Marlene Vieira
Mariana Valle Lima
Mariana Valle Lima

Restaurantes com estrela Michelin em Lisboa

Há quatro novas entradas na lista dos melhores. Já são 20 restaurantes com estrela Michelin em Lisboa.

Cláudia Lima Carvalho
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Foi uma noite de confirmações, mas também de surpresas, entre as quais a perda da estrela de Ljubomir Stanisic no 100 Maneiras, no Bairro Alto. Foi, acima de tudo, uma noite em grande para a gastronomia portuguesa, que viu reconhecidos oito restaurantes com uma estrela Michelin, entre os quais Marlene, de Marlene Vieira, e o Blind e o Oculto, ambos de Vítor Matos, que já no ano passado se tinha distinguido na gala Michelin. Na capital, além de Marlene, foram distinguidos em 2025 o Arkhe, o Grenache e o YŌSO e há agora 20 restaurantes com estrela Michelin em Lisboa.

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Restaurantes com estrela Michelin em Lisboa

  • Lisboa

Em menos de um ano, o 2 Monkeys, restaurante onde Vítor Matos começou por dividir o protagonismo com Francisco Quintas e agora está com Guilherme Spalk, conseguiu uma estrela Michelin. Com apenas 14 lugares, distribuídos por um grande balcão que contorna a cozinha, o 2 Monkeys parte de uma premissa simples à partida: “Dois chefs, duas origens, uma experiência única”. O menu tem um preço fixo (220€/320€ com harmonização de vinhos), tudo o resto é uma surpresa. Como é prática habitual, pergunta-se, com antecedência, as restrições alimentares, mas deixa-se claro que não há menus alternativos. A partir daí, os pratos sucedem-se numa interacção constante entre cozinheiros e clientes. Tudo acontece à frente de quem se senta e todos os pratos são finalizados no balcão, de forma bem descontraída.

  • Chiado

Henrique Sá Pessoa é uma cara conhecida, especialmente pelas receitas que há anos prepara na televisão, mas é no Alma, onde tem duas estrelas Michelin, que mostra realmente o que vale. Focado no produto português, são dois os menus propostos: no “Alma” (190€) apresentam-se os pratos clássicos do chef como a carne de porco à Alentejana, com terrina de batata, massa de pimentão e molho bulhão pato; no “Costa a Costa” (185€), como o nome deixa antever, mergulha-se na nossa costa e homenageia-se o peixe e o marisco.

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  • Vegetariano
  • Avenida da Liberdade/Príncipe Real
  • preço 2 de 4
  • Recomendado

O restaurante de alta cozinha vegetariana era apontando há muito tempo para as estrelas Michelin e foi quando mudou de morada para um espaço maior e com melhores condições, no Largo do Rato, que acabou por conquistar os inspectores do Guia Michelin. A distinção, porém, tem dado que falar, pela ausência na gala. Quando o Arkhe foi anunciado como um dos novos restaurantes estrelados, o chef João Ricardo Alves não apareceu, nem o sócio Alejandro Chávarro, nem ninguém em representação de ambos. À Time Out, o Alejandro admitiu algumas dificuldades, especialmente a nível de equipa. “É a realidade de um restaurante independente. Às vezes, não dá para sair. Estávamos a trabalhar." Com a equipa reduzida e por opção estratégica, o Arkhe passou a funcionar apenas ao jantar e com apenas um menu de degustação (115€/220€ com harmonização). Foi neste contexto também que nasceu o Arkhave – Wine Bar, um bar de vinhos a funcionar na parte da frente do restaurante de segunda a sexta-feira, a partir das 17.00.

  • Português
  • Chiado
  • Recomendado

É, talvez, o mais icónico dos restaurantes com estrela Michelin no país e tudo se deve a José Avillez e à sua equipa de luxo perfeitamente alinhada. Com duas estrelas Michelin – e num trabalho que procura de forma clara e merecida a terceira –, o Belcanto é uma experiência desde o momento em que se passa a porta. Num ambiente requintado, mas ainda assim descontraído para que todos se sintam à vontade e aproveitem a experiência como esta deve ser aproveitada, o chef propõe um menu de degustação (265€), com diferentes opções de harmonização (120€-450€), que reflecte tanto a história do restaurante, como a sua evolução permanente.

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  • Haute cuisine
  • São Sebastião

Depois de Pedro Pena Bastos lhe ter dado forma, o Cura segue uma nova fase nas mãos de Rodolfo Lavrador, então sous chef. Apesar de estar há três anos no restaurante do Ritz, o novo chef não quer quebrar com o passado, mas dar-lhe continuidade. Num trabalho próximo com os pequenos produtores, privilegiando sempre o produto português, Rodolfo procura aliar tradição e contemporaneidade. São dois os menus, um mais curto de cinco momentos (145€) e outro de dez (185€).

  • São Sebastião
  • Recomendado

Joachim Koerper abriu o Eleven em 2004 quando Lisboa era outra, ainda longe da azáfama gastronómica que hoje se vive, vindo de restaurantes distinguidos com estrela Michelin. No topo do Parque Eduardo VII conquistou a estrela ao fim de apenas nove meses – a primeira, na altura, para Lisboa –, perdeu-a e voltou a conquistá-la logo a seguir, mantendo-a até hoje. É possível almoçar e jantar à la carte, mas não há experiência como menu de degustação – e são vários (149€-255€), entre os quais o menu lavagante, com o marisco presente do princípio ao fim. Ao almoço, há um menu executivo (89€). Peça uma das mesas junto à janela e aproveite aquela que é uma das melhores vistas sobre Lisboa.  

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  • Chiado
  • Recomendado

Quando o prato de cenoura em diferentes texturas com leite de caju se começou a destacar no Belcanto, entre pratos de carne, peixe e marisco, José Avillez percebeu que havia um caminho a desbravar no universo dos vegetais. Não que não o soubesse antes, mas num restaurante como o Belcanto não havia espaço para o fazer com a dedicação necessária. Muitos testes depois, o chef abriu o Encanto. Na cozinha, está Diogo Formiga, que tem vindo a fazer um trabalho único – e para isso muito poderá contribuir a sua formação em biologia. A estrela chegou apenas nove meses depois de ter aberto, tornando-se no primeiro restaurante vegetariano da Península Ibérica a conseguir a proeza. Já na gala Michelin deste ano, o Encanto foi o único restaurante a receber uma estrela verde, pelo seu trabalho na área da sustentabilidade. Não há pratos à carta, apenas um menu de degustação com 12 momentos (155€).

  • Chiado
  • preço 4 de 4
  • Recomendado

Há mais de duas décadas em Portugal, foi só em 2018 que Vincent Farges abriu o primeiro restaurante em nome próprio. O Epur tem uma cozinha com grandes janelas viradas para o Largo da Academia Nacional de Belas Artes e três salas distintas no interior, altas, com vista para o rio Tejo. Como nos foi habituando, o chef segue a linha da cozinha francesa, que tão bem domina, mas sem perder o rasto aos ingredientes portugueses de pequenos produtores. O restaurante encontra-se neste momento fechado para umas obras de renovação, depois de ter sido comprado pela Casa do Marquês, empresa de eventos e catering. 

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  • Belém
  • Recomendado

Se até 2022 poucos poderiam não conhecer o nome de André Cruz, hoje o chef já não passa despercebido. A tranquilidade e segurança com que encarou o desafio de chefiar o Feitoria fazem deste hoje um dos mais entusiasmantes restaurantes de alta-cozinha na cidade. O chef mantém uma relação muito próxima com pequenos produtores (e não é cliché, já que o próprio mantém uma horta biológica, colmeias e faz criação de animais). O resultado é uma cozinha de produto sem máscaras em dois menus: um de sete (160€) e outro de oito momentos (180€) e duas versões vegetarianas (120€-140€).

  • Haute cuisine
  • Parque das Nações
  • preço 4 de 4
  • Recomendado

Vindo do Vistas, no Algarve, Rui Silvestre ocupou sem medo o lugar de Martín Berasategui e Filipe Carvalho no alto da Torre Vasco da Gama. E não podia ser mais diferente. A sala é dinâmica e ganhou vida e na cozinha o chef segue uma linha mais arrojada, sem descurar a técnica. O menu é fruto das suas memórias e influências, tendo as suas origens bem vincadas (tem uma avó indiana, a mãe é moçambicana e o pai português). Em 14 momentos (235€), a identidade de Rui Silvestre, mais afastada da linha clássica do chef espanhol que o antecedeu, está bem marcada. E a ambição não é pequena. Uma estrela Michelin já não chega. Falta dizer que o restaurante é casa também de Marc Pinto, que na Gala Michelin deste ano foi distinguido como o melhor sommelier.

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  • Cascais

Quando Gil Fernandes ainda não se imaginava na cozinha, a Fortaleza do Guincho conquistava a primeira estrela Michelin, que mantém até hoje. Estávamos em 2001. Avançando para 2024, Gil é hoje a cara do restaurante. Inspirado pelo mar do Guincho que banha o restaurante e mergulhando na sua história, o chef dá-se a conhecer em dois menus de degustação (145€-190€) onde se destacam sabores bem portugueses, apresentados de forma criativa, dinâmica e cheia de técnica. Desde que assumiu o cargo em 2018, depois da saída de Miguel Rocha Vieira, na altura tornando-se no chef mais novo com uma estrela Michelin – tinha 28 anos –, que Gil se afirmou como uma lufada de ar fresco num hotel histórico.

  • Castelo de São Jorge

Foi no renovado Palácio Belmonte, no Pátio de Dom Fradique, praticamente ao lado do Castelo de São Jorge, que o francês Philippe Gelfi abriu o Grenache, uma das novas estrelas da cidade. O seu caminho tem sido discreto e foi com emoção que subiu ao palco da cerimónia de entrega das estrelas. “Comecei a minha carreira com 15 anos e a estrela Michelin sempre foi um sonho”, disse. O chef chegou a Lisboa depois de ter passado por várias cozinhas em França. Não é de estranhar que a escola francesa esteja na base de tudo, com uma boa dose de criatividade. Há dois menus, o Grenache (105€) e o Experience (135€).

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  • São Sebastião

Tem sido agitada a vida no Kabuki Lisboa, mas a estrela chegou e mantém-se, para lá das mudanças na cozinha. Depois da saída de Andrés Pereda e, mais tarde, de Paulo Alves, hoje é Sebastião Coutinho quem lidera a cozinha deste restaurante nas galerias do Ritz, cuja história começou em Espanha, onde o Kabuki é uma marca consolidada. Por cá, mantém-se o ponto de encontro à mesa entre a cultura japonesa e mediterrânica, sempre marcado pela excepcional qualidade da matéria-prima e pela simplicidade da sua preparação, mas há espaço também para abordar a cozinha japonesa mais próxima do tradicional. É possível pedir à carta, mas a experiência só se entende realmente com o menu de degustação (125€). Ao almoço, há também um menu executivo (49€).

  • Belém
  • Recomendado

Não é possível falar da gastronomia japonesa em Portugal sem se referir Paulo Morais, decano da cozinha oriental. A estrela ao Kanazawa chegou no final de 2022, quando o chef já nem a esperava. Em Algés, no pequeno restaurante aberto ainda pelo japonês Tomoaki Kanazawa, que quando regressou ao Japão, em 2017, escolheu Paulo Morais para o seu lugar, homenageia a tradição japonesa como se fosse a sua. Com apenas oito lugares ao balcão, o chef entrega-se à cozinha kaiseki, que tem como pontos fundamentais a sazonalidade e a qualidade do produto. Há quatro menus de degustação, num ritual pensado ao detalhe – três sem bebidas incluídas de 60€, 90€ e 100€ e um de 150€, com tudo incluído. À sexta e ao sábado, o restaurante transforma-se ainda num salão de chá japonês para um lanche especial.

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  • Sintra

Se há restaurante que consegue ser laboratório para a criatividade de um chef é o LAB by Sergi Arola. O nome não engana, mesmo que o chef catalão não esteja sempre por lá. A consistência e continuidade é assegurada tranquilamente pelo chef residente Vladmir Veiga, discreto e focado, não acusando nunca o peso que a ausência de Sergi Arola que dá nome ao restaurante pode acarretar. À mesa há muitas influências espanholas pontuadas com ideias de outras paragens, a começar desde logo pelo arranque no menu que é uma autêntica viagem por Portugal. O Em Memória (158€) é uma forma de se aventurar, mas se se quiser alongar experimente o Herança (192€).

  • Estrela/Lapa/Santos
  • Recomendado

Sem menu, sem regras que não as próprias da casa e apenas com produto português de produtores cujo percurso e trabalho Alexandre Silva conhece bem. É assim o LOCO, restaurante com uma estrela Michelin, que o chef mantém, sem nunca vacilar nos princípios que ali o levaram. O menu não desvenda nada do que vem para a mesa, mas deixa pistas: “O LOCO é orgânico, valoriza os produtos nacionais e a natureza. Vive ao sabor das micro estações, inspira-se na tradição e nas referências identitárias da gastronomia nacional, mas subverte e eleva-as a um outro nível conceptual, desafiando a regra através da pesquisa e experimentação de novos procedimentos. O LOCO é uma corrente criativa constante, uma atitude. É uma experiência total, que promove a relação entre os clientes e a cozinha do restaurante”. No fundo, é confiar. No total, são 16 os momentos (160€/250€ com harmonização).

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  • Alfama
  • Recomendado

Era só uma questão de tempo e a ovação na gala Michelin foi disso prova. Portugal tem, finalmente, uma mulher com uma estrela Michelin. A antecipada e muito desejada estrela chegou finalmente a Marlene Vieira com o seu Marlene, aberto em Santa Apolónia há dois anos. É por inteiro e sem medos que a chef se apresenta com dois menus de degustação (150€/12 momentos ou 115€/9 momentos) que não se anunciam por estarem dependentes do produto e dos seus produtores, bem como da sua criatividade. É cozinha portuguesa e internacional, é a vida e o percurso de Marlene até aqui.

  • Japonês
  • Sintra
  • preço 4 de 4
  • Recomendado

O restaurante que tem feito escola na gastronomia japonesa e que desde 2018 ostenta uma estrela Michelin tem, desde 2023, um novo chef residente. Pedro Almeida mantém-se como chef consultor, mas está agora em Portland, nos Estados Unidos. Tiago Santos é quem comanda a cozinha de onde saem pratos delicados. São dois os menus de degustação, o Kiri (158€/oito momentos) e o Yama (192€/nove momentos).

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  • Europeu contemporâneo
  • Santa Maria Maior
  • preço 3 de 4
  • Recomendado

Quando há um ano João Sá recebeu a estrela Michelin, em palco, acabou a resumir na perfeição o Sála, que mantém há seis anos na Rua dos Bacalhoeiros: “É um restaurante independente, pequenino, mas ambicioso”. A cozinha, essa, faz-se de misturas. Uma viagem gastronómica que começa em Lisboa e que se estende a outras latitudes, da Índia a África. Há muamba, moqueca, caril, tom yum, mas também caldeirada ou coentrada. Em dois menus (120€ e 150€), a carne existe apenas como um apontamento e nunca como um prato.

  • Estrela/Lapa/Santos
  • Recomendado

Quando abriu, no Verão de 2024, Habner Gomes não escondeu nunca ao que ia. O objectivo era uma estrela Michelin. Oito meses depois, ela chegou, no restaurante pensado e desenhado por si. O balcão com nove lugares apenas está no centro de tudo. Não há ruído, nem excesso. O nome é uma referência aos quatro elementos (fogo, terra, ar e água) e no menu (95€) não há descrição de pratos ou ingredientes, apenas técnicas listadas: sakizuke, hassun, otsukuri, yakimono, suimono, niguirizushi, makimono, agemono, yogashi. Do lado de José Balau, também sócio, fica a harmonização (45€).

Sim, chef

Quando há cerca de um ano, Vítor Matos foi chamado por duas vezes ao palco da primeira gala do Guia Michelin dedicada em exclusivo a Portugal, a surpresa foi geral. Nem o próprio achou que tal poderia ser possível. Ganhou uma estrela para o 2Monkeys, então aberto há dez meses com o chef Francisco Quintas, em Lisboa, e a segunda para o Antiquvvm – o único restaurante a conseguir tal distinção em 2024. 

É o chef português com mais estrelas Michelin, com duas a chegarem de rompante no último ano, primeiro à Tasca, no Hotel Mandarin Oriental Jumeira, no Dubai, e depois ao Encanto, no Chiado, mesmo ao lado do Belcanto, onde há muito se espera a terceira estrela – essa é que ainda tarda. Está na liga dos grandes nomes da gastronomia mundial, mas garante que mantém os pés na terra, até porque nunca se imaginou onde está hoje, mas antes num pequeno restaurante de bairro em Cascais.

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Marlene, a destemida. Marlene, a lutadora. Marlene, a chef. É assim que Marlene Vieira se apresenta no seu novo restaurante de alta cozinha, um sonho há muito adiado. Marlene, assim com a vírgula colada ao nome, está de portas abertas, no Terminal de Cruzeiros de Lisboa, na porta ao lado do Zunzum. Mas se o gastrobar que abriu em plena pandemia é cheio de cor, Marlene, é sóbrio. Tons escuros, meia luz, a cozinha no centro de tudo, rodeada de um balcão. De fora, pouco se vê, no interior está tudo à vista. 

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