Sála
Arlei Lima
Arlei Lima

Restaurantes com estrela Michelin em Lisboa

Com a entrada do 2 Monkeys e do Sála e o encerramento do Eneko Lisboa, há agora 17 restaurantes com estrela Michelin em Lisboa.

Cláudia Lima Carvalho
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As expectativas estavam altas, mas ninguém arriscava grandes previsões, já que a Michelin se tornou perita em dar o inesperado – e foi assim que aconteceu no final de Fevereiro. Na primeira gala do guia Michelin dedicado em exclusivo a Portugal, Vítor Matos foi o nome que se destacou ao conquistar as duas estrelas Michelin para o Antiqvvm, no Porto, e ainda uma estrela para o 2 Monkeys, que abriu em Lisboa, e que conta também com Francisco Quintas na chefia. Numa cerimónia apresentada por Catarina Furtado no NAU Salgados Palace, em Albufeira, João Sá (Sála), Rodrigo Castelo (Ó Balcão) e Octávio Freitas (Desarma) também conquistaram uma estrela. Francisco Quintas com 25 anos tornou-se no mais jovem chef a receber uma estrela Michelin em Portugal. Com a entrada do 2 Monkeys e do Sála e o encerramento do Eneko Lisboa, há agora 17 restaurantes com estrela Michelin em Lisboa.

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Restaurantes com estrela Michelin em Lisboa

  • Haute cuisine
  • Bairro Alto

O 100 Maneiras (re)abriu em 2019, ao lado da primeira casa do restaurante, no Bairro Alto. O ambiente é escuro, nas casas de banho ouvem-se discursos de ditadores, e tudo isso corresponde ao que se esperaria de Ljubomir Stanisic. Um ano depois de fazer renascer o restaurante, chegou a primeira estrela. O objectivo é contar histórias através dos três menus de degustação disponíveis. O primeiro, de seu nome História (170€), leva-nos às origens do chef. São 17 momentos, numa viagem física, mas sobretudo emocional. Se preferir narrativas mais curtas, fique-se por O Conto (140€), uma versão condensada do primeiro menu, explicada em 11 momentos. Por fim, tem o Ecos do 100 (150€), um menu vegetariano, num compromisso de sustentabilidade.

  • Lisboa

Foi uma das grandes surpresas da primeira gala do guia Michelin dedicado em exclusivo a Portugal. Em menos de um ano, o 2 Monkeys, restaurante onde Vítor Matos divide o protagonismo com Francisco Quintas, conseguiu uma estrela Michelin. Com apenas 14 lugares, distribuídos por um grande balcão que contorna a cozinha, o 2 Monkeys parte de uma premissa simples à partida: “dois chefs, duas origens, uma experiência única”. O menu tem um preço fixo (185€/285€ com harmonização de vinhos), tudo o resto é uma surpresa. Como é prática habitual, pergunta-se, com antecedência, as restrições alimentares, mas deixa-se claro que não há menus alternativos. A partir daí, os pratos sucedem-se – são cerca de 14 momentos –, nunca se sabendo se são criação de Vítor Matos ou de Francisco Quintas, que apesar de ter apenas 25 anos apresenta já uma longa experiência na alta-cozinha.

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  • Chiado

Henrique Sá Pessoa é uma cara conhecida, especialmente pelas receitas que há anos prepara na televisão, mas é no Alma, onde tem duas estrelas Michelin, que mostra realmente o que vale. Focado no produto português, são dois os menus propostos: no “Alma” (185€) apresentam-se os pratos clássicos do chef como a carne de porco à Alentejana, com terrina de batata, massa de pimentão e molho bulhão pato; no “Costa a Costa” (185€), como o nome deixa antever, mergulha-se na nossa costa e homenageia-se o peixe e o marisco – é aqui que entra a já clássica e sempre em evolução sobremesa que parece tirada do fundo o mar, “Mar e Citrinos”.

  • Português
  • Chiado

É, talvez, o mais icónico dos restaurantes com estrela Michelin no país e tudo se deve a José Avillez e à sua equipa de luxo perfeitamente alinhada. Com duas estrelas Michelin e em 25.º no 50 Best, o Belcanto é uma experiência desde o momento em que se passa a porta. Num ambiente requintado, mas ainda assim descontraído para que todos se sintam à vontade e aproveitem a experiência como esta deve ser aproveitada, o chef propõe dois menus de degustação. Se no menu dos clássicos (235€) se apresentam os pratos mais emblemáticos do restaurante, no menu paisagens (250€) conta-se a história de um Belcanto em evolução com pratos que podem sempre ir mudando conforme as experiências na cozinha.

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  • Haute cuisine
  • São Sebastião

Não há um prato de Pedro Pena Bastos que não chame à atenção, nem há um em que o chef não se aventure em grandes técnicas. São bonitos, mas mais do que isso, são cheios de alma e sabor. Com um olhar sempre atento à estação e ao que esta tem de melhor para oferecer, e tendo como bússola o produto português, Pena Bastos apresenta dois menus – dez (185€) e cinco momentos (145€) – num restaurante que consegue ser tão arrojado como foi o Ritz quando abriu na época. E, como seria de esperar, com um serviço imaculado e nunca pesado.

  • São Sebastião

Joachim Koerper abriu o Eleven em 2004 quando Lisboa era outra, ainda longe da azáfama gastronómica que hoje se vive, vindo de restaurantes distinguidos com estrela Michelin. No topo do Parque Eduardo VII conquistou a estrela ao fim de apenas nove meses – a primeira, na altura, para Lisboa –, perdeu-a e voltou a conquistá-la logo a seguir, mantendo-a até hoje. É possível almoçar e jantar à la carte, mas não há experiência como menu de degustação – e são vários (149€-175€), entre os quais o menu lavagante, com o marisco presente do princípio ao fim (235€). Peça uma das mesas junto à janela e aproveite aquela que é uma das melhores vistas sobre Lisboa.  

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  • Chiado

Quando o prato de cenoura em diferentes texturas com leite de caju se começou a destacar no Belcanto, entre pratos de carne, peixe e marisco, José Avillez percebeu que havia um caminho a desbravar no universo dos vegetais. Não que não o soubesse antes, mas num restaurante como o Belcanto não havia espaço para o fazer com a dedicação necessária. Muitos testes depois, o chef abriu o Encanto. Na cozinha, está João Diogo Formiga. A estrela chegou apenas nove meses depois de ter aberto, tornando-se no primeiro restaurante vegetariano da Península Ibérica a conseguir a proeza. Não há pratos à carta, apenas um menu de degustação com 12 momentos (135€).

  • Chiado
  • preço 4 de 4

Há mais de duas décadas em Portugal, foi só em 2018 que Vincent Farges abriu o primeiro restaurante em nome próprio. O Epur tem uma cozinha com grandes janelas viradas para o Largo da Academia Nacional de Belas Artes e três salas distintas no interior, altas, com vista para o rio Tejo. Como nos foi habituando, o chef segue a linha da cozinha francesa, que tão bem domina, mas sem perder o rasto aos ingredientes portugueses de pequenos produtores. São dois os menus de degustação: Inspirações (120€/sete momentos) e Epurismo (150€/nove momentos).

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  • Belém

Se até 2022 poucos poderiam não conhecer o nome de André Cruz, hoje o chef já não passa despercebido. A tranquilidade e segurança com que encarou o desafio de chefiar o Feitoria fazem deste hoje um dos mais entusiasmantes restaurantes de alta-cozinha na cidade. Há interacção à mesa, tanto do serviço de sala, como da equipa da cozinha e do próprio chef, que mantém uma relação muito próxima com pequenos produtores (e não é cliché, já que o próprio mantém uma horta biológica, colmeias e faz criação de animais). O resultado é uma cozinha de produto sem máscaras em dois menus: um de sete (160€) e outro de oito momentos (180€) e duas versões vegetarianas (120€-140€).

  • Haute cuisine
  • Parque das Nações
  • preço 4 de 4

Vindo do Vistas, no Algarve, Rui Silvestre ocupou sem medo o lugar de Martín Berasategui e Filipe Carvalho no alto da Torre Vasco da Gama. O menu é apenas um e tem como nome uma data: 1497, o ano da partida da expedição de Vasco da Gama, em direcção à Índia. Em 14 momentos (235€), a identidade de Rui Silvestre, mais afastada da linha clássica do chef espanhol que o antecedeu, está bem marcada. E a ambição não é pequena. Uma estrela Michelin já não chega.

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  • Cascais

Quando Gil Fernandes ainda não se imaginava na cozinha, a Fortaleza do Guincho conquistava a primeira estrela Michelin, que mantém até hoje. Estávamos em 2001. Avançando para 2024, Gil é hoje a cara do restaurante. Inspirado pelo mar do Guincho que banha o restaurante e mergulhando na sua história, o chef dá-se a conhecer em dois menus de degustação (145€-190€) onde se destacam sabores bem portugueses, apresentados de forma criativa, dinâmica e cheia de técnica. Desde que assumiu o cargo em 2018, depois da saída de Miguel Rocha Vieira, na altura tornando-se no chef mais novo com uma estrela Michelin – tinha 28 anos –, que Gil se afirmou como uma lufada de ar fresco num hotel histórico.

  • São Sebastião

Tem sido agitada a vida no Kabuki Lisboa, mas a estrela chegou e mantém-se, para lá das mudanças na cozinha. Depois da saída de Andrés Pereda e, mais tarde, de Paulo Alves, hoje é Sebastião Coutinho quem lidera a cozinha deste restaurante nas galerias do Ritz, cuja história começou em Espanha, onde o Kabuki é uma marca consolidada. Por cá, mantém-se o ponto de encontro à mesa entre a cultura japonesa e mediterrânica, sempre marcado pela excepcional qualidade da matéria-prima e pela simplicidade da sua preparação, mas há espaço também para abordar a cozinha japonesa mais próxima do tradicional. É possível pedir à carta, mas a experiência só se entende realmente com o menu de degustação (125€). 

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  • Belém

Não é possível falar da gastronomia japonesa em Portugal sem se referir Paulo Morais, decano da cozinha oriental. A estrela ao Kanazawa chegou no final de 2022, quando o chef já nem a esperava. Em Algés, no pequeno restaurante aberto ainda pelo japonês Tomoaki Kanazawa, que quando regressou ao Japão, em 2017, escolheu Paulo Morais para o seu lugar, homenageia a tradição japonesa como se fosse a sua. Com apenas oito lugares ao balcão, o chef entrega-se à cozinha kaiseki, que tem como pontos fundamentais a sazonalidade e a qualidade do produto. Há quatro menus de degustação, num ritual pensado ao detalhe – três sem bebidas incluídas de 60€, 90€ e 100€ e um de 150€, com tudo incluído. À sexta e ao sábado, o restaurante transforma-se ainda num salão de chá japonês para um lanche especial.

  • Sintra

Se há restaurante que consegue ser laboratório para a criatividade de um chef é o LAB by Sergi Arola. O nome não engana, mesmo que o chef catalão não esteja sempre por lá. A consistência e continuidade é assegurada tranquilamente pelo chef residente Vladmir Veiga, discreto e focado, não acusando nunca o peso que a ausência de Sergi Arola que dá nome ao restaurante pode acarretar. À mesa há muitas influências espanholas pontuadas com ideias de outras paragens, a começar desde logo pelo arranque no menu que é uma autêntica viagem por Portugal. O Menu Pela Serra Dentro (154€) é uma forma de se aventurar, mas se se quiser alongar experimente o Menu Pela Serra Fora (186€).

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  • Estrela/Lapa/Santos

Sem menu, sem regras que não as próprias da casa e apenas com produto português de produtores cujo percurso e trabalho Alexandre Silva conhece bem. É assim o LOCO, restaurante com uma estrela Michelin, que o chef mantém, sem nunca vacilar nos princípios que ali o levaram. O menu não desvenda nada do que vem para a mesa, mas deixa pistas: “O LOCO é orgânico, valoriza os produtos nacionais e a natureza. Vive ao sabor das micro estações, inspira-se na tradição e nas referências identitárias da gastronomia nacional, mas subverte e eleva-as a um outro nível conceptual, desafiando a regra através da pesquisa e experimentação de novos procedimentos. O LOCO é uma corrente criativa constante, uma atitude. É uma experiência total, que promove a relação entre os clientes e a cozinha do restaurante”. No fundo, é confiar. No total, são 16 os momentos (156€/246€ com harmonização).

  • Japonês
  • Sintra
  • preço 4 de 4

O restaurante que tem feito escola na gastronomia japonesa e que desde 2018 ostenta uma estrela Michelin tem, desde 2023, um novo chef residente. Pedro Almeida mantém-se como chef consultor, mas está agora em Portland, nos Estados Unidos. Tiago Santos é quem comanda a cozinha de onde saem pratos delicados. São dois os menus de degustação, o Kiri (144€/oito momentos) e o Yama (177€/nove momentos).

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  • Europeu contemporâneo
  • Santa Maria Maior
  • preço 3 de 4

Foi um dos grandes e justos vencedores na primeira gala do Guia Michelin Portugal e no discurso de agradecimento João Sá acabou a resumir na perfeição o Sála, que mantém há cinco anos na Rua dos Bacalhoeiros: “É um restaurante independente, pequenino, mas ambicioso”. A cozinha, essa, faz-se de misturas. Uma viagem gastronómica que começa em Lisboa e que se estende a outras latitudes, da Índia a África. Há muamba, moqueca, caril, tom yum, mas também caldeirada ou coentrada. Em dois menus (110€ e 140€), a carne existe apenas como um apontamento e nunca como um prato – ao almoço de sexta e sábado, há ainda um menu curto por 50€.

Sim, chef

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