Pomar de Alvalade - Caracois
Fotografia: Ana Luzia
Fotografia: Ana Luzia

Tascas abertas em Agosto

Nem todas as portas se fecham quando a cidade vai a banhos. Eis oito tascas onde pode continuar a comer bem e barato todos os dias do mês.

José Margarido
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Sente que por estes dias é preciso um curso para ir comer fora? Estamos consigo. Há que saber se precisa de vacina ou tem de pedir uma zaragatoa de entrada, se pode reunir a família ou a tia fica numa mesa à parte, se a máscara é obrigatória para todos ou só para quem mastiga de boca aberta. E o pior é que em Agosto muita coisa fecha e a coisa tende a complicar-se. Perante isto, o melhor é estar atento ao que dizem as autoridades competentes: para saber quais as restrições aplicáveis à data, veja o que diz o Governo; para saber quais as boas mesas disponíveis este mês, veja o que diz a Time Out.

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Tascas abertas em Agosto

  • Português
  • Santa Maria Maior
  • preço 1 de 4

Baixa

É um dos segredos mais mal guardados da Baixa. Enquanto os turistas vagueiam pelas Portas de Santo Antão, os viajantes – espécie mais evoluída – costumam virar para a Travessa do Forno. O resto enche com os nativos que conhecem os cantos à cidade. Por estes dias a procura é menor, mas a oferta de qualidade na zona também não é farta, por isso o melhor é chegar até às 12.30 ou a partir das 14.00, sobretudo se quer garantir um dos lugares na esplanada. À segunda a Dona Judite faz quase sempre galinha de cabidela e bacalhau à minhota, à terça chanfana e lagartos, à quarta pernil e dobrada, à quinta cozido e polvo à lagareiro e à sexta bacalhau com grão e à lagareiro. Mas há sempre mais por onde escolher. Há bons pratinhos de queijo e presunto para entrada e uma vitrine de sobremesas sempre bem composta (atenção ao bolo de bolacha). Prepare-se para pagar pouco e voltar em breve.

  • Português
  • Bairro Alto
  • preço 2 de 4

Bairro Alto

Iscas de cebolada, jaquinzinhos fritos, pataniscas com arroz de feijão. A ementa tem mais oferta e a grelha costuma ser competente nas carnes, mas estas são as nossas apostas aqui. Em pleno Bairro Alto, a Adega do Tagarro sempre se posicionou como sítio ideal para dois propósitos: almoços de semana e jantares de grupo. Nestes dias em que o resto da cidade foi a banhos, as arcadas frescas da Rua Luz Soriano continuam a ser uma boa hipótese para almoços. Mas como em tempo de restrições sanitárias não papam grupos, e por agora o melhor que se consegue é juntar meia dúzia de comensais, o sítio é também uma boa opção para jantar, mesmo para quem não quer beber sangria de penálti.

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  • Português
  • Avenidas Novas
  • preço 2 de 4

Campo Pequeno 

A casa é hoje mantida por Carlos Pinheiro e Diogo Meneses, dois rapazes que não seriam ainda nascidos quando ela foi aberta, há 30 e tantos anos, por um casal de Paredes de Coura. Chamava-se O Buraquinho e, ontem como hoje, resumia-se a uma sala esconsa onde não se enfiam mais de 20. A dupla tomou conta do espaço há uns três anos e o resto é uma história felizmente cada vez menos original em Lisboa: conta-nos a aventura de malta nova, talentosa e com sólida formação, que vai dando vida nova a velhas tascas e outras instituições. Para fortuna de quem fica para trás enquanto o resto da cidade se pira, o Petisco Saloio estará aberto todo o Agosto. A carta tem umas dez entradas, todas com apelo de petisco e preço de amigo. As nossas apostas vão para a preciosa empada de rabo de boi, os ovos rotos com farinheira e a salada de bacalhau, que é feito com lascas a sério e um ovinho guloso, cozido a baixa temperatura. Mas isso, se calhar, porque ainda não provámos o choco frito crocante ou o polvo grelhado com enchidos. Este mês havemos de lá ir tirar teimas.

  • Português
  • Campolide

Campolide

É o sítio ideal para ir vendo os jogos das primeiras jornadas e comentando as incidências do mercado de transferências, que só fecha a 31 de Agosto. Estamos em casa de campeões em título e a Tasquinha diz-se do Lagarto por razões óbvias, mas o lugar é de romaria para gente de todos os credos e clubes. As origens estão no Minho, e isso topa-se nas escolhas da carta e na fartura das doses. As nossas apostas aqui mantêm-se no arroz de garoupa ou em qualquer coisa que apareça escoltada com arroz de feijão, no polvo à lagareiro e em pouco mais ou menos tudo o que junte as palavras vitela e grelha. Nas sobremesas é famosa a gordice de bolo de bolacha com mousse de chocolate.

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  • Português
  • Alvalade
  • preço 2 de 4

Alvalade

É daqueles lugares ideais para petiscar no regresso à cidade depois de um dia de praia. Compete pelo título de melhor sítio na cidade para comer aqueles moluscos gastrópodes de concha espiralada a que vulgarmente chamamos caracóis e caracoletas - eles sempre a sair, frescos e com um tempero irrepreensível de poejo e outras coisas boas; elas prontas a banhar num bom molho amanteigado, depois de grelhadas a preceito. Tem belíssimas moelas estufadas e um óptimo pica pau do lombo (também há em versão porco preto). É frequente o camarão do rio, às vezes aparecem perceves, e há sempre amêijoas, conquilhas e berbigão que nunca nos deixaram desconfiados da frescura. Depois, há toda uma carta para explorar fora dos petiscos, onde as tentações da carne falam mais alto – mas atenção às pataniscas. Se não quiser engrossar a fila que todos os dias de bom tempo se forma na Marquesa de Alorna, não chegue depois das 19.00.

  • Português
  • Castelo de São Jorge
  • preço 2 de 4

Mouraria

Desde que reabriu portas ali nos finais de 2019, a casa já foi amplamente elogiada por duas vezes na Time Out. Voltámos lá por estes dias e o melhor que se pode dizer é que mantemos tudo o que já foi dito. O Velho Eurico é a versão da melhor Lisboa que temos, em que malta nova e talentosa se descobre apaixonada pelas tradições taberneiras da cidade e aplica a sua boa formação em tachos e livros antigos. É uma espécie de tasca 2.0, onde manda o receituário regional, sem aldrabices para inglês ver, nem reinvenções, desconstruções ou outros tiques de chef, e com uma qualidade muito acima da média. A única novidade boa a somar é que a porta vai ficar aberta Agosto adentro. A ementa está toda escrita numa ardósia afixada lá dentro e a oferta ronda uma dezena de pratos, sempre com preços ali entre os 7,50€ por umas iscas e os 9,50€ por um polvo à lagareiro, tudo em doses pequenas para partilhar. Os acompanhamentos escolhem-se à parte e costumam incluir batatas fritas, migas de farinheira, grelos e chouriço e arroz de feijão (entre 3€ e 4,50€). Depois há uns snacks assim em jeito de entrada, que não convém evitar, sobretudo se incluir os croquetes de borrego. 

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  • Português
  • Belém
  • preço 2 de 4

Pedrouços

Comecemos pelo fim: lá atrás, nas traseiras, tem um terraço que muito se recomenda, com árvores, sombra e espaço para deixar os miúdos à solta, se for caso disso. É nesse espaço que, por estes dias amenos de restrições brandas, se servem os jantares às sextas e sábados – durante a semana, a Tasca do Gordo só abre para almoços. As especialidades da casa estão entre a dobrada com feijão branco, um bestseller mesmo em dias de calor (daí a importância da sombra no terraço) e os grelhados: as espetadas (também há de porco, mas recomendamos vivamente a de vaca) e o Naco à Gordo (também de novilho, claro). Não precisa de muito mais do que de uma nota de dez por cabeça.

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Bem sabemos que não há almoços grátis. Mas pelo menos há menus de almoço a bom preço, todos os dias da semana. E o melhor de tudo é que acaba a provar, em muitos destes sítios, pratos especiais e do dia, disponíveis em exclusivo para os almoços.

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