Restaurante, Puro 4050, Cozinha Italiana
©João SaramagoPuro 4050
©João Saramago

Críticas de restaurantes

O panorama gastronómico do Porto avaliado por quem sabe. Com a ajuda dos nossos críticos escolha onde jantar, marcar um almoço de negócios ou organizar aquele encontro de amigos que nunca mais sai do grupo de Whatsapp

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Antes de navegar pelo slideshow abaixo, fique a saber que as críticas de restaurantes da Time Out são uma experiência relatada por quem anda há anos a fazer disto vida. Em anonimato, os nossos especialistas em Comer & Beber sentam-se à mesa, provam de tudo um pouco, pedem a conta e depois escrevem sobre o que acharam dos pratos, do serviço, do espaço e de tudo o que pode transformar uma refeição numa experiência 5 estrelas – ou num pesadelo.

Isto de ser fiscal da restauração portuense não é fácil, mas encaramos o sacrifício como um género de serviço público. Sirva-se à vontade das nossas críticas de restaurantes. E repita.

Críticas de restaurantes

  • Vegetariano
  • Leça da Palmeira
  • preço 2 de 4
  • 5/5 estrelas
  • Recomendado

A geração millennial não sabe muito bem o que há-de fazer com a vida. Anda assim para o descompensado. Pelo menos uma parte, aquela parte que sonha em ir viver para o campo e deixar de arrendar a casa, partilhada com desconhecidos, por um valor que há muito se tornou insuportável. Aquela parte que até gostaria de ter uma horta biológica no jardim, mas que por enquanto vai buscar um cabaz, por 3,50€, à Fruta Feia. Aquela que come menos carne vinda dos supermercados e que fica com pesadelos à noite à conta de documentários como o Cowspiracy. A que apoia a Greta e odeia o Trump.

Do outro lado do balcão – um robusto, maciço e centenário tronco de árvore – está Nuno Castro, um desses millennials que parecem tão bem inserir-se naquele grupo de pessoas cheias de vontade de mudar o mundo. É o chef ao leme de uma cozinha aberta sobre uma bonita e acolhedora sala forrada a vegetação suspensa, ferro e madeira.

  • Restaurantes
  • Galerias
  • preço 3 de 4
  • 5/5 estrelas
  • Recomendado

Há muito que os restaurantes deixaram de servir apenas para comer. Tornaram-se experiências gastronómicas onde todos os detalhes contam. Do serviço à decoração. Da garrafeira ao que vem no prato. O Elemento tem tudo isto. E quer tudo isto. Que a refeição perdure, muito depois da digestão, na memória de quem lá vai.

A cozinha, aberta sobre um balcão de mármore branco, curvo e convidativo, cheio de turistas, exala um cheiro a madeira queimada que se propaga pelas paredes graníticas e pelo chão de cimento afagado. Ao fundo, um pequeno terraço com uma oliveira e, antes dele, a garrafeira debaixo de uma arcada, compõem o espaço. É de lá que vem o vinho com o qual iniciamos a refeição. Um Beyra, da Beira Interior, muito fresco 
e com um toque mineral, resultado da uva ter crescido num solo xistoso. Para quem gosta de vinhos salgados, a saber a maresia, é uma boa escolha. O pão de azeitonas do couvert chega à mesa ainda morno, com uma boa crosta, muito ar e uma ligeira acidez da fermentação. Acompanha-o uma manteiga cítrica aromatizada com cebolinho e alecrim. A meio do jantar pedimos uma segunda dose.

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  • Restaurantes
  • Bonfim
  • preço 2 de 4
  • 5/5 estrelas
  • Recomendado

Não foi preciso estar com muita atenção para perceber que nos últimos anos a cena gastronómica portuense mudou. E muito. E no meio de nascimentos quase espontâneos de dezenas de restaurantes e espaços de restauração, bons e maus, todos os meses, há alguns que desafiam a norma e chegam a bom porto pelo caminho mais arriscado – tal e qual os salmões do Norte que sobem os rios contra a corrente e proporcionam, a quem vê, um bonito espectáculo da natureza.

É a esses restaurantes que mais atenção gostamos de dar. Não só porque exploram novos produtos ou técnicas, mas porque nos divertem à mesa, nos dão experiências e nos criam memórias. E comer, nos dias que correm, é muito feito disso. Assim foi no Apego, um restaurante no topo da Rua de Santa Catarina, na parte mais deserta daquela que é a artéria mais movimentada da cidade.

  • Italiano
  • Flores
  • preço 2 de 4
  • 5/5 estrelas
  • Recomendado

A EXPECTATIVA A ideia de ir conhecer mais um “conceito gastronómico inovador” na cidade deixou-me com a excitação de um actor porno ao final do dia. E a ideia de o conceito ser italiano e não ter à frente uma única pessoa italiana aumentou ainda mais a desconfiança. Duvido de restaurantes italianos feitos por portugueses, como duvido de sushi feito por chineses, como duvido de cozinha portuguesa feita por ingleses. QUEM NÃO COME BURRATA É BURRO Mas depois apareceu a burrata (200 g, 8,50€). Em Portugal, é difícil encontrar burrata nos restaurantes e uma das razões é porque ela deve ser consumida fresca, como se fosse um requeijão, tem de ser importada e custa mais do que queijo da Serra DOP. As pessoas tendem a olhar para estas bolas polidas como uma espécie de mozarela que podiam barrar nas tostas ao pequeno-almoço ou servir numa dessas saladas de cadeia de centro comercial.

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  • Cozinha contemporânea
  • Bonfim
  • preço 4 de 4
  • 5/5 estrelas
  • Recomendado

Quando cheguei, ele já lá estava. Extremamente pontual. Mais um ponto a favor. Conheci-o no Tinder e à terceira mensagem estávamos a falar de fatias de toucinho do céu, ovos moles, queijadas de Sintra e pastéis de nata. À quinta, enviou-me um daqueles tutoriais sobre como cozinhar um bife na perfeição – o meu ponto fraco gastronómico, já que vivo sempre em stress com medo de o deixar passar demais. Por isso, já que a conversa se desenrolava mais na cozinha do que em qualquer outra parte da casa, pareceu-me adequado convidá-lo para uma visita ao novo Euskalduna Studio, o restaurante do chef Vasco Coelho Santos, que passou pelas cozinhas bascas do Mugaritz, duas estrelas Michelin e em 9.º lugar do World’s 50 Best Restaurants, e do Arzak, com três estrelas e em 30.º da lista. Euskalduna quer, precisamente, dizer basco, em basco.

  • Foz
  • preço 4 de 4
  • 5/5 estrelas
  • Recomendado

Pedro Lemos é, quem diria, engenheiro de formação. Mas não é por essa via que o seu talento é conhecido. O seu percurso cedo virou para os tachos e, depois de ter aprendido com Castro e Silva, Hélio Loureiro e Aimée Barroyer ( que saudades do Pestana Palace…), assumiu-se como chef na Quinta da Romaneira. 
Daí à abertura do seu Pedro Lemos foi um tiro. E na mouche. Recentemente foi considerado pelo famoso Matt Kramer, da Wine Spectator, como o melhor chef do Porto e escolhido, juntamente com George Mendes (Aldea, Nova Iorque) e Rui Correira (Restaurante Douro, Nova Iorque), para as comemorações do 10 de Junho em Nova Iorque. Voltas e reviravoltas que para aqui não contam.

Críticas de restaurantes

  • Português
  • Baixa
  • preço 2 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

O portuense anda assustado com as rendas altas que não consegue pagar; anda aborrecido porque não consegue contornar as enchentes de turistas que formam filas nos passeios e impedem um fluxo pedonal tranquilo; anda esfomeado porque os restaurantes da Baixa parecem só responder a um outro sotaque.

Aquela Rua de Sá de Noronha era um desses casos. Era. Em menos de um ano fecharam dois espaços. O Café Progresso, mesmo na esquina, em cuja parede pode ler-se ostensivamente “O Café Mais Antigo do Porto” e que, apesar do grande investimento inicial na reabilitação do espaço, não passou de uma armadilha para turistas, com comida bastante fraca para o que seria de esperar. E, depois, o Panca Cevicheria & Pisco Bar, que apostou num atendimento mais virado para quem nos visitava, esquecendo-se de que por muito boa que seja a comida, um restaurante não vive só disso.

  • Japonês
  • Baixa
  • preço 2 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

A simpatia de Miguel Cunha e a mão para a cozinha de Sako Arao são os melhores trunfos deste bonito recanto
 na Rua dos Bragas. A dupla maravilha mudou-se para aqui, recentemente, depois de ter conquistado muitas barrigas nas Galerias Lumière, espaço que se tornou pequeno para tanta fama e já só funcionava mediante reserva.

Numa ardósia na parede apresentam as sugestões do dia e há muitas opções para
 o pequeno-almoço. Chamam à atenção, por exemplo, as torradas de pão de arroz de fermentação lenta e as panquecas de trigo sarraceno, ambas servidas com feijão azuki doce e manteiga de coco ou com creme de soja e compota fermentada.

Como chegámos pela hora de almoço, coube-nos em sorte um outro panorama. Para começar a refeição, serviram-nos um caldo fino e saboroso, bem aromático, muito leve e muito fresco, apropriado para um dia de Verão (assim pode sempre comer sopa durante o estio sem suar as estopinhas). Na sua composição? Uma receita simples com ingredientes despretensiosos, abrilhantada por curgetes, ervilhas de quebrar, grão de bico, menta e raspas de limão. Estes dois últimos a dar aquele toque fresco e cítrico que muda tudo.

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  • Restaurantes
  • Santa Catarina
  • preço 2 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

É tramado quando temos amigos um bocado metafísicos, com uma sensibilidade artística de tal forma apurada que se estende dos olhos ao palato e que conseguem ver num prato de atum um quadro de Kandinsky. Do outro lado da mesa fiz uma tentativa de imaginar um Rembrandt, olhando atentamente para a luz que incidia sobre os rabos de porco desfeitos numa moleza boa de carne, gordura e cartilagens, com muitos cominhos à mistura (5€). Mas lembraram-me mais uma pintura de Pollock, um tanto desajeitada, e desisti.

A piada deste prato estava na simplicidade. Não são muitos os restaurantes que apostam em partes menos nobres dos animais – talvez com medo que 
a clientela torça o nariz (coisa que está a mudar e ainda bem) –, mas os rabos de porco acompanhados por um creme de amêndoa, pickles de couve flor e crocantes de amêndoa (havia doçura, sal e crocância, só senti falta de um elemento mais fresco para contrabalançar), foi um começo com graça. Menos engraçados foram os cornetos de carne maturada (5€). Esta carne é uma das especialidades deste restaurante, inserido no ZERO, o alojamento que o grupo lisboeta Mainside abriu na Rua do Ateneu Comercial do Porto. Dentro deste espaço desafogado de estilo retro-industrial há ainda um cofre, que deu assistência ao Banco Mello e à União de Bancos, que ali funcionaram, forrado 
a carpetes que custaram os olhos da cara, segundo o funcionário que nos atendeu.

  • Pizza
  • Baixa
  • preço 1 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Vivi em Itália e por lá ficaria se não gostasse tanto de cá estar. Ainda não encontrei povo tão parecido connosco como aquele. Somos todos demasiado burocráticos, intrometidos na vida alheia e epicuristas por natureza, sobretudo quando o assunto é comida. Em suma, somos iguais. Por isso, uma tábua de queijos e enchidos para começar a refeição é sempre uma boa aposta. Aqui ou na terra do Papa. A de tamanho pequeno veio para a mesa com rodelas de salame picante, salame de Nápoles, presunto de Parma, mais queijo parmesão, pecorino e provolone (14€). Uns DOP, outros não. Tudo bom e acompanhado por um atendimento atencioso e vinho branco a copo.

Ainda antes da pizza, um dos pratos do dia: raviólis de abóbora (17€). A massa estava al dente, cozinhada no ponto e, presumo, era caseira, dada a grossura. Um pouco mais fina, ficava melhor. Senti falta de mais recheio, soube pouco a abóbora, contudo, o molho de natas e manteiga, carregado de pimenta preta, estava bom, assim como a bresaola, uma espécie de carne seca bovina que abrilhantava o prato e equilibrava o doce com o salgado. O azeite de trufa por cima era desnecessário, o prato estava bem composto, mas pode sempre funcionar como sugestão à parte.

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  • Indiano
  • Baixa
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Como transformar um buraco escuro e pequeno numa coisa maravilhosa? Quando se deparar com um impasse de bricolage, peça ajuda a Atul Parbudas, o dono deste novo restaurante de street food indiana na Baixa (e também do Portugandhi, no Marquês). Este Bollywood não vai constar em nenhum catálogo de ideias para a
casa, é certo, mas é genuíno,
 a começar pela decoração: cadeiras de madeira coloridas, mesas pequenas onde só cabem 20 pessoas no total, um banco corrido com uma almofada comprida forrada a tecido de estofo
 de automóvel dos anos 80,
 e dezenas de fotografias de celebridades cinematográficas de Bollywood espalhadas pelas paredes. Genuína é também a comida que aqui se faz. E a conjugação destes dois factores resultam num espaço (outrora irrelevante) que se assemelha agora a um gabinete terapêutico. Porque cuidar do estômago é cuidar da alma – teoria que defendo com convicção. Mas vamos ao que interessa.

Papadoms salgadinhos e estaladiços e chutneys doces e picantes (1€), e um cesto de bom pão naan com queijo e alho (3,50€), muito guloso, para começar. Depois, chamuças, obviamente (4€/2 uni.). A massa estaladiça e fininha e com uma boa fritura estava merecedora de umas cinco estrelas, tal como os recheios saborosos.

  • Fusão
  • Porto
  • preço 2 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

A menina tinha razão. O raio do vinho era bom. Um Aventura branco de 2017,
 um regional alentejano resultado de uma mistura de castas que deixava um arrasto mineral e perfumado na boca e dava vontade de soltar estalidos com a língua e sonoros “ahhhhs” no fim. Depois, o barulho da crosta do pão caseiro, feito a partir de massa mãe, a ceder à pressão aplicada pelos indicadores e polegares. Com muito ar, uma leve acidez, pedia para ser barrado com o paté de abacate e poejo que o acompanhava. Lá fora chovia, as bátegas contra a vidraça. O riso dela. Tudo isto era música para os meus ouvidos.

Houve tempos em que o meu Id e
 o meu Ego entravam em conflito em restaurantes. Se o primeiro, inato, não suporta uma data de coisas – como favas e ervilhas murchas, mel, cenoura cozida...
– o outro usa toda a sua diplomacia para o convencer a experimentar, com o objectivo de me tornar num homem mais erudito gastronomicamente, menos abrutalhado, menos esquisitinho. Mas, verdade seja dita, isto só acaba bem quando se confia no chef. E ao Vasco Coelho Santos eu deixava que ele me alimentasse a favas e cenouras cozidas. Por isso, à confiança, pedi a cabeça de xara (7€), um paté feito com as partes moles da cabeça do porco, como a língua, a pele, as cartilagens.

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  • Português
  • Ribeira
  • preço 3 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Corro o risco de ser preso, de ficar
 com um termo de identidade e residência, com uma pulseira electrónica no pé, ou pior, de levar com uma medida cautelar de afastamento e de me ver obrigado a dar uma distância mínima de 500 metros sempre que passar por um dos seus restaurantes.
 O chef Miguel Castro e Silva não sabe, mas tem um stalker, vai já para muitos anos.

Dos tempos do Bull & Bear, aqui no Porto, onde fui quando era ainda um jovem de barba rala, aos seus espaços em Lisboa, já com uma pilosidade facial mais aceitável
 no mundo dos negócios, segui-o. Foi ele que me fez gostar de favas e cheguei a levar para casa algumas das suas criações em vácuo cozinhadas a baixa temperatura, das quais foi pioneiro em Portugal. Por isso, se o Miguel tivesse uma banda, eu era uma groupie e pedia-lhe para me fazer um filho.

  • Restaurantes
  • Baixa
  • preço 1 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Deitar cedo e cedo erguer é uma boa ideia para quem quer apanhar as coisas deliciosas que Patrícia e Emanuel Sousa, irmãos e donos deste restaurante que abriu no Verão em Cedofeita, preparam todos os dias. O ambiente é acolhedor, com uma decoração moderna e minimalista, com toques vintage aqui e ali, e uma sala espelhada interior, mais reservada, que vale a pena espreitar. A carta também não é dada a grandes floreados. E ainda bem. É simples, boa e eficaz.

Chegámos para um pequeno-almoço reforçado. Da secção Grãos, Cereais e Frutas escolhemos uma taça de pudim de chia preparada com leite de amêndoa, meia líquida mas com uma boa consistência, mais creme de caju e adornada com uma saborosa banana da Madeira, mirtilos e sementes de papoila (4,50€). Bem boa. Ainda dessa lista pedimos as papas de arroz com leite e água de coco, mel de urze, baunilha, lascas de coco e canela (4,50€). Reconfortante, apesar de lhe faltar sabor e alegria.

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  • Português
  • Porto
  • preço 2 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Uma má companhia pode deitar tudo a perder. E a História faz questão de 
nos atirar isso à cara. Atentemos no que aconteceu a Adão e Eva, que acabaram expulsos do Paraíso; à conta de Dalila, Sansão perdeu a força e ficou sem as tranças; e a vida pouco recomendável de Clyde atirou Bonnie para um fim trágico. Se tivéssemos que contar a história deste restaurante apenas do ponto de vista dos protagonistas, dispensando os actores secundários, este teria chegado sem dificuldade às
 cinco estrelas. Ainda assim, nada foi tão dramático como os exemplos supracitados. Ninguém nos convidou a sair, mantivemos todo o cabelo na cabeça e dali fomos para casa e não desta para melhor. Mas vamos ao que interessa. A dona Amélia tinha um restaurante na Ramada Alta, mas mudou-se para o Campo Alegre onde continua a fazer felizes os seus clientes de sempre. E para sempre.

  • Português
  • Campo Alegre
  • preço 1 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Falaram-me bem deste despretensioso restaurante na Boavista, portanto, meti o estômago a caminho. A refeição começou com um atendimento atencioso, se bem que um pouco exagerado, ao qual se seguiu um croquete saboroso, um rissol com um grande camarão, um bom bolinho de bacalhau e uma patanisca cheia deste peixe. Continuou com uns filetes de peixe branco (a precisar de mais tempero e mais tempo a escorrer) e com uns belíssimos rojões, muito tenros e saborosos, a especialidade da casa. Tudo rematado por uma das melhores fatias de bolo de bolacha que comi nos últimos tempos.

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  • Português
  • Santa Catarina
  • preço 2 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Sabíamos ao que íamos. 
José Canelas (sala) e Maria da Soledade (cozinha), corpo e alma da mítica Casa Nanda durante quase 40 anos (juntamente 
com a dona Fernanda, que lá permaneceu), partiram para outra aventura no final do ano passado, numa altura em que a comida tradicional portuguesa parece caída no esquecimento pelos restaurateurs. Abriram o Senhor Zé ali para os lados dos Poveiros. E o senhor Zé abriu-nos a porta com uma recepção cordial e calorosa que só sai genuína depois de muitos anos a virar frangos – apesar de não termos comido nenhum nesse dia. Entretive-me a roer a boa broa, enquanto deitava uma mirada aos recortes de revistas e jornais encaixilhados nas paredes a dar conta da abertura deste novo restaurante. Não sobrava espaço nem para mais um louvor.

  • Steakhouse
  • Galerias
  • preço 3 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

O Muu é tão bonito que o meu namorado ficou à conversa com o empregado de mesa, que entretanto se instalara no sofá ao meu lado, tecendo rasgados elogios aos rebites, às dobradiças, às chapas acobreadas, e ao impressionante trabalho que o metalúrgico fizera ao revestir parte do restaurante a metal. O resto da elegância desta steakhouse na Baixa dividia-se entre uma parede em tijolinho, a dar ares industriais; uma imponente garrafeira iluminada, com uma grande oferta de vinhos; uns opulentos pedaços de carne em maturação, numa vitrina sobre a cozinha aberta, e outros pormenores. A minha meia hora a decidir o que vestir para o jantar foi em vão, pensei. E aceitei que naquela noite havia muito mais para onde olhar. Depressa a nossa atenção recaiu sobre o que começou a chegar à mesa.

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  • Cafés
  • Baixa
  • preço 2 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Fomos de férias para um sítio remoto onde comer e dormir eram práticas diárias comuns entre os hóspedes. O calor abrasador,
 a parca oferta cultural (à
 parte dos animadíssimos arraiais para emigrantes) e 
os bons restaurantes da zona foram o cocktail ideal para regressarmos à base mais pesados. O fruto do meu excesso instalou-se nos quadris, o dele na barriga. Jurámos que voltaríamos
 ao ginásio e que nos próximos tempos só comeríamos verdes 
e grelhados. Projectadas as expectativas, fomos almoçar ao BOP e saímos de lá a rebolar, a amaldiçoar a gula desenfreada, e a fazer novas juras em cima das anteriores. O BOP tem poucas mesas. Em contrapartida tem uma colecção de vinis digna de reverência (a banda sonora é feita com a ajuda de um gira-discos e depende muito do estado de espírito do funcionário no dia). Também tem uma lista de cervejas simpática e serve um café 100% arábica.

  • Japonês
  • Baixa
  • preço 2 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Há quem dobre a roupa interior por cores, ou esfregue os dentes 37 vezes de cada lado. Em cima e em baixo. O meu transtorno obsessivo-compulsivo não é tão minucioso mas é a fraqueza perfeita para me tornar o alvo de chacota da Rita, a minha mulher, que, mal entrou no Gion, não perdeu a oportunidade. “Tens a certeza de que queres comer aqui? Não te vais sentir mal? Se calhar era melhor fazeres jejum. Não te fazia mal nenhum fazeres jejum.” As mesas estavam enviesadas em relação à parede e, adepto da simetria, não suporto coisas que não estejam paralelas. Suei frio enquanto descia as escadinhas (dissimuladamente, claro, para não dar parte de fraco), e as mesas desalinhadas (para que coubessem mais porque o espaço é pequeno) foram rapidamente esquecidas à conta do bom atendimento. Rápido, atencioso e informado, foi dos melhores nos últimos tempos.

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  • Cozinha contemporânea
  • Bonfim
  • preço 3 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Há uns anos, à saída de um restaurante com estrela Michelin, perguntei ao chef, que se despedia dos clientes à porta, se ele tinha deitado MDMA na comida. O meu estado de excitação e de alegria era tal que ponderei seriamente a hipótese de me terem drogado a refeição. A resposta foi um não, obviamente, portanto atribuí a felicidade que sentia ao incrível menu de degustação dessa noite e à brilhante harmonização que o escanção fizera com os pratos. Desde então já me sentei à mesa de muitos
 e bons restaurantes, que me serviram coisas incríveis e que me ensinaram outras tantas. Em quase todos sabia ao que ia, por isso, a surpresa era expectável. Mas numa destas sextas-feiras quentes à noite, e sem ter dado um aviso prévio ao meu sentido retronasal, fui jantar a um simpático restaurante, com poucas mesas,
 ali para os lados do Bonfim, e saí de lá como se tivesse embarcado numa bela trip.

  • Português
  • Cedofeita
  • preço 1 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Sempre gostei da Casa Ferreira. Não apenas da comida, muito caseira, muito boa, mas do conjunto em si. Daquele serviço atencioso e rápido, do sítio com paredes de pedra e sempre cheio de locais ao almoço, do balcão de entrada onde se ajustavam as contas e, volta e meia, se bebia um digestivo. A nova Casa Ferreira não tem este encanto. A mudança para a Rua do Breiner trouxe-lhe talvez o dobro do espaço e, ao que parece, pelo menos à hora do almoço, menos gente. As conversas dos outros ouvem-se mais, as mesas do principio da sala ficam ocupadas e lá ao fundo há um vazio - suponho que os grupos da noite dêem conta do recado. Quanto à comida, garante o actual dono, filho do fundador, está tal e qual na mesma. "É a minha mãe que cozinha. Os pratos são iguais".

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  • Europeu contemporâneo
  • Baixa
  • preço 2 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Os restaurantes com mesas comunais podem ser perigosos. Ainda no outro dia, sentou-se ao meu lado um indivíduo enorme que passou o tempo a dar-me cotoveladas e a falar da ciência do Insterstellar como se a sua amiga estivesse do outro lado da sala. Acontece. O mais comum, no entanto, é que as pessoas façam um esforço por serem civilizadas, e por vezes há até encontros felizes e cruzam-se conversas e as interações prosseguem porta fora. É o convívio, é a partilha, é bonito. Ora este Brick tem porventura a mesa comunal mais bonita do país, um grande rectângulo de madeira no centro do qual poisam flores, tachos, boiões. O espaço é luminoso, rústico e sofisticado, um cruzamento de monte alentejano com Notting Hill, com a cozinha aberta, logo ali. É de lá que vêm os pratos, quem cozinha muitas vezes é quem serve. O quê?

  • Português
  • Baixa
  • preço 3 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Eu bem tento ser um homem elegante. Encostado a uma das laterais do guarda-roupa há um fato que todos os dias me desafia: “Quando é que me voltas a vestir, seu gordo?”. Há uns dias enchi-me de coragem e enfiei-me dentro dele. A minha mulher perdeu-se de riso e, antes que tivesse oportunidade de me tornar num alvo da sua chacota, convidei-a para jantar. E a Rita, habituada a ver-me sempre mal-amanhado, nem se importou de sair à rua com um boneco da Michelin. Arranjei estacionamento à porta do Almeja numa sexta-feira à noite (estava com uma sorte dos diabos), mas o casaco apertado restringia-me os movimentos, pelo que só à terceira tentativa é que consegui enfiar 
o carro no lugar.

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  • Pizza
  • Galerias
  • preço 2 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Sempre fui uma pessoa de constituição magra, mas há uns dez anos, a estudar em Itália, consegui a proeza de engordar sete quilos em quatro meses. E convenhamos, agora que olho para as fotografias, a semelhança entre a minha pessoa e uma alheira com a pele a estalar é por demais evidente. A um quarteirão de distância da minha casa existia uma trattoria, uma espécie de adega, chamada Posto al Sole. Lá faziam-se as melhores pizzas napolitanas da cidade, de massa fina, bordas grossas, ingredientes frescos, tudo regado com um fio de azeite ácido a rematar. Desde então (uma década!), a minha sina tem sido procurar uma massa de pizza como aquela. Fui uma primeira vez ao Il Pizzaiolo quando abriu.

  • Restaurantes
  • Flores
  • preço 3 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Perguntaram-nos se queríamos o couvert, uma gentileza que não se encontra em todos os lugares. Na maior parte dos sítios espetam-te com ele à frente e se respirares sobre o cesto debitam-te sumariamente o conteúdo na conta. Mas aqui, comer o couvert deveria ser uma imposição. Como a sopa, quando somos pequenos. Enquanto não rapares o prato, não há bife ou sobremesa para ninguém. O pão do Typographia Progresso do chef Luís Américo, que é uma espécie de rei Midas, já que transforma em ouro tudo em que toca – basta ver os casos de sucesso do restaurante Cantina 32 e do Puro 4050, que recebeu cinco estrelas de um dos críticos da Time Out –, é artesanal e feito ali mesmo, como fizeram questão de me garantir. Barrei um pouco de manteiga de alho negro e paprica sobre um pão de batata doce fofo e saboroso, ainda quente. Não mentiam sobre
 a qualidade do couvert.

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  • Português
  • Baixa
  • preço 1 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

O almoço de uma segunda-feira chuvosa e lamurienta pede uma francesinha e uma fatia de pudim
 para levantar o moral. Fomos a’O Golfinho, com um balcão corrido, meia dúzia de mesas e pouco mais. Mas escassez
 só no espaço, porque a comida veio bem servida. A boa francesinha trazia um molho mais fino do que o habitual, mas agradável, fatias de pão torradas, linguiça saborosa e um ovo estrelado com a gema a escorrer. As batatas fritas podiam estar mais secas, mas o cérebro agradeceu a gordura extra. Quanto ao pudim caseiro, estilo francês, com gemas e vinho do Porto, foi o remate feliz numa refeição que tornou a vida um pouco mais tolerável.

  • Steakhouse
  • Galerias
  • preço 3 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

As mulheres não têm sempre razão. A Rita, a minha, dona de um nariz empertigado, mas adorável, cheio de sardas, comunicou-me que ia fazer um detox. Assim, consummatum est. Portanto, se eu quisesse comer, eu que cozinhasse, porque dali em diante ela iria beber couves e acelgas através de uma palhinha. Não a tentei demover, obviamente, porque a esta altura do campeonato um homem deve poupar o pouco latim que lhe resta. Mas fiz-lhe saber que achava má ideia, na esperança de sacar de um “eu avisei-te” mais tarde. Na terça-feira ao fim do dia ligam-me do ginásio. A Rita tinha tido uma quebra de tensão durante uma aula de air fit não sei quê e caíra redonda no chão. Dramática, quando lá cheguei parecia que lhe tinham roubado um rim. “Carne, mulher, uma pessoa precisa de carne”, disse-lhe no carro a caminho de casa. E no Nogueira’s Porto, o restaurante de uma família que começou a vender churrasco na década de 90, havia de sobra.

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  • Global
  • Baixa
  • preço 3 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

No início é uma alegria. Vamos viajar, ver o mundo, ser eternamente jovens. Depois há hipotecas para pagar ao banco, contas da luz astronómicas, berros da canalha e o mundo fica a ver-se por um canudo. Esquece lá a viagem ao Japão, a escapadinha a Itália, ou o jantar de sexta com os amigos da bola. Tudo parece muito mais complicado do que passar um camelo pelo buraco de uma agulha. Por isso, depois de muito queixume de que “já não íamos a lado nenhum”, levei a Rita a ver o Mundo. Este restaurante, com a mão de Carlos Bravo e José Ribeiro, donos da Casa de Pasto da Palmeira e do LSD, e com a consultoria 
do chef João Pupo Lameiras, é um dos lugares mais animados da Baixa nas noites que correm.

  • Japonês
  • Campo Alegre
  • preço 4 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Reza a história que o químico Kikunae Ikeda teve uma epifania enquanto sorvia ruidosamente (como devem ser ingeridos os caldos japoneses) o seu dashi ao jantar. Naquela noite de 1907, espantou-se quando percebeu que a comida estava mais saborosa do que era costume por causa da adição de kombu ao prato. Daí até começar a estraçalhar esta alga em laboratório foi um instante e o resultado foi a descoberta do ácido glutâmico, responsável pelo quinto gosto: o umami, que é também a palavra-passe para aceder à internet deste restaurante. A casa é bonita, decorada com painéis 
em madeira, cerâmicas cuidadas em cima das mesas e até os pauzinhos delicados diferem dos que se vêem na maior parte dos restaurantes asiáticos da cidade.

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  • Fusão
  • Baixa
  • preço 2 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Antes de cruzarmos a ombreira da porta éramos dois tântalos esfomeados. Duas personificações do filho de Zeus que, diz a mitologia grega, foi sentenciado ad aeternum a ficar com fome e sede, amarrado a uma árvore, num vale abundante em vegetação e água. Sempre que Tântalo tentava colher os frutos das árvores, os ramos afastavam-se. Sempre que tentava beber água, ela fugia. No Mito, o primeiro restaurante do chef Pedro Braga, que passou pelas cozinhas do Reitoria e do Tenra antes de embarcar nesta aventura a solo, perceberam isso assim
 que entrámos e, antes que nos desse uma fraqueza, o serviço, atencioso, foi dos mais rápidos que já presenciei no Porto.

  • Vegetariano
  • Cedofeita
  • preço 1 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

O Época Porto funciona como todas as coisas na vida deveriam funcionar. Na verdade, este restaurante deveria ser uma espécie de bitola para o mundo. Por exemplo: a carta é curta, resume-se a três ou quatro opções que mudam diariamente. O stress fica lá fora, o ambiente neste espaço marcadamente escandinavo – influenciado, talvez, pela temporada que o casal à frente do projecto passou na Dinamarca – convida a relaxar com uma playlist cuidada e livros de gastronomia sobre as mesas. E tudo o que Liliana Alves e Tiago Teixeira lhe põem à frente é feito com produtos da época, maioritariamente biológicos. Por isso, não é de admirar que estivesse cheio ao almoço, com gente de várias idades e diferentes tribos urbanas.

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  • Português
  • Campanhã
  • preço 1 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

A Viela, perto da estação de Campanhã, é mais cantina social do que tasca. E isto não é, de forma alguma, mau. Estava à pinha, por isso dividimos a mesa com um casal de velhotes. Optámos pelo bife da casa, servido sem opção entre o médio e o bem passado, acompanhado por umas boas batatas fritas cortadas à mão e um arroz sequinho. Para sobremesa, um pudim de ovos caseiro que não desiludiu. Não sendo estrela Michelin, matou a fome e, por 6€, ainda deu direito a bebida e café.

  • Foz
  • preço 3 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Uma das coisas que eu e a Rita mais gostamos de fazer é admirar a fauna dos sítios que frequentamos. Não que sejamos um par modelo, bem comportado à mesa, cheio de etiqueta e boas maneiras, digno 
de imitação. Ainda há bem pouco tempo fomos ao Terminal 4450 e ela partiu-se a rir quando me agarrei ao osso do tomahawk que nos serviram, como se fosse um homem das cavernas depois de um extenuante dia de caça. Desmanchou-se a rir. E eu senti que naquela noite a minha meta de a fazer feliz estava cumprida. Há uns dias fomos jantar ao Cafeína de Vasco Mourão e ficámos a aguardar mesa junto ao balcão onde um casal de meia idade, bem-posto, bebia delicadamente flutes de espumante.

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  • Português
  • Ribeira
  • preço 2 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Nunca voltes ao lugar onde já foste feliz. Não concordo com “As Regras da Sensatez” cantadas por Rui Veloso, sempre achei a letra da canção muito deprimente, mas confesso que quase tive de dar a mão à palmatória neste caso. A Adega São Nicolau é um daqueles lugares que fazem as pessoas felizes por antecipação. Como, por exemplo, quando a menina que atende o telefone aceita uma reserva para duas pessoas ao almoço. Assim 
que desligamos a chamada,
 o corpo transforma-se num autómato, deixa de conseguir pensar no trabalho, e foca-se nos bons bolinhos de bacalhau, estaladiços, quentes, quase a queimar a língua, cheios deste peixe, que antecedem a refeição. A comida estava boa como sempre.

  • Português
  • Bonfim
  • preço 1 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Não sei do que gostei mais. Se dos canários a chilrear em gaiolas à entrada, se dos rojões suculentos, mergulhados num molho guloso a saber a cominhos. Não sei se gostei mais das fatias fininhas de salpicão de Cinfães, se do atendimento afável. Se dos cubinhos melosos de queijo de Celorico da Beira ou da decoração da casa, cheia de presuntos vindos de Castelo Branco pendurados sobre o balcão. Não sei se gostei mais da boa bola, doce e bem recheada, se dos 15€ que paguei para duas pessoas. Mas uma coisa é certa, gostei de tudo o que lá havia.

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  • Taiwanês
  • Cedofeita
  • preço 2 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Às sextas-feiras à noite temos um acordo. Fingimos que somos namorados outra vez e saímos para jantar. Enquanto trato da barba, a Rita faz uma trança. Enquanto ela escolhe o vestido, eu tento não ir para a rua com um sapato de cada nação. Desta vez fomos ao Bao’s – Taiwanese Burger, na Rua de Cedofeita, especializado em baos, uns pãezinhos taiwaneses recheados e cozinhados a vapor. Temos este fraquinho pela comida asiática. Desde o início. Conheci-a num restaurante em Lisboa de pho, que se dedica a preparar robustas sopas vietnamitas. Lembro-me como se fosse hoje.

  • Cafés
  • Baixa
  • preço 2 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

O Tinder é muito engraçado: as pessoas instalam a app no telemóvel na esperança de comerem ou serem comidas. Primeiro, uma troca de mensagens, depois um convite para jantar. E se o repasto correr bem, vão lambuzar-se para outro lado. Comer é, definitivamente, o verbo mais conjugado nas relações modernas. Foi no Tinder que o conheci e, e uma das coisas que mais me atraiu na conversa dele, foi ter-me dito, lá para a terceira mensagem, que era “um bom garfo”. Passámos, desde essa altura, a conjugar o verbo sempre democraticamente e no presente do indicativo.

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  • Português
  • Porto
  • preço 2 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

– é desta, car*%#?, liga-me o Zé, esfomeado e já sem paciência.
– ‘Tá bem, pá. Encontramo-nos à porta’.

Desde que o restaurante 
O Afonso, ali em Cedofeita, apareceu no Parts Unknown, o programa do Anthony Bourdain, o gajo não me larga para lá
 irmos fazer uma crítica. Admito que o episódio me despertou 
a curiosidade para aquela francesinha rechonchuda mas, quem me conhece, sabe que
 sou fiel como um cão a uma outra desta cidade. Somos uma espécie de amantes, eu dou-lhe umas dentadas e ela enche-me de prazer. Por isso, fui a arrastar-me para o restaurante, a sentir-me um pulha que trai um amor de anos. Ele estava ao balcão, de fino na mão e numa excitação. 
Eu, sentia-me um puto desconfortável que tenta ignorar uma mulher bonita, evitando olhar para a chapa onde o pão torrava e os bifes cozinhavam languidamente.

  • Petiscos
  • Leça da Palmeira
  • preço 2 de 4

Sempre achei que a mais-valia da gastronomia do Porto (e arredores) estava na cozinha tradicional. Achei e acho. Nos últimos 15/20 anos assistiu-se à entrada da cozinha dita de autor e nos últimos 4/5 ela massificou-se. Como em muitos casos de massificação, não correu bem a todos os aventureiros. Hoje em dia é frequente ver restaurantes abrir e fechar em seis meses, chefs rodarem de uma casa para outra noutros tantos meses e muitos negócios megalómanos com cozinhas ambiciosas espetarem-se contra a parede. Porque tal como a cozinha tradicional, é preciso ter mãos e ideias para fazer cozinha de chef. Por isso, quando se trata de pôr na balança as duas linhas de cozinha, no Porto, salvo algumas excepções (que têm vindo a aumentar em número ao longo do tempo), a tradicional pesa mais.

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  • Japonês
  • Aliados
  • preço 2 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Uma das coisas boas que a internet deu ao mundo foi o YouTube. E uma das coisas boas que o YouTube deu ao mundo foi a resposta, em vídeo, a qualquer coisa que se lhe pergunte sob as palavras “how to”. Desde montar móveis específicos do IKEA a comer Kit Kat como as manas Kardashian (1m47s com quase dois milhões de visualizações), desde tutoriais de beijos a, e é isto que me traz aqui hoje, comer ramen como deve ser. Para quem nunca o fez na vida (eu própria até há quatro ou cinco anos), recomenda-se uma passagem pelo YouTube antes de uma ida ao RO, numa transversal aos Aliados.

  • Português
  • Santa Catarina
  • preço 1 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Tivesse aberto na segunda 
década dos anos zero por 
um grupo de investidores
 gastronómicos e o nome seria, 
é provável, presuntaria. O dito 
presunto é a especialidade 
desta casa tradicional, gerida 
por portistas, onde as gentes
 se encostam ao balcão a comer presunto vindo de Chaves, Felgueiras ou Amarante. Tanto é servido simples para comer
 à fatia, como com broa de Avintes, como em excelentes sanduíches, num pão de água simples mas estaladiço, com um bloco generoso de fatias de presunto. Ao mesmo nível estava a sopa juliana que comi lá no outro dia, com as couves e os legumes mergulhados num caldo intenso (pareceu-me ser feito de ossos – do presunto?), nada espesso.

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  • Português
  • Campanhã
  • preço 1 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

É um clássico de Campanhã e uma razão válida para
 querer perder o comboio. Uma tasca na verdadeira acepção 
da palavra, no interior com um balcão e uma só mesa, na rua, uma esplanada patrocinada por uma marca de bebidas. Na janela que dá para a rua está o mais importante da casa: uma frigideira sempre ao lume, com um molho a fervilhar, onde
 o dono se vai abastecer de carne de porco, cortada fina, para edificar as exímias bifanas.

Nota-se a cada trinca um leve
 sabor a vinho, alho e louro, e nota-se algum picante. O pão embebe ligeiramente o molho, mas é um belíssimo exemplar da espécie, com a carne a desfazer-se na boca. Muito boas também as moelas, tenras, servidas com uma bola de água ao lado, engraçados os rissóis, fresquíssimos os finos. Recomenda-se este O Astro.

*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.

  • Restaurantes
  • Porto
  • preço 1 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Sempre que passo à porta do Ó Maria fico com a sensação de que o sítio está vazio – e está, de facto, muitas vezes vazio. Depois, quando lá vou fico com a sensação que o sítio está vazio porque é grande de mais. "Marta, isso não existe!" Olhe que existe. O restaurante, que ocupa uma esquina da Rua da Conceição, é tão grande que se torna frio e impessoal. Não fosse ter descoberto a simpatia de quem atende e a qualidade das sanduíches, e continuaria a ser um daqueles casos que só de olhar lá para dentro, me dava um aperto no coração [um crítico também tem sentimentos, bolas]. Ao fim de quase dois anos de vida a passar ali semana sim, semana não, decidi dar uma oportunidade.

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  • Português
  • Baixa
  • preço 1 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Nota Prévia: a Expresso aqui referida é a Casa Expresso e não o Restaurante Expresso, vizinho do lado, com ligação no interior. E estas quatro estrelas são dadas sobretudo às sandes da tasca
– como diz a juventude, uma tasca com T grande, a cheirar a vinho quando se entra, balcão em inox com gente encostada a beber uns copos e a comer salgados todo o dia. Valem para as incríveis e bojudas sandes de rojões, para as de panado de porco e de fígado de cebolada, e também para a mousse. Ao almoço há propostas como o pratinho de feijoada a 4€ (uma pratada infinita, aliás), alheiras com ovo e outros pratos tradicionais. Uns melhores que outros. Mas tudo a preços pré-crise.

  • Português
  • Cedofeita
  • preço 1 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Sempre gostei da Casa Ferreira. Não apenas da comida, muito caseira, muito boa, mas doconjunto em si. Daquele serviço atencioso e rápido, do sítio com paredes de pedra e sempre cheio de locais ao almoço, do balcão de entrada onde se ajustavam as contas e, volta e meia, se bebia um digestivo. A nova Casa Ferreira não tem este encanto. A mudança para a Rua do Breiner trouxe-lhe talvez o dobro do espaço e, ao que parece, pelo menos à hora do almoço, menos gente. As conversas dos outros ouvem-se mais, as mesas do principio da sala ficam ocupadas e lá ao fundo há um vazio - suponho que os grupos da noite dêem conta do recado.

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  • Português
  • Foz
  • preço 2 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Não quero dar ideias estapafúrdias, nem complicar a vida aos residentes da Foz, mas se cortassem o trânsito na zona do Passeio Alegre, a Cantareira teria tudo para se tornar the next big thing. O sítio é bonito, a vista é belíssima e qualquer restaurante que se monte ali, com uma comida decente, tem tudo para correr bem. Vou muito à Casa de Pasto da Palmeira, várias vezes fico na esplanada e nunca gostei de ver os carros a passar à frente. Interrompe a conversa, distrai os comensais. Preferia que fosse tudo um empredrado com esplanadas bonitas. Enquanto isso não acontece (será que vai acontecer um dia?), fiquemo-nos pelo que já existe. E o que existe é este Pisca.

  • Europeu contemporâneo
  • Massarelos
  • preço 3 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Uma nota acessória. Os colegas do guia Michelin que avaliam os restaurantes em Portugal apreciam duas coisas: música de elevador e menus cheios de estrangeirismos culinários anglo-franceses. Talvez por isso haja restaurantes que façam por cumprir os requisitos, mesmo que não precisem. Há umas semanas, num jantar no The Yeatman, que ganhou a segunda estrela, foi um concerto inteiro para casais aborrecidos, pontoado por descrições orais capazes de dar cabo da memória até de um indivíduo que nunca fumou canabinóides. Agora, no Antiqvvm, quase o mesmo. Horas a ouvir smooth radio nhó nhó e empregados a debitar informação culinária como se fosse uma lengalenga.

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  • Japonês
  • Baixa
  • preço 1 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Nem todos os restaurantes estão obrigados à mesma rapidez no serviço.

1. Num fine dining, com contas superiores a 50€ por cabeça, tem de ter qualquer coisa na boca dez minutos depois de assentar o rabo na pele de antílope.

2. Num restaurante normal, de almoço, mais de 20 minutos e é bom que pergunte ao empregado se se esqueceu do pedido.

3. Num McDonald’s, por sua vez, são dois minutos desde que a jovem de chapéu ridículo o cumprimenta até ter o tabuleiro nas mãos, mais do que isso e ganha direito a indemnização e queixa na Unicef. Tudo isto é relativamente pacífico.

Mas depois há o Namban. E o Namban não se parece com nada.

  • Hambúrgueres
  • Cedofeita
  • preço 2 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Quando o empregado de um restaurante vê alguém a chegar pelas 14.30 muitas vezes transforma-se naquele central do Real Madrid que não fala espanhol. Quando isso acontece num sítio de hambúrgueres e o cliente decide começar por pedir umas asinhas de frango de barbecue, a reacção pode descambar para um empratamento com fluídos bocais. Na Boulevard da Adolfo Casais Monteiro, lugar americanado a pedir Instagrams, não aconteceu assim. Numa visita tardia e solitária, a rapariga fez um sorriso tranquilo e a sorrir avisou: “A nossa dose de asinhas é composta por 12 unidades”. Eu respondi: “Tudo bem”.
 E a seguir pedi um hambúrguer com bacon.

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  • Português
  • Bonfim
  • preço 2 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Vamos jogar ao “Adivinhem 
que figura pública não aparece retratada nas paredes de
 A Cozinha do Manel?” Eu faço de Fernando Mendes, campeão de concursos sem preço e de galerias de fotos de restaurantes (presente também neste, obviamente). Vou dando umas ajudas. Pensem numa grande figura do Porto.- Pinto da Costa? Rui Moreira? Não acertou. Ambos estão em fotos nas paredes deste magnífico restaurante do Bonfim. Ok, agora uma personalidade do jet set mas que também se assuma como um intelectual.- Margarida Rebelo Pinto? Errado. Aparecem logo no corredor da entrada. Apontemos então para cima, primeiros-ministros?

  • Fusão
  • Baixa
  • preço 2 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Sou fã de mesas corridas. Quando o Casanova inaugurou o conceito, em Lisboa, a coisa foi controversa. Alguns espíritos urbanos sentiam-se devassados na sua privacidade ou incomodados com o exibicionismo dos vizinhos. As minhas experiências foram sempre interessantes. Logo numa das primeiras refeições comunais, lembro-me de ficar ao lado de uma actriz conhecida que relatava intimidades coloridas de colegas de telenovela. Entretenimento do bom. Noutra altura, foi um grupo de holandeses em férias no Porto a dar-me uma lição sobre ervas psicotrópicas (em troca, mostrei-lhes o que deixa os portugueses malucos: bacalhau). Formação para a vida.

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  • Steakhouse
  • Baixa
  • preço 3 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

No meu imaginário, e na minha reduzida experiência de restaurantes 100% argentinos (alguns numa curta passagem por Buenos Aires), pensar num restaurante de alma argentina leva-me de imediato para dois cenários: um sítio grande, em estilo de barracão, com madeiras escuras – calma, não estou em delírio a pensar no Chimarrão – e em grelhas à vista dos clientes, com muitos homens à volta, legumes lado a lado com carnes e salsichas, o lume bem quente. Talvez seja estúpido, talvez só aconteça comigo (ou há por aí algum leitor que me acompanhe nesta panca?), mas onde quero chegar é a um só ponto: esperava tudo deste luso-argentino, tudo menos umas mesas de madeira amorosas, com almofadas igualmente amorosas, pequeninos jarros de flores a enfeitar algumas prateleiras, uma micro-esplanada (óptima, note-se), a respirar a palavra amoroso por todo o lado.

  • Vegetariano
  • Flores
  • preço 1 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Primeiro ponto indiscutível
 sobre o DaTerra, na Mouzinho
 da Silveira: o espaço é dos bons. Tiro o chapéu a quem decidiu envidraçar uma das paredes quase até ao chão e a quem o decorou sem pretensiosismos, só com mesas de madeira. Tiro também o chapéu a quem todos os dias monta o buffet colorido, tornando o repasto bem apetecível. Segundo ponto, desta vez discutível: a comida. Não fiquei altamente impressionado com tudo o que já lá comi, há algumas ajustes a fazer, mas no geral, e tendo em conta a variedade, o sabor dos pratos e o preço do buffet (9,90€ ao jantar e 7,50€ ao almoço), compreendo que esteja sempre cheio e que as pessoas, como eu, voltem.

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  • Português
  • Baixa
  • preço 1 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Uma conversa recente sobre a qualidade dos restaurantes tradicionais do Porto e o receio de que a gourmetização subisse à cabeça de alguns empresários da área e fizesse estragos dos grandes fez-me voltar a um clássico da cidade onde sou sempre bem recebido e servido. Eu, qualquer cliente habitual, qualquer estreante ou qualquer turista – aqui fala-se, por exemplo, francês na ponta da unha. 
A casa está invariavelmente cheia, a Dona Hermínia está invariavelmente bem-disposta (recebe, conversa e mantém a cozinha debaixo de olho) e o balcão das sobremesas está sempre bem recheado. Tão bem que dá vontade de ignorar tudo o que são salgados e fazer da refeição um grandioso pijaminha de doces.

  • Steakhouse
  • Leça da Palmeira
  • preço 3 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Tenho um bom amigo, que me costuma acompanhar nestas andanças, e com o qual perco longas horas a falar de comida, a trocar impressões sobre detalhes de pratos e a discutir refeições passadas, presentes e futuras. E quase sempre que acabamos um jantar ou almoço num sítio novo, eu faço-lhe a mesma pergunta: ‘’Voltavas?’’ Ora se faço esse exercício com ele, obviamente que faço comigo. Voltavas Francisco? É que isto da crítica Time Out, gostam sempre de me relembrar os senhores que me desafiaram a escrever, envolve a comida, o espaço, o serviço, o ambiente, blá, blá, blá. Por isso, ponho as coisas na balança e avalio bem antes de me atirar com certezas para as estrelas.

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  • Japonês
  • Foz
  • preço 3 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

O nome soava-me a algo pretensioso: Wish. O apelido fazia pensar que dali não vinha nada de bom: Restaurante & Sushi. Assim mesmo com “e” comercial, numa mistura de cozinhas que me deixam sempre desconfiado. Sou assim, nunca vi com bons olhos esta mania dos restaurantes quererem ser os faz-tudo da comida. É raro, raríssimo, conseguir jogar-se bem em dois campeonatos. E neste sítio, pelos preços altos que pediam, pelo espaço que era, uma bonita sala na Foz Velha, mais temia que os pratos não estivessem à altura
do conceito. Bem sei que a ideia funcionava nos tempos do extinto Shis, e que a equipa do Wish não é muito diferente: o mesmo chef, António Vieira e o mesmo sushiman, Miguel Fragoso.

  • Hambúrgueres
  • Foz
  • preço 1 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Espero não me arrepender amargamente daquilo que vou dizer, mas aqui vai: enquanto abrirem hamburguerias com a qualidade do Peebz no Porto, a praga dos hambúrgueres pode continuar a atacar as ruas da cidade. Vou mais longe: se este simpático restaurante da Foz se quiser expandir para o centro da cidade eu vou lá, de propósito, recebê-lo de braços abertos. E comer, claro.
 Há muito tempo que não provava um hambúrguer tão bom, com um equilíbrio tão certo entre um pão adocicado, carne de qualidade e ingredientes frescos. Até as batatas estavam no ponto: bem fritas, sem se sentir o óleo, crocantes, algumas ainda com casca nas pontas.

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  • Petiscos
  • Baixa
  • preço 2 de 4

Já não se aguentam restaurantes com “alheira em cama de grelos” no menu. Quase tudo o que é taberna moderna de petiscos tem a sua alheira em cama de grelos. Percebe-se porquê. Alheira é bom e nem sal precisa. É só pôr lume e depois sofisticar o prato com um nome de escola de hotelaria. Dito isto, alguns restaurantes conseguem dar cabo de uma coisa destas. E o Porto Meu é um deles. Numa visita recente ao restaurante da Rua da Picaria,
 o enchido vinha com a pele mole e sem cama nem colchão. Os grelos surgiram no meio da alheira – uma entrada (!!) desoladora, feia e quase tão fria como o espaço
 (a única fonte de calor da sala principal, nas traseiras do restaurante, parecia vir de um aquecedor de esplanada).

  • Cervejarias
  • Baixa
  • preço 1 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Devo começar por dizer que não fui pela primeira vez à República dos Cachorros para escrever estas linhas. Sou um cliente habitual da casa. Habitual e habituado à correria dos empregados. Eficientes e rápidos, como se quer. Ora sempre que lá fui comi a mesma coisa: o tradicional cachorro. Salsicha fresca, linguiça, queijo, uma leve gordura amanteigada e molho picante, o pão estaladiço, cortado em bocadinhos. Divinal. Bem sei que não foram os primeiros da cidade, que há outros muito bons, mas não vim para aqui entrar em discussões – sim, sim, sei que isto é tema para dar discussão. Até porque há mais na República dos Cachorros do que o tradicional cachorro.

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  • Pizza
  • Baixa
  • preço 1 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Fui dos que rejubilei com a abertura do Pizza a Pezzi no Porto. Não que conhecesse o negócio de algum lado (sabia que existia em Lisboa), mas a ideia de haver um sítio que vendesse pizzas al taglio à moda de Itália, soava-me bem – provei algumas quando estive lá de férias. Costumo até gostar mais das pizzas de massa fina e estaladiça, mas estas, com uma base mais grossa, não lhes ficam atrás. Aliás, grossa, no caso do Pizza a Pezzi, não é sinónimo de massuda. É, isso sim, sinónimo de estaladiça. O que sobressai no caso, são os ingredientes de qualidade. Pude comprová-lo na excelente pizza de abóbora e mozzarella.

  • Português
  • Ribeira
  • preço 2 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Já andava há algum tempo a tentar jantar na Taberna dos Mercadores. Tentei marcar mesa duas ou três vezes, para o próprio dia, e a resposta era sempre a mesma: “desculpe mas não temos. Por acaso conhece o nosso espaço? É que é pequeno.” De facto não conhecia. Sabia que era pequeno, mas não minúsculo. Nunca imaginei que enchesse com pouco mais de 16 pessoas. Achei que as mesas esgotavam graças à genealogia da casa: é dos mesmos donos da Adega de São Nicolau, essa instituição portuense da qual sou fã assumido. Por isso mesmo, quando consegui finalmente marcar mesa (com dois dias de antecedência), numa quente noite de Agosto e com a Ribeira a transbordar de turistas, senti-me um sortudo.

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  • Português
  • Baixa
  • preço 2 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

A D. Maria Luísa está no Antunes aproximadamente desde os seus 22 anos (e tem a particularidade de ser irmã de um conhecido dragão da cidade). Sempre com a mesma simpatia, afabilidade e sorriso na cara, embora já um pouco cansada destas lides, festejou com toda a alegria e orgulho o recente cinquentenário desta casa. Tal como os macarons da Ladurée em Paris, o puré de Jöel Robuchon ou o coq au vin de Paul Bocuse, o pernil do Antunes, da Rua do Bonjardim, está para durar e deixar seguidores. O pernil de porco assado (15€), em dose generosa para duas pessoas, é fumado, mas não em demasia, com o courato e a gordura a pedirem para não ficar no prato.

  • Restaurantes
  • Taipas
  • preço 1 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Já aqui escrevi, noutra ocasião que os portuenses parecem ter um talento nato para fazer boas sanduíches. A sério. Sabem escolher o pão, sabem escolher os ingredientes, temperá-los, conjugá-los. São bons nisto e ponto final. Não me espantei, por isso, quando fui à A Sandeira pela primeira vez e gostei da sanduíche que provei – gostei muito, aliás. Era a São Bento, com tomate, brie e abacate, já agora. A conjugação pareceu-me interessante, mas também fui surpreendido pela qualidade do pão – descobri depois que vem da Padaria Ribeiro; pela temperatura a que vinha, ligeiramente tostado, crocante por fora e morno; e pela base, comum a todas as sanduíches, de alface, sementes de sésamo e papoila e um molho especial, levemente ácido, que barra todas as sandes. Gostei tanto que lá voltei.

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  • Japonês
  • Batalha
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

O restaurante Quarentae4 era um dos locais de Matosinhos onde eu mais gostava de comer sushi e sashimi. Quando soube que Ruy Leão tinha partido, no final do ano passado, logo tentei perceber qual iria ser o seu futuro. O primeiro projecto chama-se Shika, é uma mota de street food e a última vez que a vi estava estacionada a servir boa comida japonesa num dos melhores cenários da cidade, o Passeio das Virtudes. O Shiko aparece logo a seguir e tem a originalidade de servir petiscos em pequenas porções num ambiente relaxado e airoso.

  • Cervejarias
  • Aliados
  • preço 2 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

É impossível entrar na Rua Ramalho Ortigão – a primeira à direita de quem desce a Avenida dos Aliados – e não reparar nos bonitos toldos em tons de chocolate, nas venezianas e nos pomposos candeeiros pretos de ferro forjado. Modernidade, requinte e bom gosto é o que salta à vista do lado de fora do Brasão, dos mesmos donos d’O Paparico. Mas mal se entra, há um contraste engraçado. Lá dentro, o ambiente é rústico, com madeiras escuras, paredes de granito, algumas com bonitos pratos pintados, um belo painel de mosaico no chão, uns originais candeeiros de latão cobreado e louças de barro vidrado. É um curioso misto de saloon com cervejaria retro sofisticada.

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  • Leça da Palmeira
  • preço 4 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Depois do triste abandono, a Casa de Chá da Boa Nova, um dos primeiros projetos de Siza Vieira, voltou de novo à ribalta. O restauro teve o cuidado de a manter igual ao que sempre foi – com as cadeiras de madeira e couro, as cortinas vermelhas, os candeeiros individuais de base nos esboços iniciais. Uma forma de dar a sensação, a que quem cá entrou no passado, de que o tempo não passou por aqui. Somos convidados a desfrutar uma bebida na sala da esquerda, que, empoleirada sobre as ondas, nos faz abrir o apetite e prepararmo-nos para a experiência que se segue.

  • Europeu contemporâneo
  • Baixa
  • preço 2 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Os restaurantes com mesas comunais podem ser perigosos. Ainda no outro dia, sentou-se ao meu lado um indivíduo enorme que passou o tempo a dar-me cotoveladas e a falar da ciência do Insterstellar como se a sua amiga estivesse do outro lado da sala. Acontece. O mais comum, no entanto, é que as pessoas façam um esforço por serem civilizadas, e por vezes há até encontros felizes e cruzam-se conversas e as interações prosseguem porta fora. É o convívio, é a partilha, é bonito. Ora este Brick tem porventura a mesa comunal mais bonita do país, uma grande rectângulo de madeira no centro do qual poisam flores, tachos, boiões.

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  • Fusão
  • Baixa
  • preço 2 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Gosto pouco de restaurantes vazios. Não gosto que ouçam as minhas conversas – apesar de me divertir a ouvir as dos outros –, não gosto de ter três pares de olhos em cima (média de empregados numa sala?) e, claro, fico sempre na dúvida se o vazio é sinónimo de comida mediana ou falta de boa comunicação. No BB Gourmet Bolhão, por pertencer a uma família numerosa e rodada na área, fiquei preso à primeira ideia. Tudo porque jantei lá num dia de semana e a sala estava semivazia. Tive toda a atenção do mundo, é 
facto, num serviço bem simpático. E entrei a fundo no menu, optando por ignorar os snacks que já tinha testado noutras núpcias (nota positiva aqui também), indo directo à carta mais substancial.

  • Indiano
  • Baixa
  • preço 2 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

No mundo dos restaurantes étnicos, sou pouco adepto das fusões. Desconfio de italo-indianos, dos que têm cozinha do mundo mas que tendem a cair para um país em específico e, como tal, desconfiei desta fusão Portugal-Índia – por mais histórica que seja. Também estranhei o indiano chique que é o Portugandhi. Estranhei ainda mais quando os papadoms vieram com quatro molhos: tâmaras e tamarindo, iogurte e menta, picante e frutos vermelhos. Os três primeiros estavam óptimos, o último, mais normal. Nesse minuto decidi que ia ignorar o lado nacional da ementa – apesar de serem poucos pratos. Escolha acertada.

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  • Baixa
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

O Porto tem um romance tórrido com sanduíches. É a conclusão a que chego depois de andar a subir e descer as ruas da Baixa. Umas melhores do que outras, é verdade, mas quase todas com o seu je ne sais quoi e um toque de diferenciação. Andava eu intrigado com esta relação quando me pediram para avaliar um dos novos sítios de sanduíches da cidade, o Sins Sandwich, criado por um franco-argelino. Fui lá uma, fui lá duas, fui lá três vezes. E posso garantir que eu, Francisco Beltrão, vou lá voltar o dobro, o triplo das vezes, se for preciso. Porque também me apaixonei. Pela sanduíche de costela mendinha.

  • Português
  • Flores
  • preço 3 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Com os seus tempos áureos no final do século XIX, início do XXI, quando ligava o rio à cidade e tinha um importante papel mercantil – há casas centenárias que ainda persistem e merecem ser exploradas –, a Mouzinho da Silveira perdeu força nas últimas décadas. Mas, quiçá graças ao fenómeno das low cost, que têm feito renascer a Baixa, hoje a rua está outra vez a entrar na moda.
 E entre as novidades que todas as semanas acontecem no eixo Aliados–Ribeira, ninguém fica indiferente à estreia de José Avillez no burgo.

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  • Petiscos
  • Baixa
  • preço 2 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Assim que se passa a porta, uma mercearia. Nas prateleiras bons azeites, boas conservas, bons pães – muitas coisas raras (como uma leve e extraordinária broa de Avintes) de produção nacional e de qualidade. Logo a seguir, na refrigeração, legumes da época e ao lado vinhos seleccionados. Tudo sem aquele ar de ostentação gourmet que se banalizou em cada esquina. Uma loja de bairro com o que o vizinho exigente precisa, guardanapos de papel incluídos. Valendo por si, este ambiente funciona também como um atestado para o restaurante, que se funde no mesmo espaço.

  • Flores
  • preço 2 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

A terminar a refeição a rapariga poisa o vaso no meio da mesa, como se fosse um elemento decorativo a acompanhar o café. O meu amigo, um indivíduo alienado como Eliseu (a peneira do Benfica) sorri, mas assinala: “Falta a sobremesa”. Ela contrapõe, vitoriosa: “O vaso é a sobremesa”. O efeito é extraordinário. Toda a gente ri do equívoco. De repente, já não é apenas comida – é teatro, é encenação, é recriação. É aquilo a que hoje se convencionou chamar cozinha emocional, e que se sintetiza assim: o que acontece na cabeça importa mais do que o que acontece no estômago ou, pelo menos, importa primeiro.

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  • Português
  • Baixa
  • preço 1 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

O nome deste restaurante deve-se ao anterior proprietário, que não só era de Amarante como vendia frangos no antigo Mercado do Anjo, ainda antes da construção do Palácio da Justiça. A D. Rosa e o Sr. Rodrigo, actuais proprietários, são amorosos e de uma simpatia e educação imaculada. Estão já algo cansados, mas fiquem todos sossegados que prepararam dignamente a nova geração. É uma casa de comida e para comer. Esqueçam a decoração, as mesas e os copos, porque aqui o interesse é na matéria-prima de primeira qualidade e no sabor das coisas boas das nossas avós. Pedimos de entrada uma fatia de queijo da Serra, que estava maravilhosa.

  • Fusão
  • Flores
  • preço 3 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Para os menos informados, LSD quer dizer Largo de São Domingos. Em tempos antigos, a Rua das Flores era conhecida pelos terrenos hortícolas e florícolas que existiam naquela zona. Pouco tempo depois de a rua ser aberta iniciou-se a construção da bonita e imponente Igreja da Santa Casa da Misericórdia do Porto, e muito mais tarde a centenária Araújo e Sobrinho, que brevemente vai dar origem a um novo projeto hoteleiro. Este gastronómico Largo de São Domingos, conta agora, além do DOP e Traça, com o mais recente LSD. Projeto repartido entre os donos da Casa de Pasto da Palmeira e o recém-regressado ao Porto Cândido Pereira (ex-Terra). Saúdo este regresso pois considero-o um dos bons chefes de sala da cidade do Porto.

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  • Português
  • Baixa
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Dois sócios que trabalham juntos há mais de 30 anos raramente se dão bem. Mas aconteceu neste buraco, uma instituição no Bolhão que continua a receber calorosamente os portuenses. O espaço usa as mesmas madeiras escuras do início, mas o serviço é alegre e toda a gente se sente lá bem. Os habitués estão em casa, os novatos são rapidamente integrados. Mal uma pessoa poisa chegam logo os rissóis de peixe, recheio de consistência perfeita, muito saborosos. As opções para prato principal mudam diariamente, mas a pescada frita com salada russa é recorrente e incontornável: o peixe imaculado, refrescado com limão; a salada em cubos, os legumes ainda rijinhos como deve ser.

  • Português
  • Miragaia
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

O nome não podia estar mais bem conseguido. Este Tram fica de portas abertas para o rio, mesmo no início da linha 1, que vai do Infante ao Passeio Alegre. Decoração com muito bom gosto, mesas de madeira clara, pratos de grés vidrado e lugar para cerca de 50 comensais. De realçar ainda o serviço - é profissional e bem formado, o que infelizmente é cada vez mais raro. De entrada, vieram uns excelentes cogumelos carnudos, bem salteados, pimenta preta moída, com a originalidade dos coentros e do alho a lembrar Bulhão Pato, e uma salada de rúcula com balsâmico - tudo perfeito para uma refeição ligeira acompanhada de sangria.

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  • Steakhouse
  • Baixa
  • preço 2 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

O proprietário deste Reitoria estudou hotelaria em Lausanne e animou-se com a agitação da movida portuense para se lançar no primeiro projecto da sua carreira. O espaço, junto ao Largo Moinho de Vento e bem perto da Reitoria da Universidade do Porto, não podia estar mais bem conseguido. Afirma-se como Wine Bar e Steak house e instalou-se num bonito prédio portuense do séc XIX restaurado a preceito, com uma bela varanda com oliveiras a embelezar o cenário. Duas mesas em madeira de ripas largas e ferro convidam a um copo no exterior e a uma das focaccias feitas na casa.

  • Italiano
  • Foz
  • preço 2 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

O Corte Real, restaurante fozeiro de referência foi parar às mãos do empresário portuense Vasco Mourão, que já tinha no portefólio o Cafeína, um porto seguro, e o instável Terra. Nasceu assim o Portarossa, uma pizzaria refinada, para mais com alternativas belíssimas de comida a sério. O espaço é perfeito. Temos esplanada exterior com uns excelentes aquecedores para os dias de frio, temos espaço para fumadores numa espécie de jardim de inverno, temos uma sala principal sem pretensiosismos, mas de muito bom gosto e muito bem frequentada, e temos um ótimo espaço para famílias e criançada aos fins-de-semana.

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  • Hambúrgueres
  • Baixa
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

No último ano, as hamburguerias aprenderam várias lições, tantas e tão boas que se conseguiu resgatar esta comida do buraco da fast food, elevando-a a fenómeno de moda, em concorrência apertada com petiscarias trendy e casas de conservas. Esta Real Hamburgueria, na zona de Cedofeita, é um dos melhores exemplos do que se pode fazer com uma rodela de carne picada, com o valor acrescentado de ser servida num sítio agradável por pessoas agradáveis. A base são hambúrgueres altos, bem assados, os aromas da caramelização da proteína notórios. O agrião igualmente transversal, a dar picante e textura.

  • Português
  • Baixa
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Já não se aguentam os restaurantes de petiscos modernos, estilos e com má comida. Parece que de repente todos os empresários recém-chegados ao meio foram a Madrid e voltaram de lá com uma fixação: repetir em Portugal as tabernas de tapeo. Os resultados são quase sempre embaraçosos: ou a decoração é desajustada e nova-rica ou a culinária é incompetente. Esta Taxca “A Badalhoca” foge à regra. Aberta em Setembro, na Rua da Picaria, a Taxa é um híbrido de bar e restaurante, com mesas altas e bancos ao balcão, onde não falta uma fileira de presuntos (há lá quadro mai lindo).

Críticas de restaurantes

  • Petiscos
  • Baixa
  • preço 2 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Não há mal nenhum em um artesão aprimorar a sua técnica num ofício só. Um sapateiro que trabalhe toda a vida a remendar solas e a fazer moldes, será, à priori, mais eficaz do que um outro que também se dedique a fazer meias. A ânsia de chegar a todo o lado e de querer dominar todas as coisas nem sempre traz os melhores resultados.

Pedro Moura Bessa, dono deste Panda, é um jovem chef com uma carreira já promissora na cidade. Em 2013 abria o Munchie, a hamburgueria que deixou os portuenses em polvorosa à conta dos seus avantajados hambúrgueres. Conquistaram muitas barrigas, à conta, lá está, da tal experiência. E estava tudo bem só pelo simples facto de o Pedro fazer hambúrgueres. Mas o Pedro não quis ser “só” um sapateiro experiente (e ainda bem), quis mais. Mas fez mais do mesmo e foi uma pena.

Este seu Panda tem canas de bambu e bonitas cestas pelas paredes. Mas também tem plantas de plástico e um panda de peluche absurdamente gigante e desnecessário a acumular pó. O espaço é bonito, mas sem alma. É uma espécie de pessoa encantadora mas com amnésia. O Pedro quis ser como os outros, quis apanhar um barco da moda como os outros, quando teria sido melhor ter ficado a vê-lo passar. À conta disso serviu-me o mesmo tártaro de atum e os mesmos cones com carne que meia cidade servem.

  • Vietnamita
  • Baixa
  • preço 2 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

A viagem ao vietname borregou. Era preciso comprar uma máquina de lavar roupa nova e substituir o chão da varanda que ficou destruído depois das obras de revestimento a capoto do prédio. Acabámos, portanto, por ir de férias para 
o meio do Alentejo (também ele tomado
 de assalto pelos turistas); a dormir numa rulote cheia de entradas de ar e vespas asiáticas na casa de banho; e a atolar o carro num banco de areia mal chegámos ao alojamento. Se a minha mulher já estava descontente com a mudança de planos, ainda mais ficou. E ninguém quer, a bem da boa convivência planetária, que a Rita se aborreça. Sugeri-lhe, em compensação, sob o incrível céu estrelado alentejano (até saquei uma app com as constelações e tudo), irmos ao novo Viet View, em Cedofeita, o primeiro restaurante no Porto dedicado à gastronomia daquele país. Um gajo tenta.

Mas fiquei com a sensação de que a emenda foi pior do que o soneto. Logo a abrir a refeição gastámos 8,50€ em entradas que não me levaram nem a Hanói, nem a
 Ho Chi Minh, mas sim ao AKI (com esse dinheiro podia ter comprado um suporte novo para o chuveiro, que todos os dias ameaça despenhar-se lá do alto, pensei).

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  • Português
  • Vila Nova de Gaia
  • preço 3 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Há sempre um coração que bate mais forte cá dentro. Que é maior do que todos os outros corações. Que é mais carnudo 
e suculento, mais doce e cheio de amor. 
É assim o coração de boi, o meu tomate favorito entre todos os tomates que existem na Terra. Não provei todos os tomates que existem na Terra, como devem imaginar, mas quando se gosta realmente de alguma coisa, assim é: o mundo deixa de existir. E, para mim, não há tomate como aquele.

Podia dizer-vos que quando chegava o Verão comia cestos de tomates coração de boi vindos da quinta dos meus avós, mas vou passar essa reminiscência adiante e falar de uma outra coisa mais importante:
 o tomate coração de boi salva uma salada mista, embeleza-a, eleva-a, e se for regada com um fio de azeite, tanto melhor. Mas não lhe podemos atribuir o ónus da redenção se emparelhado com folhas verdes e tomate cereja sem graça e umas rodelas de queijo de cabra panadas já muito gastas (9€). Digamos que de “uau, que belo começo” pouco teve. O raio do tomate é bom, mas não faz milagres.

  • Petiscos
  • Baixa
  • preço 3 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

O meu primeiro contacto com a vizinha Espanha (do qual me recordo), foi através da minha avó que, volta e meia, gulosa como só ela, ia a Vigo comprar caramelos. Foi à conta de um desses caramelos que a Filosofia surgiu de rompante na minha vida e, com ela, a inevitabilidade de que não se pode ter tudo e que, por vezes, acabamos mesmo sem nada. Lembro-me de como aquela pasta de açúcar dura e cozinhada industrialmente se agarrou a um molar de leite periclitante. Nesse momento deu-se uma espécie de paradoxo de Schrödinger – já não era um dente, mas um dente com caramelo. Mas também não era bem um caramelo, era uma coisa repugnante cheia de cavidades enterrada em algo que era bom. Resultado? Um caramelo incomestível e uma miúda desdentada e inconsolável.

Não me caiu nenhum dente quando fui ao Tapisco, o primeiro espaço de Henrique Sá Pessoa no Porto – que conjuga petiscos portugueses com tapas espanholas –, mas caiu-me o queixo porque estava à espera de melhor. Afinal, trata-se de uma carta pensada por um chef que conquistou, há uns anos, uma estrela Michelin para o seu Alma, em Lisboa. Ainda antes de avançar com esta crítica, é preciso fazer uma referência a Rui Sanches, também responsável pelo projecto e a máquina que põe a funcionar o império Multifood, que detém dezenas de restaurantes, como as cadeias Honorato e Vitaminas, e restaurantes de topo, como o Alma.

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  • Restaurantes
  • Baixa
  • preço 2 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Volta e meia acordo em sobressalto, sempre por causa do mesmo pesadelo.
 À minha frente, em cima de uma mesa de madeira corrida (cujo fim não consigo ver), tenho espumas. Espumas de tudo e de mais alguma coisa. Espumas de yuzu, de tomate seco, de ostra, de castanha do Pará, de tangerina, de cabeça de camarão. Bolhas
 de ar e líquido que quando assentam na língua, atingindo o zénite da sua existência, morrem sem glória, sem terem maravilhado ninguém. Nunca ouvi dizer: “Ai que espuma tão boa, tão incrível. Quero levar em saquinhos para casa”. Demasiado aparato para tão pouco proveito (além de que deixam quem as come com ar de parvo – “Devo continuar a fingir que estou a mastigar? Ainda tenho alguma coisa na boca?”). À quarta espuma que como, choro, e peço para me mandarem para o Inferno. Lá, certamente, haverá churrasco.

Não comi espumas no Mood
 Restaurant & Sushi Bar, mas
 esta introdução tem uma razão
 de ser. Quando um ingrediente
 é bem cozinhado e apresenta 
uma boa textura, o prato
 melhora. Não há nada mais
 maçador do que obrigar a língua
 sempre ao mesmo processo de deglutição. Sempre aos mesmos 
movimentos mecânicos. Aquilo é um parque de diversões, gente, é uma rave. São milhares de papilas gustativas num festival à espera que o prato suba ao palco. Se lhes oferecem má comida, a malta desiste e assobia.

  • Português
  • Baixa
  • preço 2 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Foi um bonito começo, mas nem todo o queijo do mundo me vai fazer esquecer que a refeição, infelizmente, descambou. E a coisa até tinha um potencial do caraças. Na Rua do Bonjardim, com uma invejável montra de queijos de todo o lado mesmo 
à entrada e uma carta pensada pelo chef João Pupo Lameiras, este espaço tinha tudo para dar certo. Mas não tinham o vinho que queríamos, não tinham o ovo escocês, não tinham o tártaro de beterraba. Tinham, sim, coisas que eu não queria comer mas que por força das circunstâncias (era domingo, o restaurante estava vazio e a cozinha pareceu-me um tanto ou quanto preguiçosa) lá tivemos forçosamente de pedir.

A tábua de três queijos, com um São Jorge com 36 meses de cura, com aqueles cristaizinhos formados à superfície, cheios de umami; um de ovelha pastoso, vindo de Seia; e um de mistura, fez as honras (9,50€). Vinha com uma doce compota de cebola, bastante boa, nozes caramelizadas, a dar um toque crocante, e uma cesta de pão. O conjunto quase me fez esquecer o trôpego arranque.

Os croquetes que se seguiram, recheados com o mesmo
 queijo de Seia, tinham um bom rácio entre este, que escorria à primeira dentada, ainda quente; bocadinhos de bacon a dar textura; e cebola refogada, a fazer lembrar os cozinhados de casa (5€). Gordos mas com uma fritura impecável.

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  • Italiano
  • Baixa
  • preço 2 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Ainda estou para perceber o que justificou uma
 conta de 73,50€ para duas pessoas. Não me lembro
 de ter pedido uma burrata com folha de ouro, nem uns arancini recheados a caviar beluga selvagem do Irão. Não foi o melhor fim de refeição, confesso – apesar de o tiramisù de coco e Nutella, numa uma versão modernaça, pedido para 
a sobremesa (6,50€), me
ter surpreendido bastante 
–, especialmente porque tínhamos acabado de aproveitar uma promoção que nos deixara dois bilhetes para uma peça de teatro pelo preço de um.

Começámos entusiasmados com uma focaccia estaladiça, com pequenos flocos de sal, a saber a alecrim, acabada de sair do forno e que ligou muito bem com a burrata cremosa e com o presunto de Parma (12€).

Os arancini deste La Fontana, dos mesmos donos do Pulcini, em Leça da Palmeira, também estavam muito
 bem (10€/3 uni.). Grandes
 e generosos na beringela e 
na mozarela, lembravam
 uma receita de mãe e uns que comi, há muitos anos, numa banquinha em Roma, feitos pela nonna de alguém. Os de peixe, que também vinham no conjunto, com um recheio algo pastoso e molengão, não deixaram tão boa lembrança.

  • Japonês
  • Clérigos
  • preço 2 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Nem todo o vintage é bonito, convenhamos. Há peças que sim senhora, ficam bem lá em casa, como aquele jarrão de porcelana herdado da avó que nunca sairá de moda. Há outras que, enfim, ou levam uma boa remodelação ou o melhor é despedirmo-nos delas, agradecendo os serviços decorativos prestados à casa. Com a comida acontece o mesmo. Há modas que ficam e outras que devem partir. Como o sushi de fusão. Mas isto sou eu. O Subenshi veio de Aveiro e instalou-se perto do Jardim da Cordoaria. Tem uma varanda engraçada de onde este pode ser admirado através das frondosas copas. Mas também tem um hosomaki com morangos e ananás a cheirar a mofo (sentido figurado), saído de um baú que já não era aberto desde o início deste século. Pedimos umas gambas selvagens em tempura, envolvidas em amêndoa laminada e rematadas com molho agridoce e cebolinho. O quente, o crocante e o doce misturavam-se bem, mas
 a minha companhia queixou-se de que estavam “passadas”, e com razão, eu queixei-me de que nem se deram ao trabalho de limpar a tripa, que deixou um gosto azedo na boca (9,95€/4 uni.). Uma pena.

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  • Latino-americano
  • Clérigos
  • preço 2 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

O último a inventar um novo conceito para um novo restaurante nesta cidade é um ovo podre. Portanto, aqui vai o meu contributo. Porque não um daqueles restaurantes japoneses com escorregas de noodles (se quiserem saber do que falo procurem no Youtube) onde a malta está bem oleada (esta parte é já da minha inteira criatividade) e tem de correr (aos encontrões e escorregadelas) se quiser comer alguma coisa de jeito, estilo Jogos Sem Fronteiras da Comida. Se estiverem todos nus, a experiência é ainda melhor. Pelo menos para quem vê. Era uma daquelas noites que pedem margaritas, comida de rua de lamber os dedos e, quem sabe, um bailarico mais tarde. Prometeram-me tudo isso no Boteco Mexicano, um restaurante que junta a gastronomia brasileira e mexicana, do chef Luís Américo.

  • Português
  • Porto
  • preço 1 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Fica num primeiro piso, depois de uma escadaria
 que, seguramente, já viu muita cerveja entornada por estudantes. E as paredes espelham o vasto espectro da arte. Há cópias da Última Ceia, pinturas abstractas e fotografias da Ribeira com barcos rabelos a cruzar as águas do rio. Na mesa, o convívio de pratos é igualmente antagónico. De um lado, um bife rijo com ovo a cavalo (8,50€). Do outro, uns filetes de peixe branco saborosos e sequinhos (5€). O mesmo se passou com as sobremesas. Um bom toucinho do céu carregado de chila contrapôs-se a um leite-creme deslavado (ambas a 2€).

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  • Peruano
  • Baixa
  • preço 3 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Como diz a minha mãe, tudo o que é demais é erro. Também diz outras coisas como: “Quem muito se baixa, o rabo lhe aparece”. Foi sempre muito próspera em ditados populares, esta mulher. E isto porquê? Porque fui almoçar ao Panca de Vasco Mourão e do chef chileno Camilo Jaña (responsáveis por restaurantes como o Cafeína e o Terra) e saí a achar que tinha atracado num admirável mundo novo. E não no bom sentido. Bem sei que quanto mais genuíno um restaurante parecer, melhor é a experiência para o cliente. Mas quando o esforço se torna evidente, a coisa roça o exasperante. Depois de 20 minutos a torrar debaixo do sol na esplanada, e de uns quantos agitares de braços no ar, como dois náufragos a quem só faltou aparecer escorbuto à conta
 da carência de comida, lá conseguimos que uma das meninas que serviam às mesas neste restaurante, com uma carta inspirada na gastronomia da América do Sul, nos desse um pouco de atenção.

  • Português
  • Boavista
  • preço 1 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Por menos de 20€, nesta tasquinha, com vista para a Casa da Música, três pessoas ficam bem aviadas. E se a isto somarmos um atendimento simpático, uma pessoa até trabalha melhor durante da tarde. Uns rissóis de leitão bem recheados de carne, com esta a saber bem a molho de pimenta, e uma dose de rojões tenros e húmidos, até fazem esquecer umas pataniscas massudas e com pouco bacalhau, e duas sandes, uma de presunto e outra de alheira com ovo, que, apesar de terem enchido a barriga, não eram nada de especial.

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  • Português
  • Baixa
  • preço 2 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Há coisas que me deixam com a pulga atrás da orelha. Os putos quando estão silenciosos há muitas horas; o IRS que entra logo à primeira no portal das finanças; a sogra que me sorri sem motivo aparente... Isso e restaurantes que se focam num produto específico e enchem a carta de pratos feitos com o mesmo. Salvo raríssimas excepções, as incursões a espaços deste género acabaram sempre com as minhas papilas gustativas a padecer de um aborrecimento mortal. No Lhau! Lhau! Maria!, na Baixa, a estrela é o bacalhau. Começámos pelo que nos parecia mais seguro: umas pataniscas com um bom rácio entre o peixe, os ovos, a farinha e a cebola picada. Quentes, estaladiças e bem temperadas, dispensavam a típica armadilha para turistas – o queijo da Serra derretido sobre as mesmas. 

  • Português
  • Bonfim
  • preço 1 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Nesta taberna de ar antigo, mas aberta em Dezembro, o bife à Nazareno, marinado em vinha d’alhos, encorpado e tenro, trazia umas batatas fritas ainda cruas e a necessitar (muito) de uma pré-fritura. Ao lado, e por mais estranho que pareça, vinha uma casca de ovo em chamas (!). Antes que a écharpe da minha esposa fosse consumida pelo fogo e a refeição terminasse em tragédia, apaguei o aparato desnecessário. O arroz de tomate estava bom e os filetes de peixe envoltos num polme leve, mas banal. A sobremesa é que foi uma desgraça. Pedimos uma taça de serradura, mas que sem leite condensado se resumiu a um amontoado de natas batidas com bolacha Maria esfarelada por cima. Paguei 22,15€, portanto, quem ficou a arder fui eu.

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  • Restaurantes de fast food
  • Baixa
  • preço 1 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

À conta deste restaurante passei uma bela vergonha à frente do meu patrão. Numa visita a Lisboa em trabalho, há uns anos, almocei no Frankie Hot Dogs por recomendação de um colega. Lembro-me que no menu havia uma diversidade de cachorros quentes tão grande que ainda hoje tenho a impressão de ter abanado ligeiramente o rabo de excitação, qual canídeo feliz.

Pedi o cachorro mais exuberante, não me chamasse
 eu Ricardo, mas os guardanapos entalados no pescoço a proteger a gravata não a salvaram de uma evidente nódoa de gordura, salientada sisudamente pelo meu chefe durante a reunião da tarde.

  • Árabe e Médio Oriente
  • Porto
  • preço 1 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Quando era mais pequena fartei-me de fazer teatro. Primeiro, porque o meu pai tinha uma companhia de actores e de actrizes que eu substituía sempre que alguma ficava doente ou batia com a porta queixando-se de falta de protagonismo. Segundo, porque era gulosa e pronto. Fingia desfalecer se não comesse aquele mil-folhas, ou tonturas se não despachasse um rissol de leitão rapidamente. Por isso, quando os meus pais anunciaram que iam a Israel, toda a minha veia dramática aflorou com prontidão. Era necessário que me trouxessem tâmaras Medjool. No regresso, a bagagem da minha mãe era um escândalo: sete quilos deste fruto seco polposo e docíssimo.

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  • Português
  • Cedofeita
  • preço 1 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Num prato de barro pendurado na parede lê-se: “Bom e baratinho é no Zé Povinho”. E, contando que saímos de
lá a rebolar e com menos 7,50€ no bolso, não estão a dizer mentira nenhuma. Para começar, uma salada de polvo
com pimento, cebola e salsa que, não estando nada do
 outro mundo, deu para entreter enquanto não chegavam as pataniscas. Estas eram fofas e generosas no peixe, e vinham acabadas de fritar, sem pinga de óleo. Ao lado, umas migas de feijão frade com falta de tempero e, para fechar, uma tarte de leite condensado, húmida e deliciosa. O ponto alto da refeição.

  • Cafés
  • Baixa
  • preço 1 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

A primeira lembrança que tenho da Vanessa é ela a lançar-se com toda a força à minha cara. Vinha preparada para me dar um soco, mas uma esquiva rápida safou-me do pior primeiro encontro de sempre. Ficámos amigas desde essa altura, mas fi-la jurar que só andávamos à pêra dentro do ringue. Isto porque no boxe ela ganha-me em força e em altura. Apesar das notórias diferenças físicas, temos uma conversa comum – aquela em que juramos que vamos começar a comer melhor (e a puxar mais ferro). 
Por isso, quando o Óbio abriu, ali nos Poveiros, cheio de produtos biológicos vindos de pequenos produtores e com uma simpática mercearia com azeites, compotas e manteigas à venda, pareceu-me óbvio leva-la lá.

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  • Cafés
  • Baixa
  • preço 1 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Progresso foi tudo o que eu esperei deste café que se intitula o mais antigo do Porto, nascido botequim no final
do século XIX. Fui lá quando reabriu, em Setembro do ano passado, com nova carta, nova cara e nova gerência, mas saí de boca amarga. O atendimento não foi dos mais afáveis, a comida não foi das mais saborosas, e a conta foi demasiado alta para a experiência. Ainda assim, voltei, muito recentemente e mais do que uma vez, porque não devemos condenar um restaurante à nascença só porque a primeira impressão não foi das mais amistosas. Quatro meses depois, pensei, já teriam tido tempo para afinar a carta e o pessoal. Ao pequeno-almoço correu tudo bem.

  • Português
  • Matosinhos
  • preço 1 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Ainda não tinham batido as 13.15 e mais de metade da comida anunciada na ementa já não existia na cozinha. Especialmente as moelas, pelas quais já salivávamos. Sobrou-nos uma costeleta de vitela tenra, bem temperada,
 e ligeiramente mal passada e uma alheira de Mirandela
 que não desiludiu, com a gordura que a caracteriza, acompanhada por umas batatas fritas ultracongeladas sem graça e um arroz solto, um pouco salgado. As sobremesas – uma mousse de chocolate e um cheesecake feitos por uma irmã da patroa – não estavam más.

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  • Americano
  • Aliados
  • preço 3 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

E nós que até estávamos com a pica toda. Havia festa depois de jantar e, convenhamos, com o passar da idade,
 os convites e a genica para grandes comemorações desaparecem que nem barris de cerveja em dia de Santos Populares. Por isso, entusiasmados, criámos todo um aparato à volta do assunto. O ambiente descontraído, a música, o atendimento (demasiado?) informal (sempre me questionei se contratam o pessoal pela sua esfuziante alegria ou se lhes dão alguma coisa para beber/fumar antes do serviço começar...) e a comida gulosa do Hard Rock Cafe pareciam ideais para uma sexta à noite para namoriscar. Fomos encaminhados até à mesa por 
uma menina que batia com os seus crachás na lapela, em maior número que o recorde de medalhas olímpicas conquistadas por Michael Phelps, e que anotou o nosso pedido de cócoras junto à mesa. As bebidas primeiro.

  • Japonês
  • Foz
  • preço 3 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Nunca gostei de dados adquiridos ou de pessoas garantidas. É meio caminho andado para o deixa andar e para que o tédio e o desinteresse se instalem na vida como lapas agarradas a uma rocha. Prefiro a busca constante pela felicidade. Esteja ela no amor ou à mesa. E com isto quero dizer, que 
a relação entre um homem e
 uma mulher é muito parecida à relação que um homem ou uma mulher têm com um restaurante e com a sua comida. Se esta não os espicaça de vez em quando, se não lhes apimenta a vida, lá se vai o entusiasmo. Lá se vai o encanto. O Terra, de Vasco Mourão, também dono do Cafeína, é 
um daqueles casos em que se instituiu que era bom porque era bonito e porque era frequentado por gente fina da Foz.

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  • Português
  • Cedofeita
  • preço 2 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

A minha mãe acha que eu ainda tenho 15 anos. Liga-me meia dúzia de vezes durante o dia a perguntar se tomei o pequeno-almoço, se comi bem ao almoço, o que é que vou jantar e se trinquei qualquer coisa a meio da tarde, para não me dar a fraqueza. Numa destas semanas ligou-me a avisar que andava pelo Porto, às compras, atrás de uma gravata para o meu pai. “Anda, que eu pago-te o almoço”, disse, chantagista. Encontrei-a minutos depois, sentada num banco da Praça Carlos Alberto, cheia de sacos enfiados nos braços. Da gravata do meu pai, nem sinal. Fomos até à Adega do Carregal, na Baixa, a poucos metros dali.

  • Português
  • Baixa
  • preço 1 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Tínhamos várias condicionantes logo à partida: 1) Era um restaurante na Baixa;2) Era hora de ponta;3) Estava a abarrotar de turistas. Ainda assim, arranjámos lugar. Pedimos umas pataniscas que se revelaram massudas, com um polme farinhento, mas que desapareceram da memória quando a sopa de peixe aterrou na mesa – aromática, a saber a camarão e pimenta, e com pedacinhos de peixe. Depois, chegou uma alheira banal, acompanhada por umas boas batatas fritas estaladiças e um ovo estrelado na perfeição.
 A picanha, alta, veio passada demais, mas trazia um feijão preto divinal com bocados de bacon, temperado com cominhos. Para terminar, um leite-creme caseiro, com limão. Vinha com grumos, a atestar a sua veracidade, mas que não incomodaram (muito).

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  • Leça da Palmeira
  • preço 3 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

“Gosto de o ver comer.” Uma das características das mulheres do Norte é gostarem de ver os homens comer bem. Especialmente o que cozinham para eles, dedicadas e cheias de complacência, enquanto verbalizam mentalmente um “Come filho, que estás tão magrinho” mesmo que isso não seja, de todo, verdade. Durante a semana, quando vamos tomar café depois do jantar, ele empanzina-se sempre com fatias de bolo de bolacha, cheesecakes de frutos vermelhos ou palmiers com chocolate. Fecha os olhos enquanto os saboreia e vestígios dessa alarvice de fim de noite ficam-lhe espalhados pela barba e bigode. “Um charme” que apela, depois, à minha intervenção. Não foi diferente quando agarrou no pão morno e estaladiço do couvert do Ammar, o restaurante em Leça da Palmeira com vista para o oceano.

  • Cafeteria
  • Clérigos
  • preço 2 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Eu e a minha mulher temos um acordo. Ao fim de cinco anos de casamento há que fazer cedências de parte a parte. Por cada três restaurantes que ela escolhe, vamos a um onde eu possa comer que nem um alarve. Desta vez não tive essa sorte e fomos almoçar em dia de trabalho, depois de ela argumentar via whatsapp que nunca íamos a lado nenhum. O costume. Eu sou um traste. Sugeriu o Noshi Coffee, na Baixa. Um restaurante/cafetaria com design moderno, cores claras, onde os hipsters bebericam o seu café de filtro nas calmas. Claro que estas coisas das cedências dão sempre azo a discussões de magnitude 3 na escala de Ritcher, quase sempre em via pública.

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  • Cervejarias
  • Boavista
  • preço 1 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

O almoço podia ter sido uma desgraça, já ia preparada para isso, porque a minha colega de trabalho é a desgraça em pessoa e fala sobre o assunto sem pausas para respirar. Já partiu o nariz, já foi operada aos dois joelhos e anda com uma crise de rins. Começo a achar que, tal como o meu prego de novilho com queijo Brie, mel e compota de cebola (4€), ela é feita de um material estranho. À primeira dentada fiquei com o bife pendurado na boca, qual cão com sede. O que, ainda assim, não desmotivou o senhor do balcão de mandar umas piadas de engate para cima de nós. Já o prego da vazia com queijo e fiambre estava óptimo (4,50€). Tenro, simples e saboroso. As batatas fritas, no ponto, sem gordura e estaladiças. Mas quanto ao cachorrinho, discordámos. Para ela estava bom, para mim salgadíssimo. O que me fez sair de lá a ameaçar partir-lhe mais qualquer coisa.

  • Português
  • Flores
  • preço 2 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

O almoço andava a ser adiado há tempo demais, coordenar agendas de gajas é pior do que aprovar um Orçamento de Estado num parlamento que não se entende. Por isso, quando a apanhei a jeito aqui no Porto (ela mora em Lisboa), arrastei-a até ao recém-aberto wine bar com petiscos da Rua das Flores. Chegámos tarde, logo escapámos à enxurrada de turistas afogueados que acorrem aos bares de vinho da cidade como se esta fosse the ultimate experience. Relatos que, depois, imagino, partilhem efusivamente com os amigos e vizinhos back home. Mas vamos ao que interessa. Lá dentro, uma placa dourada anuncia que a decoração ficou a cargo de Pedro Mourão Interiors.

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  • Português
  • Baixa
  • preço 1 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Podia ter dado para o torto, já que sou um benfiquista ferrenho e o Zé, um sportinguista convicto. 
A bem da verdade, tentei, ao longo dos anos, que mudasse de cor clubística, mas ele gosta de sofrer. E como diz o povo: burro velho não aprende línguas. Mas foi na paz, viva o fair play, até à mesa. Entrámos numa tasca na Batalha decorada com retratos dos plantéis do Futebol Clube do Porto e petiscámos uns bolinhos de bacalhau quentinhos e nada massudos, com mais peixe do que batata, que escorregaram bem com dois finos frescos.

  • Português
  • Foz
  • preço 2 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

A Praia da Luz no seu todo – que em boa verdade é um território de pequenas dimensões – é um daqueles sítios que apetece em qualquer altura do ano. Nos primeiros dias de sol 
do ano, quando as ondas ainda são grandes, nos primeiros da Primavera, quando já há gente que se aventura na água, e, claro, no pino do Verão, de preferência quando dá para estender a toalha, nem que seja por 10 minutos. Infelizmente, não foi o caso. Fui almoçar à Cafetaria da Praia da Luz em dia de trabalho. Esplanada cheia, saladas a saírem da cozinha para o exterior, lá dentro (no andar intermédio, sublinhe-se, que em cima fica o restaurante mais a sério), alguns grupos de pessoas em almoços tranquilos, quase todas as mesas em frente à janela ocupadas.

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  • Português
  • Cedofeita
  • preço 3 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Muito se tem ouvido falar do oficina. Muito se tem lido sobre o Oficina. Muito se tem instagramado o Oficina – a provocação do painel com neon à entrada, um directo “Fuck Art Let’s Eat”, trabalho assinado por Filipe Marques, está lá mesmo a pedir a fotografia. Mas há mais: apesar de trendy, cool, kitsch e outros estrangeirismos que tais, o quarteirão da Bombarda não tinha até agora uma oferta na restauração tão séria. Por séria entenda-se assinada por um chef credenciado – Marco Gomes, ex-Foz Velha –, num espaço muito bem trabalhado e decorado – o projecto
 é do galerista Fernando Santos, figura incontornável da rua –, carregado de obras 
de arte – Pedro Cabrita Reis é só um dos nomes que tem intervenções no restaurante.

  • Pizza
  • Foz
  • preço 2 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Quando me sento à mesa de um restaurante e pergunto “o que é que recomenda?” é como se pedisse: “vá, diga-me lá o que é que é bom”. Não sou dona de nenhum estabelecimento, mas ando no métier há tempo suficiente para saber que muitas vezes essa é a base para abrir um negócio. “Ah, eu faço uns ovos mexidos com espargos óptimos” – toma lá uma casa de petiscos; “Ah, eu nasci em Matosinhos e sempre fui comprar peixe a Angeiras” – inventa-se uma peixaria moderna; “Ah, eu não vivo sem carne e sempre quis ter um sítio com bifes maturados” – faça-se um templo carnívoro. Graças a Deus, boa parte das pessoas tem amor ao dinheiro e constrói a coisa com tino.

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  • Português
  • Flores
  • preço 2 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

A forma infeliz como acabou um almoço no Prégar podia ser razão suficiente para retirar uma estrela das acima pintadas: comi alguma coisa estragada e fiquei com uma breve, mas dura, intoxicação alimentar. Afirmo-o com toda a certeza, porque tanto eu como a minha companhia de almoço passámos, digamos, uma tarde menos agradável, tal e qual com os mesmos sintomas. E como foi tudo dividido ao centímetro, não restam dúvidas. Porque não penalizar o restaurante? Porque não devia acontecer, mas também acontece aos melhores. Relembro uma intoxicação alimentar no Noma, um dos melhores do mundo, em 2013. Deixou de ser um dos melhores? Não. E sobre este Prégar, só posso acreditar que se tratou de um infeliz azar.

  • Português
  • Baixa
  • preço 3 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Há muitos ingredientes especiais no mais recente Tapabento da cidade. Poucas mesas em Portugal, mesmo como a estrelada aqui do lado, juntam cogumelos Eryngii, trufa negra, manteiga “das Marinhas” e a muito exótica pimenta nepalesa “Timut”, parecida com a de Sichuan (12€). No prato ressaltam ainda mirtilos e um pão escuro, dispensável mas que não desmerece o conjunto, um belo prato muito por causa do aroma da trufa, do molho beurre blanc elegantíssimo e do cogumelo, bem assado e carnudo, a lembrar um boleto.

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  • Português
  • Galerias
  • preço 1 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

A grande aposta da casa é no arroz de tomate. A dose vale 2,50€ e pode haver reforços a custo zero, o que é um excelente negócio para o cliente. Os bagos vêm malandrinhos, ainda rijos, envolvidos num caldo com troços de pimentos, tomates e aipo, uma originalidade boa. Pena usar-se arroz agulha e não o carolino, mais gordo e saboroso. De resto, a carta está organizada com acompanhamentos ao arroz, onde há clara predominância de fritos. Provaram-se umas chamuças destinadas a papilas ocidentais (4€), sardinhas pequenas (4€), ovos verdes (3,50€, a gema amarelinha, o que é cada vez mais raro, bom sinal) e trouxas de empadão (4,50€), também fritas, que ganharam o prémio cena-mais-louca-do-menu.

  • Steakhouse
  • Ribeira
  • preço 2 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Fica mesmo na Praça da Ribeira e a esplanada tem o postal todo do Douro e da Ponte de D. Luís I. A especialidade são carnes e não vale a pena inventar. Num destes dias, eu e um amigo começámos com um bom couvert de pão quente, bom azeite e manteigas de trufa excelentes (2,50€). Para os principais, pedimos a entrecôte (150 g, 16€) e um bife da vazia maturado (300 g, 21€). A entrecôte chegou resfriada, mas bem grelhada, acompanhada por três tipos de sal. Estava média malpassada, como era suposto, mas a carne farinhenta e sem grande sabor. A vazia, por sua vez, parecia carne fresca, com muito pouca (ou nenhuma) maturação (apesar de nos terem falado em 14 dias).

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  • Português
  • Baixa
  • preço 1 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Descemos a uma cave nos Poveiros para encher a barriga de vísceras e outras coisas boas. Uma pilha delas. O combinado médio leva bucho, tripa, orelheira, morcela e rojões (5,50€). Vêm num prato de sobremesa e formam um montinho de carnes com uns 15 centímetros. A acompanhar broa de centeio e dois palitos para picar. O pesadelo de qualquer vegan faz a delícia de quem conhece a casa, há muitas décadas aqui estabelecida e há uns meses remodelada. Para lá chegar, tem de se descer umas escadas. Em baixo, vê-se um balcão bonito de madeira escura, meia dúzia de mesas, ambiente de tasca antiga.

  • Português
  • Baixa
  • preço 2 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Podia começar esta crítica com uns trocadilhos sobre o nome do restaurante, mas prefiro abster-me de o fazer – até porque, além de fazer sentido pela morada,
 o Largo do Priorado, não encontro explicação para a ideia. Não senti presunção da parte de ninguém e fui muitíssimo bem recebido. Gostei do sítio, a sala de baixo estava cheia ao almoço, as cinco opções de pratos de dia soaram-me bem e arrisquei num arroz de cabrito – veio primeiro uma
sopa de feijão verde insossa e demasiado líquida. O aparatoso prato trazia um arroz com açafrão, grelos e alguns pedaços de cabrito bem cozinhado, até com alguma gordura. Bom, não histórico.


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  • Português
  • Flores
  • preço 2 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

– De que é feito o pão?– De cereais – responde o empregado. Já conhecia a versão sopa, habitual nas tascas. (“De que é a sopa?”. “De legumes.”). Sucede que a Galeria do Largo é um restaurante com preços puxadotes, guardanapos de pano e quadros com pessoas antigas e importantes nas paredes (tendência? Ali ao lado a Cantina 32 também os tem), que certamente não se contentariam com a resposta. O efeito teria sido atenuado fosse a comida superior. Mas não aconteceu. Em causa estava um pão de mistura de trigo e centeio, razoável, acompanhado de um pratinho de azeite e balsâmico, razoável, que abriu um almoço... razoável.

  • Japonês
  • Clérigos
  • preço 2 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

O sítio comunga do mesmo problema do Zé Bota: fica escondido numa travessa atrás do Piolho e, como tal, só lá vai quem, bom, quem quer mesmo lá ir. Talvez isso explique que nas duas visitas o restaurante estivesse semivazio. O que não impediu os sushimen e a pessoa responsável (pareceu-me ser a pessoa responsável) de serem extremamente simpáticos. E não naquela onda de apaparicar os (quase) únicos clientes do dia. Aqui o serviço é muito, muito bom. Já a comida fica um bocadinho abaixo do que se quer num japonês. Ou numa tasca japonesa, como se intitula o 3 Hyôshi. É que além de sushi, há alguns petiscos nipónicos que estão no arranque da ementa e pelos quais fui aconselhado a começar.

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  • Baixa
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Costumo tirar as medidas a um restaurante na primeira ocasião. Ou seja, ou vou logo com a cara do sítio ou não. Estou a falar, claro, do ambiente, da decoração, daquele primeiro embate com o serviço. E antes de provar qualquer coisa – reforço, tiro a pinta ao sítio, não à comida –, percebo se sou capaz de voltar ou não. Estranhamente, não aconteceu isso com o Cruel, um dos restaurantes da moda, com a consultoria do chef Luís Américo. Gostei da luz da primeira sala, do aparador, da decoração, da solução encontrada para o sítio não parecer uma antecâmara.


  • Vegetariano
  • Campo Alegre
  • preço 2 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Quero começar este texto com um esclarecimento. Não tenho nada contra a comida vegetariana. “Oh!, oh!, mas porque haveria de ter, Francisco?”, perguntarão alguns que me lêem. Porque eu sei muito bem que há por aí gente que acha que não é comida digna e que gosta de fazer as piadolas costumeiras, do tipo, “e depois do vegetariano, onde vamos comer?”. E sei disto porque tenho amigos assim. Então, quero aqui frisar que gosto de restaurantes vegetarianos. Do mesmo modo que simpatizo com restaurantes
em sítios originais. Ok, é um segundo esclarecimento.


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  • Petiscos
  • Baixa
  • preço 2 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

O final da refeição no Porta 4 lembrou o irritante anúncio ao Danoninho que passava na TV, em que a criança ouvia da mãe o “falta-te um bocadinho assim”. Aos dois cozinheiros há pouco saídos da Escola de Hotelaria que decidiram, no Verão, abrir um bar de tapas nas Virtudes, que já foi oficina do chef Pedro Limão, faltou um bocadinho aqui e ali para as quatro estrelas. Faltou crocância ao pão aquecido com orégãos e azeite. Faltou sal ao caldo verde reinventado, com a couve picada muito fina, uma rodela de chouriço e pedaços de pão torrados – agradável, mas podia estar mais apurado.

  • Europeu contemporâneo
  • Baixa
  • preço 3 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Tenho acompanhado a vida do grupo bbgourmet ao longo dos anos. Gosto de quase todos os restaurantes, nem sempre simpatizo com as zonas escolhidas para abrir as lojas mas, regra geral, até tenho tido boas experiências. Excepção à regra, que me leva directo ao assunto: este foi o primeiro bbgourmet que me desiludiu. Já lá tinha ido uma vez ao almoço e tinha ficado com aquela sensação amarga. Serviço pouco simpático (o que não acontece nos outros), comida assim-assim, espaço vazio, frio... Bom, pensei, tive azar. Afinal, pelo que me venderam, este era “o” bbgourmet, o restaurante mais criativo de toda a irmandade.

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  • Chinês
  • preço 1 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Devo confessar que já lá iam uns anos desde a última vez que tinha entrado num restaurante chinês tão típico quanto este. Ok, vou exemplificar. A decoração é a característica dos anos 80, há fotografias na ementa, há chop sueys, galinhas fritas (ou "flitas", como os adolescentes gostavam de sublinhar no pedido), bananas fritas (flitas), talheres para quem não se ajeita com pauzinhos, tudo. Ou melhor, tudo aquilo que os anos zero deram cabo (em muitos casos, bem dado) e que deu origem aos buffets de sushinês. Foi assim, receoso, que fiz o primeiro e mais óbvio pedido: "um crepe, s.f.f." (um clepe! – bom, é a última vez, até porque aqui o serviço faz-se bem e em português).

  • Português
  • Ribeira
  • preço 2 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Anda aí uma certa empresa nórdica a pagar formações fora de Portugal, desde o final do ano passado, a conceituados chefs da nossa praça, alguns deles até estrelados. O objectivo é tentar criar hábitos de consumo com o bacalhau fresco. Pessoalmente, acho-o muito pouco interessante e sensaborão. Mas, à parte os gostos pessoais, só não está a deixar mais mazelas às tradicionais empresas de bacalhau, que tantas famílias sustentam, porque felizmente os portugueses não estão a aderir a essa moda. Este Bacalhau, que fica, quem diria, no Muro dos Bacalhoeiros, na Ribeira, apela à portugalidade e é também uma loja de vinhos, azeites e queijos.

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  • Restaurantes
  • Batalha
  • preço 2 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Na mesa ao lado há jovens
 da Nova Zelândia, Coreia do Sul, Alemanha, Holanda, Estados Unidos. Parece publicidade da Benetton. Jantam todos juntos e têm como anfitrião um empregado da casa que vai distribuindo shots de Porto, avisando antes (sem sucesso) que “não é para beber tudo de uma vez”. Sou o único cliente a falar português e provavelmente também o único que não vai dormir num beliche nessa noite. Sugerem-me as chamuças de frango e sugerem muito bem, que elas vêm estaladiças, saborosas e secas de óleo, e com um molho agridoce e outro de menta.

  • Português
  • Galerias
  • preço 2 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Com a diversidade da Baixa, é fácil encontrar aquilo a que chamo (eu e outros quantos) de restaurantes-tipo. Tipo quê? Tipo bom para levar os amigos, tipo bom para impressionar uma miúda, tipo perfeito para comer até ficar sem fome, ideal para ir em dias de chuva, bom para ser bem tratado… e tudo o resto que quiserem categorizar. Do Size há a dizer que é o restaurante-tipo ideal para: 1)almoçar; 2) num sítio com luz; 3) ser bem servido; 4) comer rápido; 5) a preços da nova Baixa (ler carotes para a hora do almoço). Pelo que conta o perfil do Facebook, há sempre dois pratos do dia, que mudam todas as semanas, além de servir todos os complementos que pede uma hora de almoço.

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  • Petiscos
  • Foz
  • preço 2 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

O irmão mais velho deste novo projecto, o Oporto, já tem uns bons anos de atividade (e fica situado no simpático Largo da Igreja da Foz). Este Oporto Café, no Passeio Alegre, tem umas vistas esplendorosas para a Foz do Douro. Por isso, antes ou depois do repasto, um passeio a pé é mesmo obrigatório. Decoração fresca, relaxada e de muito bom gosto (com um curioso gosto pelos azuis), entre o azul bebé do exterior e os móveis pintados de branco, o azul escuro dos sofás e o cinza-petróleo do bar de entrada que convida a um copo depois do trabalho. Mesas de madeira com individuais vermelhos, algum inox bem integrado e alguns espelhos a dar amplitude à sala. Gostei.

  • Baixa
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Até me considero rodado em restaurantes. Mas nunca tinha ido a um com um conceito tão radical: ao jantar só há pratos para duas pessoas. Só. “Mas se quiser vir sozinho?”, perguntei. “Vai ter de pedir o prato para dois”, responderam. Estranho, pensei eu. Ainda por cima quando existe uma mesa com lugar apenas para uma pessoa só. Mas pronto, c’est comme ça. Jantei lá num dia de semana, vésperas de Natal, sala cheia de grupos, atendimento assim-assim, e provei – provámos, já que tive de arrastar companhia – o que me pareceu o prato mais fora do comum da (curta) lista: truta salmonada com queijo da Serra.

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  • Português
  • São Bento
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Ao lado da Estação de São Bento e na fileira de boas casas de comida da cidade, abriu recentemente o TapaBento. Diz-se um sítio de Tapas & Coisas Boas e, sem perder a identidade de tasquinha, assume um lado rústico com alguma modernidade. Ao almoço tem sempre um menu com sopa, prato do dia, sobremesa, pão, bebida e café por 7,50€. No dia em que fui, a sopa era de aipo, com o sabor activo do mesmo a sobressair pouco e a confundir-se com um banal creme de legumes. O bacalhau à Brás, tem a primeira nota positiva por ser feito com batata palha caseira.

  • Fusão
  • Foz
  • preço 2 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Esta Casa Vasco já foi Fooding House e Cafeina Wine & Tapas. Agora tem um estilo rústico- chique, paredes com lambris de madeira, cadeiras originais e vasos metálicos, um colorido campestre – tudo com bom gosto. Há uma esplanada mas tem a desvantagem de apanhar com a fumarada dos carros. Sentei-me no interior. Na mesa uma manteiga que, de tão dura, foi sorte não ir ter à mesa da tia do lado. Saltei para o tomate marinado com azeite e alecrim, servido num bonito frasco de compota. Montavam bem o pão banal. Os “ovos rancheiros” eram um taco de milho a saber a pipoca, com uma tomatada fresca, coentros, cebola estalada, ligeiramente picante, um gostoso avinagrado e um ovo bem estrelado por cima.

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  • Hambúrgueres
  • Baixa
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Vão achar-me uma pessoa estranha, mas não gosto de restaurantes com serviço estilo FedEx. Daqueles em que faço o pedido, dou uma vista de olhos à sala, penso em tratar de pendentes, mas baixo os olhos para o telemóvel e o prato já aterrou na mesa. Aconteceu-me no Baixa Burguer. E por estar sozinho, até podia ter sido um favor que me faziam, mas não. Afinal, a pressa é inimiga da perfeição. E o hambúrguer estava bom, mas longe de ser perfeito. Note-se, porém, que apesar das hamburguerias nascerem que nem cogumelos, há aqui uma série de receitas interessantes e originais. Como o hambúrguer com molho de francesinha, que me deixou tentado.

  • Mediterrâneo
  • Aliados
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Tem uma das salas mais bonitas da restauração do Porto, estilo moderno e urbano, em linha com o que de melhor existe na Europa. Logo à entrada, um balcão comprido com copos pendurados, tecto alto, ventoinhas e candeeiros em forma de cadeia de átomos. Ao fundo, um espaço mais reservado para onde passam mulheres de saias curtas e homens de blazer de grife, gente elegante à procura de comida elegante. A carta não os desmerece,
com muita coisa mediterrânica (saladas, pizzas, massas) e algumas criações luso-asiáticas.

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  • Português
  • Porto
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Em Lordelo do Ouro, junto à Rua do Ouro, existe um simpático larguinho de casario baixo e castiço onde se respira tranquilidade e vizinhança à moda antiga. Enquanto passava na rua, uma moradora batia à porta da outra e pedia farinha para acabar o jantar do seu “mais que tudo”. “Ó mor, entra e tira aí de cima. Num te acanhes, carago!” Esta alma à Porto, ainda por cima com o rio ali tão perto, abrem de imediato o apetite. Conheço este Carteiro há pelo menos há 10 anos. Teve altos e baixos, mas mesmo com uma nova gerência, manteve o chef, alterou muito pouco a estrutura base, a sensação de estarmos em casa e a decoração.

  • Mexicano
  • Cedofeita
  • preço 2 de 4
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Gostei logo da sala. Da parede forrada a jornais, dos sofás com capitoné, dos abat-jours. É verdade que há muito folclore da América do Sul, mas tudo arrumado, discreto, a mesma luz ténue que faz qualquer decoração parecer mais sofisticada, e um corpo feio nu parecer um corpo razoável nu, e a Frida Kahlo parecer não ter bigode. Também gostei do humor. Na casa de banho dos homens, em frente ao urinol, uma frase lembra que temos “o futuro do país nas mãos”. Outra coisa boa, o serviço: eficiente, simpático, conhecedor. Outra ainda, os produtos: quase tudo fresco e processado na casa. A terminar os elogios, nota alta para as margaritas.

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  • Africano oriental
  • Taipas
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

A Tia Orlanda é da Zambézia e dá a cara, juntamente com a simpática família, a um dos raros restaurantes de comida moçambicana no Porto. Fiz lá dois repastos bem agradáveis. Começando pelas entradas, pedi chamuças (1€). Bem diferentes das indianas, vinham com uma carne suculenta, coentros, cebola, muito picadinha e picante q.b. As gambas fritas (10.50€, meia dose) haviam sido marinadas num tempero que a Tia Orlanda não desvenda. Muito suculentas, embebidas num molho aveludado. Nos principais, o tocossado de peixe (7€) era uma posta fina de cherne estufado com tomate e pimento.

  • Português
  • Baixa
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Ir ao Kardoso e não comer uma das suas várias versões de francesinha é como ir ao Dragão e não ver o Papa. Perdão, a Roma. O atual proprietário, ex-Yuko e Paparico, criou à cerca de um ano uma casa com um conceito similar. Ambiente escuro, rústico, algo démodé e com espaço para cerca de 30 comensais. Petiscos, conservas e menos de meia dúzia de pratos de comida a sério. Experimentámos a Merkel Frita (6€), aqui fomos nós a fazer-lhe a cama. Salsicha alemã grossa em rodelas finas, passadas na frigideira e com ligeiro sabor a mostarda Savora, acompanhada de excelente pão.

Críticas de restaurantes

  • Português
  • Santa Catarina
  • preço 3 de 4

Cresci no meio de peças de teatro. Li e vi muito. De Sófocles a Federico García Lorca. De Shakespeare a Anton Tchékov. Posso afirmar com um bocadinho de bazófia que de teatro até percebo um pouco. Contudo, não estava à espera de espectáculo quando fui almoçar com a minha mulher ao restaurante A Brasileira, recentemente integrado no hotel de cinco estrelas do grupo Pestana, que recuperou este emblemático edifício no coração do Porto. E até o La Féria lá estava com a sua comitiva. Através da janela, uma lona sobre a fachada do Teatro Sá da Bandeira anunciava que o encenador se preparava para apresentar Eu saio na próxima, e você?, uma peça com a Marina Mota e o João Baião. La Féria, soubesse eu, teria feito o mesmo.

Ao todo, contando com mais um casal que entretanto chegara, éramos oito pessoas num espaço onde caberiam pelo menos 40. Ainda assim, o serviço foi lento e pesaroso. Cheio de formalidades e de olhares reprovadores sempre que algum aprendiz levantava um prato ou talher na altura indevida. Bocejante. Sem falar da primeira abordagem em inglês. “Ah, pensei que eram estrangeiros.” Bem sei, menina, que pareço um deus grego e a minha esposa uma princesa nórdica mas, vá lá, já estávamos há dez minutos sentados e ela falou que se desunhou. Valeu-nos uma espanhola bêbada que começou a cantar em frente ao espelho e animou uma refeição desoladora.

  • Português
  • Baixa

Pontos a descartar: 1) o azedume do atendimento; 2) a comida salgada. Pedimos uma série de petiscos que se tornaram numa série de catástrofes, facto que nos
fez fugir sem querer sobremesa ou café. A um queijo de cabra duro com mel e nozes, seguiram-se uns pimentos Padrón salgadíssimos e ensopados em gordura. Depois, umas lulinhas fritas sem piada que também padeciam deste mal. E para rematar, umas pataniscas de cebola e salsa, sim, porque bacalhau nem vê-lo, acompanhadas por um arroz de feijão, adivinhem, igualmente salgado. No fim, mais de 30€ por uma refeição para duas pessoas, e uma sede do caraças.

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  • Restaurantes
  • Aliados
  • preço 1 de 4

Manuel José Oliveira abriu a Conga em 1976 e ficou conhecido pelas suas bifanas no pão, pelos seus cachorros e pelas codornizes. Como a experiência deveria ser completa, pedimos tudo. A desilusão começou pela bifana (2,10€). 42 anos de experiência não dão direito a servir um pão ensopado em molho que se desfez nas mãos, no prato e pela mesa fora. A carne de porco, demasiado moída, vinha com um molho ligeiramente picante e agradável. A codorniz (2,20€), com o mesmo tempero, também não deixou saudades e o cachorro (2,60€), apesar de cumprir a função de encher o estômago à hora de almoço, era recheado com uma enfadonha salsicha de lata enrolada em queijo e fiambre.

  • Português
  • Grande Porto
  • preço 1 de 4

Não tenho por hábito julgar um livro pela capa, sem o ler, nem um restaurante pelo seu aspecto exterior, sem provar a sua comida, mas as luzes desligadas num dia sombrio e
 a televisão sintonizada num canal sensacionalista não foi
 dos melhores prenúncios. Também não havia presuntos pendurados por cima do balcão, como o nome sugeria, por isso, pus as minhas considerações sobre a decoração de lado e atirei-me à costeleta de vitela, um bom naco de carne tenra e saborosa (7€). Os lombinhos de porco não estavam maus (7€), mas as batatas fritas e as sobremesas ultracongeladas deixaram muito a desejar.

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  • Português
  • São Bento
  • preço 1 de 4

Meus caros, se eu sobreviver até à próxima edição 
desta revista, deve-se única e exclusivamente à piedade 
da minha mulher. O sítio onde ela queria ir almoçar estava
 a abarrotar e eu, com pressa (um homem devia aprender
 a estar calado), sugeri irmos almoçar à Adega do Quim. Pedimos uma sandes de panado, uma vitela assada no forno, e uma mousse “caseira” de chocolate. Tudo para partilhar. 
A sandes era básica, pão seco e um panado desinteressante. A vitela estava saborosa, mas podia estar mais tenra. Gostei, contudo, do arroz que a acompanhava, e ela das batatas. Mas o pior foi quando a mousse “caseira” aterrou na mesa, um claro sucedâneo de pacote. A refeição acabou com a Rita a insultar o empregado e eu a pagar contrariado 15,90€ para duas pessoas. Não imaginam o que ando a ouvir em casa.

  • Belga
  • Cedofeita

Logo a abrir fez-se questão de informar o cliente de que o restaurante não é um franchise das casas de Lisboa, mas sim um posto avançado da própria casa de Lisboa. Nenhuma comoção, até porque as casas de Lisboa não me deixam eufórico. Estava sobretudo curioso para perceber se algo de positivo podia resultar da maior proximidade com os bivalves da Galiza e do sítio em si, um rés-do-chão com pátio nas traseiras, típico dos edifícios de Miguel Bombarda. Não resultou, embora o pátio seja muito agradável. De resto, tudo de facto “igual” aos seus irmãos ou pior. Os mexilhões existem com diversos molhos, das Meunière às Fraîche, das Chili às Bulhão Pato.

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  • Português
  • Galerias
  • preço 2 de 4

Pouco tempo depois de este Muda inaugurar, jantei lá. Na altura, dei o benefício da dúvida, cumprindo o período de silêncio de três meses, após a abertura dos restaurantes, que sempre se cumpre neste espaço de crítica. Mas agora era a hora da verdade. Na noite anterior a lá comer passara pela porta, nas Galerias de Paris, e espantara-me com a esplanada cheia. Portugueses eram muito poucos, é verdade, mas mesmo os turistas já vão tendo formas de não caírem em armadilhas. No dia seguinte, fui lá almoçar e desta vez era só eu e o meu amigo no piso de baixo. Pratos à carta não havia, pelo que tivemos de nos submeter ao menu de almoço, com duas opções de entrada e de prato principal.

  • Português
  • São Bento
  • preço 2 de 4

Há um novo tipo de dono de restaurante que prolifera.
 Pode ter formação em direito
 ou em microbiologia, gestão 
ou engenharia, mas do que ele realmente parece gostar é de design. O novo empresário da restauração sabe de cadeiras girinhas, sabe escolher uma fonte de letra moderna para o menu e tem até ideias para o grafismo do site. Muitas vezes é audiência do Querido, Mudei a Casa, conhece o catálogo actualizado da Area e do Ikea e sempre que pode introduz um elemento vintage ou uma nota de improviso home made na sala. Outra coisa que o distingue é o cuidado na escolha da louça: excita-se mais com o tachinho à la Cruiset do que com os rojões que lá vêm dentro (tenros mas desenxabidos).

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  • Galerias
  • preço 1 de 4

O Porto precisava de uma pregaria. E não sou eu que o diz. São as enchentes à porta da Dona Maria Pregaria, todas as horas de almoço, desde o dia em que abriu. Apesar de não ser caso único na cidade – 2015 tem sido forte na abertura de restaurantes de pregos – parecia que esta tinha alguma coisa em especial. Afinal, tinha várias. Nem todas boas. Para começar a ementa tem mais hambúrgueres do que pregos – e ainda assim decidiu chamar-se pregaria. Depois, os sumos de fruta não passam de concentrados com elevada dose se água, ou seja, a laranjada e a maracujada são duas grandes desilusões.

  • Europeu contemporâneo
  • Baixa
  • preço 4 de 4

Marcação feita para as 10.00, logo fui informado que a mesa poderia escorregar para as 10.30. Até aqui tudo bem, pois a gestão de expectativas é importante e só espera quem quer. Chegadas as 10.30 fui informado com uma simpatia artificial, tipo Casa dos Segredos, que ainda estava uma mesa à nossa frente e que teríamos de esperar mais um pouco. Às 11.20, e já estava eu a pensar que ia fazer uma crónica sobre gin, lá apareceu a mesa para o jantar xpto. Pelo menos deu tempo para apreciar o espaço, que é realmente muito bonito e que faz lembrar um riade marroquino.

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  • Petiscos
  • Baixa
  • preço 2 de 4

Andava cheio de expectativas para ir à Casa Santo António. Diziam-me que os petiscos eram deliciosos, que estava sempre cheio, que era bom ao almoço e ao jantar, que ia pagar pouco, que isto e que aquilo. E eu pensava que, para ter três espaços, dois deles na Baixa, a poucos metros de distância um do outro, algo de especial deviam ter estas tascas. Erro de principiante: nunca vás com as expectativas em alta, Francisco. Se houver queda, é maior. E o almoço, num dia de chuva – que nunca ajuda a compor salas –, correu mal. O pão do couvert era agradável, mas não trazia manteiga, azeite, emulsão, molho, nada. As azeitonas, pequenas, eram banais, mas bem temperadas.

  • Baixa
  • preço 3 de 4

Napoleão dizia: “Bebo champagne quando ganho, para celebrar, e bebo champagne quando perco, para me consolar”. Se lhe servissem só bebidas, era pessoa para ter gostado da Champanheria da Baixa Bistrô. O restaurante vem no seguimento do primeiro investimento da Champanheria da Baixa, no Largo Mompilher.
No primeiro bebe-se. No segundo come-se. Tem uma localização privilegiada, junto ao Mercado do Bolhão – numa zona que se está a renovar – e fica num edifício dos anos 50 com personalidade arquitectónica, o que faz com que tudo pareça bater certo quando aqui se entra.

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  • Português
  • Baixa

Este As 7 Maravilhas fica na Rua das Taipas, rua que liga a antiga cadeia da relação à Ribeira do Porto e que é conhecida pelo famoso Rei dos Galos de Amarante. Há locais que são bons para beber um copo e onde, se alguém tiver fome, pode ter alguns entreténs de boca. É este o caso. Há até uma boa selecção de cervejas nacionais e estrangeiras, mas a comida é fraquinha. Tudo nesta casa acaba no exasperante “inha”. Sopinha, sandinha, comidinha ou saladinha. Quem entra pela portinha, virada para a ruinha, encontra um ambientezinho misto de antiga taberna, com um antigo balcão de casa de pasto que fica bem enquadrado no local, e uns toques de botequim brasileiro assumidamente négligée, com a mobília que havia lá em casa a dar apoio aos petiscos.

  • Petiscos
  • Cedofeita

O Rua é um daqueles conceitos em voga no Porto com copos, petiscos, música ao vivo, noites temáticas, tudo. Uma daquelas ideias bonitas e bem-intencionadas, mas na qual tenho pouca fé. Para combater o preconceito, e curioso para experimentar uma ementa criada a meias com o chef da Casa de Pasto da Palmeira – restaurante de que gosto muito – fui a Cedofeita ver o que havia para trincar. O couvert à base de pão quente, azeite e molho balsâmico não trouxe nada de novo. Os croquetes de camarão com molho de ostra e pedaços do bicho estavam bons, mas dois dos quatro vinham gelados no interior.

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  • Hambúrgueres
  • Baixa

Os pedidos são feitos ao balcão da entrada e depois disso é preciso encontrar uma mesa livre (ou um bocado de passeio) no pátio exterior. A que encontrei tinha os individuais todos sujos, pelo que tive de esperar dez minutos para passar à fase seguinte. Entretanto, parecia que estava no meio da favela do Pirambu. Os andares de cima escancarados em cima de nós, tudo à volta em obras, tijolos e barris de cerveja à vista. Do prédio ao lado, o som de um berbequim frenético infernizava qualquer conversa. Quando limparam as mesas, foi com um detergente tão forte que até o cliente do lado enjoou.

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