encomendar um restauro ou mesmo frequentar um workshop de azulejos. Estará a aprender com os melhores.
Que as paredes contam histórias suspeita-se ainda antes de existir o fado. Mas também há que ouvi-las das bocas dos ourives, pasteleiros, funcionários de cafés, lojas de ferragens, tecidos, cerâmica e outros quejandos. Na volta aos espaços centenários que marcam a identidade lisboeta, passa-se ainda por marinheiros, reis, bandidos, poetas e revolucionários. E dos relatos chegam receitas milenares, artes rigorosas e até cheiros vindos do outro lado do planeta. Corremos a cidade e atravessámos séculos, para fazer um roteiro de 48 grandes lojas que continuam a servir bem e à antiga, porque o que é clássico é bom. A viagem começa em 1741 com a Fábrica Sant’Anna e termina no espaço histórico do Armazém das Malhas, aberto desde 1962.
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