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Arlei Lima
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Os melhores balcões em Lisboa

Entre novidades e clássicos, comer ao balcão é cada vez melhor.

Cláudia Lima Carvalho
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Para refeições rápidas ou experiências demoradas, os balcões são quase sempre os melhores lugares de um restaurante, pelo menos para aqueles que apreciam acompanhar tudo o que se passa do lado de lá. São também companhia certeira para quem se senta sozinho. Em Lisboa, os balcões ganharam fama a partir dos anos 1950, com a proliferação dos snack bars. Caíram em desuso e voltaram nos últimos anos, cada vez com mais pinta e cuidado, cada vez mais gastronómicos até. Das tascas a estrelas Michelin, nos melhores balcões de Lisboa nunca está sozinho, ainda que se esse for o desejo, ninguém se intrometerá.  

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Os melhores balcões de Lisboa

  • Cascais

A alta cozinha japonesa tem um representante à altura no Kappo, em Cascasi. Atrás do balcão, Tiago Penão e a equipa que o acompanha conduzem a refeição de forma afinada e irrepreensível, sem que se perca ainda assim a descontração. Kappo é também o estilo de cozinha japonesa que numa tradução literal significa “cortar e cozinhar”, mas que vai muito além disso, focando-se na proximidade entre chef e quem à sua frente se senta. Apesar de ser possível escolher à carta, o ideal é entregar-se ao menu omakase (135€), onde Penão consegue proporcionar uma autêntica viagem ao Japão com a melhor matéria-prima. E não é cliché. A cada momento da refeição, uma explicação ou uma história, sempre na dose certa.

+ Desenho da arte de bem receber no Kappo

  • Português
  • Santa Maria Maior
  • preço 3 de 4

Um clássico é sempre um clássico e poucos lugares têm a capacidade de deslumbrar alguém como o Gambrinus. Na mais célebre casa das Portas de Santo Antão, tudo acontece à boa maneira antiga, seja ao balcão ou nas mesas do restaurante, apesar de a experiência ser bem diferente. Se o balcão proporciona a proximidade, na sala fica-se mais recatado – e talvez por isso seja tão procurada pela elite. Não se deixe intimidar pela porta fechada e o peso da história: o Gambrinus merece uma visita quanto mais não seja para provar aqueles que são provavelmente os melhores croquetes de Lisboa (e para isso não precisa de gastar muito e é o balcão a melhor escolha).

+ No Gambrinus, ao balcão, o tempo passa devagar e nunca fora de moda

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  • Hambúrgueres
  • Avenidas Novas

Dificilmente haverá na cidade um balcão com mais vida do que este: funciona 20 horas por dia (leu bem). Abre às 07.30 e só fecha às 03.30, sendo perfeito para ir jantar quando mais nada está aberto – mas atenção que o preço muda às 22.00. O balcão é único, com cerca de 90 metros de comprimento e 150 lugares. Este clássico da Avenida da República foi inaugurado em 1966 como “snack-bar” moderno nos tempos em que a expressão “snack-bar” era moderna. O projecto é dos arquitectos Victor Palla e Bento de Almeida. No menu há mais de 170 opções, mas o dono do restaurante destaca o bife tártaro.

  • Avenidas Novas

O balcão acompanha a sala, com 19 lugares. O serviço é rápido e traz-nos os famosos cachorrinhos do Porto, além dos pregos que também dão fama a este The Dog. A matéria-prima vem toda lá de cima para que nada fique aquém. Para acompanhar, vai um fino.

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  • Grande Lisboa

Pode um balcão ser uma peça de arte? Pode, quando é assinado pelos Pedrita, também responsáveis pelo painel na parede do Corrupio. Mas o balcão é, na verdade, a peça central deste restaurante. Já lá estava, da sua outra vida, enquanto Big Fish Poke, mas não assim, desta forma. Não há um lugar igual, nem um traço que se repita. Ora há tiradas como “No Vinho Está a Verdade!”, ora se conjuga o verbo “Corrupiar”, ora se pede “a continha”. Fazem-se contas, que se dividem pelo grupo, joga-se ao galo, deixam-se manchas de vinho e café. Há referências a Vhils, Álvaro Siza, Paula Rego ou Picasso. No menu, é o receituário português que se destaca, com foco nos bons produtos e uma ligeira adaptação aos tempos modernos.

+ No Cais do Sodré, o Corrupio é uma ode ao balcão

  • Português
  • Castelo de São Jorge
  • preço 1 de 4

É, provavelmente, o balcão mais pequeno da cidade – quatro pessoas já é demais –, mas nem por isso o menos concorrido. À hora do almoço, a fila fala por si. Nada que assuste José Rodrigues, o homem que comanda a frigideira à janela, onde as finas fatias de carne de porco se envolvem num molho sem segredos: vinho branco, banha e alho. A arte está na facilidade com que tudo é feito, sempre a olho, sempre certeiro. Eis As Bifanas do Afonso, casa com quase 50 anos de história, na Rua da Madalena. As bifanas (2,70€) começam a sair logo cedo e não há hora que sossegue.

+ As Bifanas do Afonso: “Abrem muitas casas novas, mas não é nada disto”

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  • Santa Maria Maior

Ao balcão desta tasca em frente à estação do Rossio tudo acontece a uma velocidade vertiginosa – ainda nem acabou de fazer o pedido e a bifana já está à sua frente. Se lhe acrescentar uma sopa e uma imperial, a festa faz-se por pouco mais de cinco euros, mas não se esqueça: o preço é diferente ao balcão, à mesa ou na esplanada. Se quer poupar, fique de pé.

  • Global
  • Princípe Real

É um fenómeno desde o dia em que abriu há dez anos, o mais fiel barómetro do turismo na cidade. Para arranjar lugar no restaurante de Kiko Martins no Príncipe Real, o melhor é fugir às horas óbvias das refeições. O balcão, com o seu polvo gigante a pairar, é bonito e cheio de vida. Para comer, destacam-se os ceviches, claro, que nos últimos meses levaram uma volta, depois do chef ter decidido renovar a carta, aprimorando-a. Na dúvida, há um menu de degustação (78,60€), com cinco pratos e uma sobremesa.

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  • São Sebastião

De barra japonesa a balcão ibérico a barra japonesa novamente. No Praia no Parque, a passagem de Lucas Azevedo foi de tal forma marcante que quando se tentou mudar, com a saída do chef, continuou a faltar alguma coisa. Apostou-se em petiscos e numa carta descomplicada, mas a saída de Paulo Alves do Kabuki, restaurante com uma estrela Michelin, não muito longe daqui, acabou por abrir espaço a uma mudança também no Parque Eduardo VII que decidiu voltar a criar um sushi bar. A carta é, à primeira vista, simples, sendo a grande aposta o menu omakase, em que se pede uma entrega ao chef – e há, igualmente, um menu vegetariano.

  • Chiado

Dificilmente haverá sítio mais instagramável e vibrante na cidade do que o restaurante do The Ivens Hotel. Ao centro, um majestoso balcão com 17 lugares, onde se evidenciam veludos, cores fortes e motivos florais. É aqui que fica o Gastrobar, com uma garrafeira suspensa e uma carta que quer recuperar a tradição de se comer ao balcão, com ou sem pressas, refeições completas ou simplesmente tábuas de queijos e enchidos. É também possível pedir alguns dos pratos disponíveis na sala de baixo, o Ristorante, ou no Crudo, um recanto ao lado, onde o marisco é acompanhado por champagne, espumante ou prosecco.

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  • Avenida da Liberdade
  • preço 4 de 4

Há um antes e um depois do JNcQUOI em Lisboa. Quem o diz é António Bóia, chef executivo do grupo, referindo-se especialmente ao Delibar. “A verdade é esta: antes do Delibar, a barra era uma coisa que estava perdida. Agora está na moda, está em todo o lado outra vez”, defende. No piso abaixo do restaurante, o vistoso balcão com 48 lugares (mais 26 em mesas) foi desenhado, à semelhança de todo o JNcQUOI Avenida, pelo artista catalão Lázaro Rosa-Violán. Impressiona a sua magnitude e beleza, mas também a sua vida. Há sempre alguma coisa a acontecer em algum lado. Há cartas distintas, mas uma das mais-valias é o facto de tudo poder ser pedido em todo o lado (restaurante, balcão ou esplanada).

+ No Delibar do JNcQUOI, um dos balcões mais bonitos de Lisboa, há sempre novidades

  • Japonês
  • Avenidas Novas

Tem lugar cativo na lista dos melhores japoneses de Lisboa, mesmo quase passando despercebido. Desde que abriu em 2015, pelas mãos de uma equipa de antigos discípulos do Aya – há, inclusive, um destaque no menu em homenagem ao restaurante que foi uma grande escola de cozinha japonesa em Portugal –, que o Go Juu respeita a cozinha tradicional japonesa, com produtos sempre frescos e uma técnica tão apurada quanto delicada. A experiência ao almoço e ao jantar é diferente e também por isso os menus omakase (77€-110€) são apenas servidos à noite, ao balcão (de quinta-feira a sábado, ao jantar, os lugares são essencialmente reservados para os membros do Clube Go Juu, o que não significa que não se consiga um lugar, mediante reserva antecipada).

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  • Asiático contemporâneo
  • Alvalade
  • preço 3 de 4

Japão, Índia, China, Vietname, Coreia ou Tailândia, eis algumas dos países por onde passa a carta do Soão, o pan-asiático que o Grupo Sea Me abriu em Alvalade. Poder-se-ia dizer que o Soão é um restaurante atípico num bairro típico. O ambiente é o de uma taberna asiática, com madeira tosca e candeeiros que são redes de pesca. Ao balcão, está João Francisco Duarte a comandar uma cozinha de onde podem sair baos, pad thai, caril ou sushi. No piso debaixo, está o bar com cocktails de autor e quatro salas privadas, para uma experiência mais intimista.

  • Petiscos
  • Chiado/Cais do Sodré
  • preço 3 de 4

Henrique Sá Pessoa tem duas estrelas Michelin e é uma estrela de televisão, mas nem por isso é um chef inacessível ao comum dos mortais. Não só tem um balcão em nome próprio no Time Out Market, como é o homem ao leme deste Tapisco, onde casa tapas e petiscos. Apesar de ter algumas mesas, o balcão é o melhor lugar para ver tudo acontecer. A carta foi renovada há pouco tempo a pensar nos dias de Verão. Há, por exemplo, uns mexilhões à espanhola ou um inusitado pica-pau de cogumelos.

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  • Japonês
  • Chiado/Cais do Sodré

Dois anos depois de ter saído do Praia no Parque, Lucas Azevedo voltou com um restaurante sem rótulos, mas com um grande balcão. No Ryoshi, não há praticamente sushi e salmão nem vale a pena pensar nisso. Tudo o que há na carta a esse respeito são os niguiris com peixe do dia. A katsu sando, cujo ingrediente principal só costuma ser revelado depois de devorada, é a estrela. Destaque ainda para pratos como a enguia, servida com arroz branco e gema de ovo, o coração de alface com molho pirikara, o tártaro de carapau com tofu frio e shiso ou a lula com togarashi. Os cocktails são uma aposta da casa, perfeitos para acompanhar a refeição, ou simplesmente para começar a noite.

  • Belém

Não é possível falar da gastronomia japonesa em Portugal sem referir Paulo Morais, decano da cozinha oriental. A estrela ao Kanazawa chegou no final de 2022, quando o chef já nem a esperava. Em Algés, no pequeno restaurante aberto ainda pelo japonês Tomoaki Kanazawa – que quando regressou ao Japão, em 2017, escolheu Paulo Morais para o seu lugar – homenageia a tradição japonesa como se fosse a sua. Com apenas oito lugares ao balcão, o chef entrega-se à cozinha kaiseki, que tem como pontos fundamentais a sazonalidade e a qualidade do produto.

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  • Princípe Real

No final de 2023, o Príncipe Real ganhou restaurante inspirado nas barras bascas onde entre cañas, vermut e cava se partilham uns pintxos. A aposta é da Plateform e a carta não tem nada que saber: há tapas individuais e para partilhar, frias e quentes. Do salmorejo às croquetas e à tortilla. Não faltam os ibéricos nem os huevos rotos ou a tarta de queso para acabar. Tudo num balcão dinâmico, cheio de vida e com música sempre a acompanhar.

  • Cais do Sodré

A porta fechada, a meia-luz, os tons de madeira que se fundem com o vermelho das paredes e do veludo, o balcão imponente com 26 lugares, as mesas quase escondidas onde se sentam discretamente 30 pessoas, o bar vistoso. O Brilhante de Luís Gaspar é um clássico instantâneo, que tem tanto de brasserie francesa como de café antigo, qual ponto de encontro e espaço de tertúlia. O bife à Brilhante, inspirado no Bife à Marrare, é a estrela da carta.

+ Ao balcão do Brilhante, um clássico reinventado

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  • Alfama

Marlene Vieira dispensa apresentações, mas se disso precisasse nenhum restaurante a representaria melhor que este seu Marlene, aberto em 2022. É por inteiro e sem medos que a chef se apresenta com dois menus de degustação que não se anunciam por estarem dependentes do produto e dos seus produtores, bem como da sua criatividade. É cozinha portuguesa e internacional, é a vida e o percurso de Marlene até aqui. Quando por lá passou, o crítico Alfredo Lacerda resumiu assim a experiência: “O espaço é dos mais bonitos de Lisboa; o serviço é cuidado e atento; e a comida tem um nível alto, mantendo um compromisso entre sabores portugueses e gosto internacional.” Tons escuros, meia luz, a cozinha no centro de tudo, rodeada de um balcão. De fora, pouco se vê, no interior está tudo à vista.

  • Bairro Alto

Seja a que hora for, o Trevo está cheio e arranjar um espacinho ao balcão pode ser um desafio. Tão certo como estar (quase) toda a gente a comer a bela da bifana, que até Anthony Bourdain conquistou. A frigideira está sempre ao lume, à vista de todos, com uma gordura controlada e saborosa. Também há pratos do dia a preços modestos. Além disso, o Trevo tem umas das melhores canjas da cidade, disponível todos os dias.

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