Boubou's
Arlei Lima
Arlei Lima

Estes restaurantes de cozinha de autor não precisam de estrela Michelin para merecer a reserva

Nestes restaurantes de cozinha de autor em Lisboa, o que não falta é atitude e sabor e assinatura no prato.

Cláudia Lima Carvalho
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Houve uns anos em que se muito se falava de cozinha de autor, também graças à crescente mediatização da figura do chef. Hoje o termo parece estar em desuso, mas não a cozinha de autor (ou de assinatura) – que mais não é do que uma cozinha criativa que não abdica da técnica. São sempre apontados como maior exemplo disto os restaurantes com estrela Michelin (e em Lisboa já são 17). Mas vá por nós, há outros pratos capazes de o pôr a ver estrelas – são igualmente bonitos e, mais do que isso, saborosos. Afinal, sem sabor não há cozinha de autor que se aguente. 

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Os melhores Restaurantes de Cozinha de Autor

  • Vegetariano
  • Avenida da Liberdade/Príncipe Real
  • preço 2 de 4

Se o nome remete para origem, na etimologia grega, o Arkhe está hoje longe do seu ponto de partida. Numa nova morada, o restaurante vegetariano de João Ricardo Alves e Alejandro Chávarro ganhou espaço para chegar à plenitude. Está maior, mais confortável e, acima de tudo, com melhores condições para todos, clientes e equipa, mantendo-se fiel ao que lhe deu forma: ser prova de que a alta cozinha não precisa de servir nem carne, nem peixe para brilhar. São três os menus disponíveis: com o “Carta Branca” (95€/sete serviços, mais 85€ a harmonização de vinhos) entrega-se nas mãos do chef, enquanto no menu “Descoberta” (75€/cinco serviços, mais 65€ a harmonização) a escolha dos pratos fica por sua conta. Há ainda o Menu de Almoço (55€/três serviços, mais 45€ com vinhos).

  • Baixa Pombalina

Algas e bolotas, eis dois ingredientes que não vemos, habitualmente, servidos à mesa, pelo menos de acordo com o nosso receituário. Mas a Pedro Mendes, que se tem vindo a afirmar com uma cozinha muito própria, não assustam. Depois de uns anos no Algarve e mais uns quantos no Alentejo, o chef voltou a Lisboa com um restaurante onde se quer mostrar por inteiro. No Áurea, no hotel cinco estrelas Art Legacy, em plena Baixa, Mendes focou-se nas algas para contar também a história da cidade. À carta ou no menu de degustação (e são três as possibilidades – vegetariano (75€), cinco (85€) ou sete momentos (120€)) não há um prato em que as algas não entrem, de um Brás de algas com vieiras (18€) ao carabineiro do Algarve com xerém de algas (24€).

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  • Português
  • Alfama

Pode um restaurante ser uma espécie de laboratório de ideias sem regras? Se nunca se perder o respeito pelo produto e o objectivo de fazer uma coisa séria, sim. É assim, pelo menos, que Hugo Brito tem estado no Boi Cavalo, em Alfama. O chef não se faz refém de pratos que fazem sucesso, nem desmoraliza quando alguma aventura não corre como esperado. O resultado é um restaurante criativo em evolução constante com uma carta que está sempre a rodar. 

  • Princípe Real
  • preço 3 de 4

Abriu como um bistrô em 2018 onde as refeições se transformavam rapidamente num festim e, aos poucos, entre aventuras e experimentações na cozinha, Louise Bourrat foi encontrando o seu caminho. Cinco anos depois, o Boubou’s é hoje um restaurante de alta-cozinha feito à imagem da chef luso–francesa, que conquistou em 2022 em França, o programa Top Chef: é criativo, dinâmico e único. São dois os menus de degustação (85€-95€), ambos com os mesmos momentos, mas um vegetariano. E não há melhor forma de conhecer Louise. A cozinha é internacional com mão francesa e o menu vai tendo novidades conforme a estação, mas também a ideia da chef.

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  • Português
  • Cascais
  • preço 2 de 4

Daniel Estriga não é pessoa de dar nas vistas e isso ajuda a explicar que não se fale tanto de si. O facto de estar ligeiramente deslocado, numa zona residencial em Bicesse, Cascais, influencia igualmente, mas a verdade é que vale a pena prestar atenção ao percurso do chef e àquilo que faz no Conceito, ao lado da mulher, Vanessa. Mais do que isso, os menus de degustação valem o desvio. São dois (64€/cinco momentos e 82€/sete), assentes na sazonalidade e no produto português, e mudam com muita regularidade porque a regra é que não se tornem previsíveis. “Não queremos ser o fine dining aonde se vai uma vez por ano em datas especiais”, diz o chef, que abriu o Conceito há mais de dez anos, um restaurante de trabalho sério e ambiente descontraído.

  • Bairro Alto

Quando se fala de cozinha francesa em Portugal é o nome de André Lança Cordeiro que mais vezes é mencionado, embora não se possa dizer que o Essencial seja um restaurante francês. Inspirado pelos seus anos em França, o que o chef faz no Bairro Alto é uma cozinha exímia onde se cruzam ingredientes essencialmente portugueses com a técnica francesa, o que pode resultar em pratos como o vol-au-vent de lavagante e moleja ou o pithivier de novilho e trufa. Nas sobremesas, há um mil-folhas de caramelo salgado que se destaca desde o início, bem como um Paris-brest de pistáchio e yuzu. São dois os menus, o mais simples (50€) onde o cliente escolhe entrada, prato e sobremesa, e o de degustação (85€). A carta de vinhos é rara, com um olhar atento, mão de Daniel Rocha e Silva. 

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  • Alfama

Marlene Vieira dispensa apresentações, mas se disso precisasse nenhum restaurante a representaria melhor que este seu Marlene, aberto em 2022. É por inteiro e sem medos que a chef se apresenta com dois menus de degustação (150€/12 momentos ou 9/115€) que não se anunciam por estarem dependentes do produto e dos seus produtores, bem como da sua criatividade. É cozinha portuguesa e internacional, é a vida e o percurso de Marlene até aqui. Quando por lá passou, o crítico gastronómico Alfredo Lacerda resumiu assim a experiência: “O espaço é dos mais bonitos de Lisboa; o serviço é cuidado e atento; e a comida tem um nível alto, mantendo um compromisso entre sabores portugueses e gosto internacional.”

  • Chiado

Quando abriu o Oitto, em 2022, Carlos Duarte Afonso não se quis precipitar. Jogou pelo seguro – até pelo tamanho do restaurante– , manteve-se na cozinha de matriz regional, dando-lhe obviamente o seu cunho, e não fechou nunca a porta a futuras mudanças. Quase dois anos depois, o Oitto está menos tradicional e mais criativo. Há, inclusive, um menu de degustação (89€). Entretanto, no piso de cima, o chef que se deu a conhecer ao balcão transformou o bar numa barra onde serve, essencialmente, pratos frios. Pode ser um sítio onde tanto se vai comer umas ostras, como se pode fazer uma refeição completa e não falta nem o arroz de pato, agora numa versão 2.0.

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  • São Vicente 
  • preço 4 de 4

Ninguém respira tanto a sua terra como Vítor Adão. O chef saiu de Chaves já há um bom par de anos, mas nem por isso esquece as raízes. Pelo contrário, no Plano, o restaurante de fine dining escondido na Graça, dá palco a muitos produtores da zona. Nos pratos conta-nos as histórias da terra e das suas gentes, interpreta-as, dá-lhes a assinatura, sempre com o máximo respeito pela tradição. O menu de degustação (75€/seis momentos, 95€/nove momentos) é uma viagem que, na verdade, se alonga por todo o país. Para uma versão mais descontraída disto tudo, o chef tem ainda o Planto, onde com a ajuda de Mateus Freire continua a olhar para o receituário tradicional com pratos que conhecemos bem.

  • Português
  • Castelo de São Jorge
  • preço 3 de 4

Hoje, não há quem não fale da sazonalidade, dos produtores e da sustentabilidade, mas há seis anos já era isso que movia António Galapito no Prado. E é por isso que o restaurante junto à Sé conquistou facilmente uma legião de fãs, entre os quais boa parte daqueles que apreciam uma boa refeição e profissionais da área. Com uma carta curta, é o produto, quase sempre vindo de pequenos produtores, a ditar os pratos, sem artimanhas. Agora, há também um menu de degustação (75€), sem grandes pretensões a não ser a da boa comida com atenção ao produto e às técnicas. 

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  • Chiado/Cais do Sodré

O restaurante de João Magalhães Correia conquistou-nos assim que abriu. Quando por lá andou, Alfredo Lacerda escreveu ter saído em extâse e no final de 2022 não foi difícil decidir que o Tricky’s conquistaria o título de restaurante do ano para a Time Out. Em 2024, continua a valer a pena reservar mesa por aqui, quanto mais não seja para ver o que chef anda por ali a fazer – e ele bem sabe o que faz. Defendeu Lacerda, quando também João foi considerado o chef do ano: “Os seus pratinhos são condensados de umami, pequenas jóias cheias de pedras preciosas, onde se misturam três influências principais: Itália, China e Sudeste Asiático”. E depois ainda há o ambiente do espaço, a música e os vinhos fora da caixa.

Outros restaurantes em Lisboa

Diz o dicionário que um petisco é uma comida muito apetitosa, mas também uma “iguaria ou prato, geralmente servido em pequenas quantidades, antes do prato principal, como acompanhamento de bebida ou como refeição ligeira”. O melhor, acrescentamos nós, é a fusão das duas definições. E, no fundo, é o que fazemos aqui com estas sugestões de restaurantes de petiscos em Lisboa. São bons pitéus – outra definição no dicionário –, perfeitos para serem partilhados, alguns em ambientes bem festivos e regados, sem ser preciso gastar muito. Que nunca nos faltem os petiscos em Lisboa, isso e a alegria de os partilhar.

É certo que a adjectivação não será consensual – quando é que é? –, mas arriscamos, ainda assim, a apontar alguns dos restaurantes mais bonitos em Lisboa. Mais discretos e harmoniosos, mais vistosos e pomposos, clássicos ou contemporâneos, não faltam lugares capazes de nos deixar de boca aberta. São cada vez mais, até. Um restaurante vale pela sua comida e o seu serviço, mas o ambiente consegue ser também um factor determinante na hora de escolher ou recomendar um restaurante a alguém. 

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