Frank Sinatra
Frank Sinatra

Dez versões clássicas de “I Fall in Love Too Easily”

Se faz parte dos que se apaixonam com demasiada facilidade, vai encontrar consolo nestas versões de uma canção estreada por Sinatra.

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“I Fall in Love Too Easily”, com música de Jule Styne e letra de Sammy Cahn, foi composta em 1944 para Anchors Aweigh, uma comédia musical realizada por George Sidney e com pífio e frívolo enredo, o que não a impediu de ser o segundo filme mais lucrativo lançado pela MGM em 1945 e de receber cinco nomeações para Oscars, nas categorias “melhor filme” (!), “melhor canção original”, “melhor actor” (Gene Kelly), “melhor fotografia” e “melhor banda sonora original” (George Stoll) – só ganhou esta última, tendo os Oscars desse ano ido para The Lost Weekend, no melhor filme, e para “It Might as Well Be Spring”, na melhor canção. O filme acompanhava as peripécias de Frank Sinatra e Gene Kelly no papel de Joe e Clarence (respectivamente), dois marinheiros a gozar uma licença de quatro dias em Hollywood que se empenham em dar um empurrão à carreira de Susan (Kathryn Grayson) como actriz e lhe arranjam uma audição na MGM.

A letra é algo “básica”, limitando-se a repetir a ideia “apaixono-me com demasiada facilidade”; as únicas linhas que escapam a esta modorra informam que “o meu coração devia estar mais bem adestrado, pois já fui enganado no passado”.

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Dez versões clássicas de “I Fall in Love Too Easily”

1. Frank Sinatra

Ano: 1944

Em Anchors Aweigh, a canção era cantada por Sinatra, que, curiosamente, não voltou a gravá-la na sua extensa e prolífica carreira. Quem se apoderou da canção foi Chet Baker, que a gravou pela primeira vez em 1954, para o álbum Chet Baker Sings – a imagem de chóninhas derreado pela auto-comiseração que infundia (e infunde) nos corações femininos um instinto maternal ajustava-se na perfeição à letra choramingas de Sammy Cahn.

2. Johnny Hartman

Ano: 1956
Álbum: Songs from the Heart (Bethlehem)

No seu álbum de estreia, Johnny Hartman mostra que a canção pode ser interpretada de forma sentida, mas sem sentimentalismo nem maneirismos. O acompanhamento de Ralph Sharon (piano), Jay Cave (contrabaixo) e Christy Febbo (bateria) é judiciosamente discreto e a trompete de Howard McGhee só rubrica um floreado no fecho.

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3. Anita O’Day

Ano: 1956
Álbum: Anita (Verve)

Anita O’Day já tinha larga experiência como cantora das orquestras de Gene Krupa, Woody Herman e Stan Kenton, bem como sarilhos com a lei pela posse de marijuana, quando se lançou a solo com Anita O’Day Sings Jazz, em 1952. Anita foi o seu 5.º álbum e o 1.º para a Verve, editora que dava então os primeiros passos (e que o reeditaria em 1962 como This Is Anita). A macia orquestra de cordas foi arranjada e dirigida por Buddy Bregman.

Tal como Hartman, O’Day canta a estrofe inicial, que é descartada por muitos cantores.

4. Dinah Shore

Ano: 1958
Álbum: Moments Like These (RCA Victor)

A versão mais pungente desta selecção é da autoria de Dinah Shore, que, entre 1940 e 1957 teve nada menos do que 80 canções no top 100 e era também uma estrela televisiva. O rápido declínio da popularidade do jazz face à ascensão do rock’n’roll levou a que, em 1962, a sua editora a “dispensasse” e, embora Shore tenha continuado a cantar, a sua discografia nas duas décadas seguintes resume-se a seis discos. Hoje está quase completamente esquecida – uma injustiça, como se atesta por esta versão.

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5. Mavis Rivers

Ano: 1960
Álbum: Hooray for Love (Capitol)

Nos seus primeiros anos de vida, “I Fall in Love Too Easily” parece ter despertado pouco interesse entre os instrumentistas, mas o mesmo não pode dizer-se dos cantores. Rivers, uma cantora natural de Samoa que se estabelecera nos EUA em 1955, abordou-a no seus 3.º álbum, com orquestrações de Jack Marshall.

6. Ernestine Anderson

Ano: 1962
Álbum: Swings the Penthouse (HighNote)

Swings the Penthouse documenta um concerto em Seattle em Fevereiro e Outubro de 1962, mas só foi editado em 2015. Na ocasião, Anderson teve o apoio de um trio, com Dick Palombi (piano), Chuck Metcalf (contrabaixo) e Bill Richardson (bateria), opção que se adequa ao ambiente intimista de “I Fall in Love Too Easily”. Anderson regressaria à canção em 1967, no álbum Miss Ernestine Anderson (Columbia), mas com arranjos orquestrais veementes e farfalhudos.

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7. Bill Evans

Ano: 1962
Álbum: Moon Beams (Riverside) Bill Evans foi fortemente abalado pela morte do seu contrabaixista, Scott LaFaro, em Julho de 1961, e só regressou ao formato trio em Dezembro do ano seguinte, com o usual Paul Motian na bateria e Chuck Israels no lugar de LaFaro. O trio assina uma versão sublimemente melancólica, delicada e despojada de “I Fall in Love Too Easily”.

8. Miles Davis

Ano: 1963
Álbum: Seven Steps to Heaven (Columbia)

Miles Davis adoptou abordagem similar no álbum Seven Steps to Heaven, um álbum que não faz parte dos indispensáveis da extensa obra do trompetista, ainda que o seu “I Fall in Love Too Easily” seja memorável. Esta gravação dá a ouvir Victor Feldman (piano), Ron Carter (contrabaixo) e Frank Butler (bateria), uma equipa que não duraria muito tempo. Na verdade, Davis atravessava então um período de indefinição: o seu quinteto “clássico” desfizera-se definitivamente após a gravação do álbum Someday My Prince Will Come (1961); Quiet Nights (1962), o álbum “bossa nova” com Gil Evans, fora um fiasco artístico (e fora editado à sua revelia); em 1962 o trompetista fora atormentado por problemas de saúde; e em 1962-63 vários músicos passaram pelo seu quinteto sem aquecer o lugar – o regresso de Davis à linha da frente do jazz só teria lugar em 1965 com E.S.P.

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9. June Christy

Ano: 1963
Álbum: The Intimate Miss Christy (Capitol)

Intimismo e despojamento são também as palavras-chave neste álbum em que Christy tem um acompanhamento minimal de guitarra acústica (Al Viola) e contrabaixo (Don Bagley), complementado nalgumas faixas (como “I Fall in Love Too Easily”) pela flauta de Bud Shank. Em 1965, com as vendas de discos de jazz em queda vertiginosa, Christy lançaria Something Broadway, Something Latin e depois viria um longo silêncio, apenas quebrado por Impromptu, em 1977.

10. Sarah Vaughan

Ano: 1963
Álbum: Snowbound (Roulette) Com o vozeirão que possuía, Sarah Vaughan era pouco inclinada para o despojamento e para a introversão, mas, ainda assim, o álbum Snowbound mostra-a em toada mais contida e macia do que o usual, envolta em acetinados arranjos de Don Costa.

O melhor da bossa nova (em versões)

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